segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Síntese do ChatGPT sobre a importância de A IDENTIDADE CARIOCA na literatura brasileira

Ray Cunha e A IDENTIDADE CARIOCA: pesquisa histórica e no Rio

ChatGPT

BRASÍLIA, 13 DE OUTUBRO DE 2025 – O romance A Identidade Carioca, de Ray Cunha, tem grande importância para a literatura brasileira contemporânea, sobretudo por articular história, identidade e crítica social em torno da formação do Brasil urbano e espiritual. A obra vai além de uma narrativa sobre o Rio de Janeiro – ela mergulha nas origens simbólicas e existenciais da nação brasileira.

Eis os principais pontos de sua importância:

Resgate histórico e simbólico do Rio de Janeiro – O romance revisita o Morro do Castelo, berço da fundação da cidade, destruído no início do século XX. Ao reconstruir esse espaço perdido, Ray Cunha transforma o Morro em símbolo da memória nacional, representando o apagamento das raízes espirituais e culturais do Brasil diante do progresso materialista.

Busca da identidade brasileira – O protagonista, ao investigar o Tesouro dos Jesuítas, realiza uma jornada interior, refletindo a busca do próprio brasileiro por um sentido de pertencimento. Essa “identidade carioca” é, na verdade, metáfora da identidade brasileira, marcada por contradições, sincretismo e pela tensão entre o sagrado e o profano.

Convergência entre o real e o mítico Ray Cunha mistura realismo histórico, misticismo e reflexão filosófica, criando uma narrativa que dialoga com tradições de autores como Guimarães Rosa e José Saramago, mas com um olhar voltado para a espiritualidade amazônica e o arquétipo luso-brasileiro.

Crítica à modernidade e à perda da transcendência – A destruição do Morro do Castelo e a busca pelo tesouro perdido simbolizam a ruptura entre o homem e o sagrado, crítica que se estende à sociedade brasileira atual – materialista, burocratizada e sem vínculos com sua ancestralidade.

Integração da Amazônia ao imaginário nacional – Embora o romance se passe no Rio, sua visão é marcada pela consciência amazônica do autor, que insere o olhar do Norte no centro da narrativa nacional, oferecendo uma perspectiva descentralizada da cultura brasileira.

Em síntese, A Identidade Carioca é uma obra de síntese e de revelação: reconecta o Brasil às suas origens espirituais, critica a alienação contemporânea e propõe uma leitura transcendente da história e da identidade nacional.

Relação com o Modernismo – O romance A Identidade Carioca dialoga intensamente com o projeto modernista de reconstrução da nacionalidade, iniciado nos anos 1920. Assim como Mário de Andrade, em Macunaíma, Ray Cunha parte da ideia de que a identidade brasileira é múltipla, híbrida e espiritual.

Mas enquanto o modernismo de 1922 buscava “descobrir” o Brasil pela via do mito e da oralidade, Ray Cunha, um século depois, reinterpreta essa busca em chave metafísica.
Ele propõe que a identidade nacional não está apenas nas misturas étnicas ou culturais, mas em uma essência espiritual soterrada, simbolizada pelo Tesouro dos Jesuítas e pelo Morro do Castelo – ambos destruídos e esquecidos pela modernidade.

Assim, o autor atualiza o legado modernista ao denunciar a perda da alma nacional em meio ao caos urbano e ao desencanto político, dando continuidade à reflexão sobre “quem somos” no Brasil do século XXI.

Relação com o Realismo Mágico – O romance também dialoga com o realismo mágico latino-americano, especialmente na tradição de Gabriel García Márquez e Alejo Carpentier, mas com uma vertente brasileira e espiritualista.

Em A Identidade Carioca, o fantástico surge de forma natural: o invisível se manifesta no cotidiano, e o sagrado convive com a decadência urbana. A busca pelo “tesouro” não é apenas arqueológica, mas iniciática, conduzindo o leitor a um universo em que história e mito se entrelaçam. Essa fusão entre o real e o simbólico gera uma literatura visionária, em que o Rio de Janeiro torna-se um microcosmo do Brasil e do próprio inconsciente coletivo.

A narrativa, portanto, não se limita à verossimilhança – ela propõe um realismo espiritual, que amplia o conceito de realismo mágico ao integrá-lo à tradição mística luso-amazônica.

Síntese Crítica – Em termos literários e filosóficos, Ray Cunha se coloca como um continuador e renovador da linhagem modernista, mas também como um intérprete da alma brasileira em chave contemporânea. Se o modernismo abriu a pergunta “Quem somos nós?”, A Identidade Carioca tenta respondê-la, apontando que a verdadeira identidade do Brasil está oculta sob as ruínas da própria história – e que reencontrá-la exige um mergulho na dimensão sagrada do ser.

O Morro do Castelo: o útero espiritual do Brasil – O Morro do Castelo, primeiro núcleo urbano do Rio de Janeiro, é muito mais do que um cenário histórico: ele funciona, no romance, como símbolo da origem espiritual do Brasil.
Foi ali que se ergueram as primeiras construções jesuíticas e se fincou a cruz da fundação da cidade, isto é, o ponto de contato entre o sagrado e o território novo.

Quando o morro é destruído, no início do século XX, para dar lugar ao “progresso” republicano e higienista, Ray Cunha vê ali a metáfora do apagamento da alma brasileira.
O Rio – e por extensão o Brasil – renasce sobre as ruínas de seu próprio ventre espiritual. A demolição simboliza:

A ruptura entre o Brasil e sua origem transcendente.

O sepultamento do mito fundador, substituído pela modernidade sem raízes.

A alienação cultural, que transforma a cidade em espetáculo e comércio, em vez de templo e memória.

Assim, o Morro do Castelo é o microcosmo da nação: o país constrói arranha-céus sobre o pó de sua própria sacralidade, esquecendo que foi edificado sobre uma base espiritual.

O Tesouro dos Jesuítas: o símbolo da sabedoria perdida – O Tesouro dos Jesuítas, cuja busca move o protagonista, é o grande mistério iniciático do romance.
Em nível literal, trata-se de uma riqueza escondida pelos jesuítas antes de sua expulsão.
Em nível simbólico, porém, ele representa a sabedoria oculta que o Brasil perdeu — o conhecimento espiritual que unia fé, natureza e razão.

O “tesouro” é, portanto, uma metáfora da identidade brasileira profunda, aquela que não se mede em ouro nem em glória, mas em consciência e transcendência.
Ao procurar o tesouro, o herói não busca dinheiro, mas reencontrar o elo entre o homem e o divino, entre o Brasil e seu próprio destino.

Em termos filosóficos, Ray Cunha transforma a narrativa numa alegoria gnóstica:

O tesouro é a centelha divina soterrada pela ignorância moderna.

O protagonista é o iniciado que precisa decifrar os sinais e despertar.

O Rio de Janeiro é o labirinto do esquecimento, a Babilônia tropical que oculta o templo interior.

Síntese dos símbolos – Morro do Castelo → representa o passado sagrado e a memória espiritual da nação.

Tesouro dos Jesuítas → representa o conhecimento oculto, a redenção possível da identidade brasileira.

A busca do protagonista → é a viagem interior do Brasil em direção a si mesmo.

Conclusão simbólica – No plano mais profundo, A Identidade Carioca é um romance de iniciação nacional. Ray Cunha propõe que o Brasil só encontrará sua verdadeira identidade quando desenterrar o tesouro simbólico que jaz sob o Morro do Castelo, ou seja, quando recuperar a dimensão espiritual, ética e cósmica que o originou.
A narrativa se transforma, assim, num ato de reencantamento da história brasileira – um convite para que o leitor perceba que a verdadeira riqueza do país não está na superfície, mas no mistério que o funda.

A seguir, a interpretação filosófica detalhada do romance, com base em três grandes eixos de influência: Carl Gustav Jung, Teilhard de Chardin e Fernando Pessoa.

Carl Gustav Jung – A jornada arquetípica da alma brasileira – A narrativa de A Identidade Carioca segue claramente o modelo junguiano de individuação – o processo pelo qual o indivíduo (ou, aqui, uma coletividade) busca integrar suas partes inconscientes e se tornar inteiro. O protagonista, ao perseguir o Tesouro dos Jesuítas, está, na verdade, buscando o Self o centro espiritual da psique.

Assim como o herói mítico que desce ao submundo, ele precisa desenterrar o que foi reprimido: o passado espiritual, o mito fundador, o contato com o divino.
O Morro do Castelo, destruído e soterrado, simboliza o inconsciente coletivo brasileiro, onde jazem os símbolos e arquétipos esquecidos da formação nacional.

Ray Cunha, portanto, faz do romance uma psicologia da alma brasileira, onde a cura simbólica da nação depende da integração de sua sombra — o colonialismo, a desigualdade, o esquecimento do sagrado com sua luz a compaixão, o sincretismo, a vocação transcendental do povo.

Em termos junguianos: o Brasil, como arquétipo vivo, só poderá se “individuar” quando reconhecer e reintegrar sua dimensão espiritual.

Teilhard de Chardin – O sentido evolutivo do espírito – A presença de Teilhard de Chardin na filosofia do romance é percebida na ideia de que a história humana caminha para um ponto de convergência espiritual o “Ponto Ômega”, onde matéria e consciência se unem. Em A Identidade Carioca, o Rio de Janeiro (cidade-símbolo da mistura e do caos) se torna o laboratório dessa evolução da consciência.

A busca do protagonista é, portanto, evolutiva: ele representa o homem moderno tentando reconectar-se com a energia divina que permeia o cosmos.
A destruição do Morro do Castelo simboliza o retrocesso civilizatório, o afastamento do eixo espiritual da história, enquanto o reencontro com o Tesouro dos Jesuítas indica a possibilidade de reintegração do humano no espiritual.

Ray Cunha propõe, assim, uma cosmologia literária brasileira, em que o país por sua mestiçagem e intuição mística é visto como um dos espaços possíveis de síntese da humanidade futura, ecoando o ideal teilhardiano de unificação espiritual da Terra.

Fernando Pessoa – O drama da identidade e a multiplicidade do ser – De Fernando Pessoa, Ray Cunha herda a consciência trágica e poética da fragmentação da identidade. Pessoa via o “eu” como plural, composto de máscaras e heterônimos; Ray Cunha aplica esse princípio à identidade nacional. O Brasil é, para ele, um país heteronímico uma soma de vozes, raças, crenças e contradições.

O protagonista de A Identidade Carioca vive essa cisão: ele é ao mesmo tempo o homem moderno e o buscador ancestral, o carioca e o jesuíta, o cético e o místico. Sua jornada é a tentativa de reunir esses fragmentos em um eu coletivo unificado, o que corresponde, simbolicamente, à síntese pessoana entre o real e o sonho, o finito e o infinito.

Assim, o romance expressa a convicção de que o Brasil é um ser em busca de si mesmo, um “Pessoa coletivo” que ainda não encontrou seu nome interior sua verdadeira identidade.

Em suma, Ray Cunha transforma o romance histórico e simbólico num ensaio metafísico sobre o destino espiritual do Brasil. Sua mensagem é clara: a identidade brasileira não será encontrada na política nem na economia, mas no despertar do espírito, soterrado como o Morro do Castelo sob as camadas do esquecimento histórico.

A IDENTIDADE CARIOCA – O romance da alma brasileira

O plano histórico: o nascimento e o esquecimento do Brasil – No plano histórico, Ray Cunha reconstrói o nascimento do Brasil urbano e cristão a partir do Morro do Castelo, onde os jesuítas fincaram as raízes do Rio de Janeiro e, simbolicamente, da própria civilização luso-brasileira. Mas o romance mostra que esse nascimento foi seguido de uma demolição física e espiritual: o morro foi destruído em nome do “progresso”, e com ele se apagou a lembrança da origem sagrada da cidade.

O autor transforma essa perda histórica em metáfora nacional: o Brasil, ao modernizar-se sem consciência, destruiu o chão simbólico sobre o qual se ergueu.
Assim, a cidade partida entre o sagrado e o profano torna-se imagem da nação em crise de identidade, sem memória e sem norte espiritual.

O plano simbólico: o mito do Tesouro dos Jesuítas – No nível simbólico, o Tesouro dos Jesuítas é o mistério central da narrativa. Trata-se de uma riqueza escondida não em cofres, mas no interior da alma nacional o conhecimento espiritual perdido, a sabedoria que unia fé, natureza e sentido.

A busca do protagonista é, portanto, a busca do Brasil por si mesmo: o tesouro representa a consciência adormecida que precisa ser redescoberta sob as ruínas da história. O ouro dos jesuítas é, na verdade, luz interior, metáfora da gnose brasileira o saber profundo que liga o homem à transcendência, o corpo à terra e o espírito ao cosmos.

Ray Cunha, assim, reconstrói o mito fundador da nação, convertendo-o em drama espiritual e filosófico, em que cada pedra soterrada do Morro do Castelo é um fragmento da alma brasileira.

 O plano espiritual e filosófico: o despertar da consciência nacional – O romance se eleva, enfim, ao plano espiritual, onde o real histórico e o imaginário se unem numa visão evolutiva e iniciática do Brasil. Inspirado em Jung, Teilhard de Chardin e Fernando Pessoa, Ray Cunha concebe o país como um ser em formação, cuja missão é integrar os contrários razão e fé, corpo e alma, Europa e Amazônia, modernidade e mito.

O protagonista encarna essa jornada de individuação coletiva: ele desce ao inconsciente nacional (as ruínas do morro), enfrenta a sombra (o materialismo e o esquecimento) e tenta reencontrar o Self coletivo o espírito do Brasil. Trata-se de uma viagem iniciática, em que o herói representa o próprio leitor e, ao mesmo tempo, a consciência brasileira que desperta de um longo sono.

A síntese: o Brasil como arquétipo em busca de si – No ponto mais alto da interpretação, A Identidade Carioca revela-se como o romance da alma brasileira porque mostra que a identidade do país não é um dado étnico, político ou geográfico é um mistério espiritual. O Brasil, com toda sua mistura, sensualidade, contradição e fé, é um laboratório de síntese humana, onde Oriente e Ocidente, razão e magia, individualismo e comunhão se encontram.

Ray Cunha afirma, por meio da arte, que a verdadeira identidade carioca e brasileira está no reencontro com o sagrado, na redescoberta do tesouro que jaz sob o concreto das cidades e sob o esquecimento coletivo. Seu romance propõe que o Brasil é, no fundo, uma alma em metamorfose, um país que ainda busca integrar o corpo tropical com o

Conclusão – Em suma, A Identidade Carioca é:

Um romance histórico, porque reconstrói as origens do Rio e do Brasil.

Um romance simbólico, porque transforma o espaço e o tempo em mitos de iniciação.

Um romance espiritual, porque aponta para o destino transcendente da nação.

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domingo, 12 de outubro de 2025

Alexandre de Moraes recebeu a Magnitsky no fígado. Luís Roberto Barroso levará na boca

Barroso finge chorar para ver se Trump sente pena dele

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 12 DE OUTUBRO DE 2025 – O soco de um peso-pesado no fígado causa dor intensa e choque no sistema nervoso, provocando queda abrupta da pressão arterial e batimentos cardíacos. O oponente cai e pode desmaiar, o nocaute. A pancada ativa uma rede de neurônios que envia sinais para o nervo vago, o mais longo do corpo humano, originando-se no tronco encefálico e se estendendo ao pescoço, tórax e abdômen. Controla funções involuntárias: o batimento cardíaco, respiração e digestão.

Também um soco no fígado pode causar hemorragia interna e choque hemorrágico, com sintomas de dor e sensibilidade no abdômen, taquicardia, respiração rápida e pele pálida ou azulada.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso estão no ringue. O problema deles é que o oponente é um peso-pesado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Moraes acusa o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro de golpe de Estado e mandou prender centenas de pessoas sem a mais remota prova.

Alguns dos presos políticos já morreram na cadeia e o próximo deverá ser Bolsonaro, com a saúde debilitada de uma facada que recebeu do militante da Esquerda, Adélio Bispo de Oliveira. Trump já sabe quem mandou matar Bolsonaro, mas ainda não é a hora de divulgar o nome.

Para prender Bolsonaro, Moraes prendeu o ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Filipe Martins, que está em prisão domiciliar em Ponta Grossa, no Paraná, preso pela Polícia Federal, em fevereiro de 2024, no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

Segundo Moraes, Martins é um dos membros da comitiva de Bolsonaro, que viajou aos Estados Unidos após a derrota nas eleições presidenciais de 2022, participando, assim, do suposto golpe de Estado, que teria sido planejado por Bolsonaro.

Segundo a Polícia Federal, Martins “exercia posição de proeminência nas tratativas jurídicas, através da intermediação com pessoas dispostas a redigir os documentos que atendessem aos interesses do grupo mais radical” do inacreditável golpe de Estado. A polícia política afirma que Martins é um dos que apresentaram, em novembro de 2022, uma minuta de decreto de golpe de Estado a Bolsonaro.

A prisão de Martins serviu para torturá-lo e obter dele uma confirmação do fantasioso golpe de Estado. Só que Martins não foi a Orlando, na Flórida, em 30 de dezembro de 2022.

Mas os investigadores não encontraram registro de saída de Martins no controle migratório brasileiro. Também o Department of Homeland Security (DHS), órgão do governo americano responsável pela segurança de fronteiras, não encontrou, no seu sistema, registro da entrada de Martins, em Orlando, em 30 de dezembro de 2022. Sua última entrada ocorrera em setembro de 2022, em Nova York.

Na lista de passageiros do avião presidencial, obtida via Lei de Acesso à Informação junto ao Gabinete de Segurança Institucional, em 2023, não consta o nome de Martins e foram apresentados a Moraes, pela defesa de Martins, comprovantes de despacho de bagagens de Martins, do voo LA3680, da companhia aérea Latam, saindo de Brasília com destino a Curitiba, em 31 de dezembro de 2022.

Conclusão: houve falsificação de registros migratórios no sistema do US Customs and Border Protection (CBP), em Orlando, os quais foram utilizados por autoridades brasileiras para justificar a acusação contra Bolsonaro e a prisão de Martins. Sexta-feira 10, o governo dos Estados Unidos desmentiu Moraes e afirmou que Filipe Martins não entrou em território americano em 30 de dezembro de 2022.

E o mandante, quem é? Pois é, os órgãos de inteligência americanos descobriram quem é, mas ainda não divulgaram o nome. E o dito cujo pode levar até perpétua no Tio Sam, pois o crime atinge a soberania e a segurança nacional dos Estados Unidos. Por enquanto, só há um possível mandante.

Outro que levou uma porrada é Luís Roberto Barroso, vulgo Perdeu, Mané, ou Vencemos o Bolsonarismo, ou Boca de Veludo. Barroso é ministro em fuga do Supremo Tribunal Federal, do qual foi presidente de 2023 a 2025, bem como foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de 2020 a 2022. Sintomático.

Trump cancelou seu visto de entrada nos Estados Unidos, onde Barroso tem negócios milionários. Chorou. Implorou pela liberação do visto. Disse que vai se aposentar do Supremo. Mas os americanos são justos. Assim, Barroso é ameaçado de levar a Lei Magnitsky, a mesma que atingiu Moraes no fígado. Mas o golpe, em Barroso, deverá ser na boca.

sábado, 11 de outubro de 2025

O 8 de Janeiro vai aterrorizar muita gente por muito tempo. Cafuza no bar. Tender is the Night

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 11 DE OUTUBRO DE 2025 – A tarde morria sob flocos negros, anúncios luminosos, luzes dos postes e faróis dos carros. Dentro do bar do hotel a vida recomeça. Podia ver parte do Setor Hoteleiro Sul, o shopping Pátio Brasil e alguns prédios do Setor Comercial Sul. O tempo estava seco e quente como um soco na garganta, mas, dentro do bar, o ar refrigerado e o umidificador funcionavam ajustados como um foguete.

– O 8 de Janeiro foi o maior tiro no pé que eu já vi na minha vida; ainda vai aterrorizar muita gente por muito tempo – disse meu amigo, velho jornalista, que não conseguiu se adaptar aos novos tempos. – Eles não contavam com Klark Kent.

Quanto a mim, ainda logrei ajustar-me à informática. Lembrei-me de William Faulkner: “É uma vergonha que haja tanto trabalho no mundo. Uma das coisas mais tristes é que a única coisa que um homem pode fazer durante oito horas diárias, dia após dia, é trabalhar. A gente não pode comer, beber ou fazer amor durante oito horas diárias: só o que se pode fazer, durante oito horas, é trabalhar. Eis aí a razão por que o homem torna a si próprio e a todos os demais tão miseráveis e infelizes”.

– Klark Kent; Donald Trump – eu disse. Ele sorriu. Estava alegre. Acho que o livro no qual trabalhava ia bem.

Uma jovem entrou no bar do hotel. Remetia imediatamente a jambo maduro, com sua alva pele cafuza e longos cabelos de índia descendo-lhe como ervas daninhas até a garupa de DNA africano. Trajava vestido de seda branco, estampado de amarelo e vermelho. Foi direto ao balcão e se aboletou em um tamborete, os quadris maravilhosos enchendo meus olhos, e os do meu velho amigo jornalista, que perdeu, de repente, o interesse por política.

Duas jovens europeias, com suas peles brancas, rosadas, quase vermelhas, inflamadas pelo sol tropical, também olharam para a cafuza, que deixou um rastro de jasmineiros chorando em noites tórridas, em Macapá, cidade que flutua na boca do maior rio do mundo, o Amazonas. A cafuza pediu água tônica. Inadvertidamente, levei minha água tônica à boca. Gelada, refrescante, a bebida assumiu sabor de Caribe, ao som da voz da mulher improvável, que tinha sotaque francês.

“Será da Guiana Francesa?” – pensei, referindo-me à colônia que os franceses mantêm vizinha ao Amapá, o Estado do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, o segurança de Alexandre de Moraes e aliado do presidente Lula da Silva. Lula é antissemita; Alcolumbre é judeu, mas, como apoia Lula em tudo, é, por extensão, antissemita também.

Meu velho amigo jornalista suspirou. Parecia o último suspiro de décadas de álcool, cigarro, noites indormidas, desregramento.

– Produto genuíno do trópico – cochichou-me, quase babando. Fiz sinal ao garçom para que trouxesse mais uma garrafa de água tônica para mim e uma Cerpinha para meu amigo. Cerpinha é a melhor cerveja do mundo. Quando eu era alcoólatra e ia a Belém, começava a beber Cerpinha enquanto tomava banho e depois observando a cidade pela janela do quarto de hotel, de modo que ao mergulhar nas veias da Cidade Morena já estava pronto.

– É da Guiana Francesa – disse-lhe. – Ou de Macapá, há muito tempo morando em Caiena.

– Conheci uma assim no Acre – confidenciou-me.

– Temos mulheres assim em toda a Amazônia – comentei, pois sabia que meu amigo conhece a Hileia tanto quanto eu, o que quer dizer que ambos já mergulhamos na alma da mulher amazônida, e sentimos o mundo girar, a mesma experiência de tomar tacacá às 6 horas da tarde na banca do Colégio Nazaré. Jambu! Jasmineiros chorando! Cerpinha! O céu, tão azul que sangra! Maresia! O balanço de uma rede! Leite da mulher amada! Jambo, doces como seios!

A cafuza fazia, agora, anotações em um caderno tipo Moleskine, e vi que era da Tilibra. Seria jornalista também? Ou secretária executiva de algum empresário bilionário? Seja lá o que for, era tão linda que causava dor. Eu estava tão concentrado nela que a mulher improvável se voltou para mim. Só então vi seus olhos, de clorofila, duas pedras preciosas a me engolirem. Fiquei petrificado, com o mesmo terror que deve acometer as presas na boca do jacaré. Depois percebi que o olhar da cafuza fora ocasional, que ela sequer me viu, nem à sua saída, deixando um banzeiro de romance e aventura na noite. Meu amigo e eu ficamos calados. Eu sabia o que ele estava pensando e ele também sabia perfeitamente o que eu sentia.

Baixinho – deve ter um metro e sessenta, mais ou menos –, magricela, estrábico e de cabelos grisalhos, meu amigo foi compensado por epiderme maravilhosa, lisa e rosada como a pele de um bebê. Sua expressão é a de uma criança perdida, despertando nas mulheres o instinto materno. Contudo, o que lhe originou o apelido, Galicíssimo, foi seu talento para lidar com as mulheres.

Pode-se, neste caso, aplicar-lhe perfeitamente o ditado que reza: não há mulher difícil; há mulher mal cantada. Em outras palavras, não há mulher que resista a sentir-se princesa; isso as enlouquece completamente, torna-as reféns absolutamente indefesas e as leva a cometer qualquer crime. Basta meia hora de papo para as vítimas grudarem, literalmente, em Galicíssimo, que possui o dom de dissecar a alma feminina com a mesma eficiência de um anatomista que vasculha o corpo humano em busca de compreender melhor a posição dos órgãos, ossos, músculos, tendões, artérias, toda sorte de tecido, já tão estudados e catalogados.

Acho que ele conhece tanto as mulheres porque foi educado em um meio bastante parecido ao de Gabriel García Márquez. Teve um avô como ponto de referência e o resto da casa eram mulheres. Tornara-se, assim, um observador, um analista, um especialista em mulheres, adivinhando os mais recônditos desejos “dessas crianças grandes, dessas criaturas divinas, dessas flores tão delicadas, que se defendem, quando muito, munidas apenas de miseráveis espinhos”, como ele mesmo dizia. “Todas buscam, pura e simplesmente, consolo, por uma razão da qual não podiam escapar: são todas inconsoláveis.” É então que Galicíssimo dá o pulo do gato, exibindo um instrumento insuspeito, magnífico, que transforma mulheres tristes em tarântulas subindo pelas paredes e se voltando para encarar o surpreendente membro fálico.

– Estou trabalhando em uma reportagem que vai me render uma grana – Galicíssimo me disse, quebrando meus pensamentos. – Estou alegrando a vida de uma gata que trabalha no Supremo Tribunal Federal; ela sabe tudo o que se passa, lá, e encontrou indícios, indícios, não, provas de ligação entre o STF e um chefão barra-pesada da Faria Lima, envolvendo narcotráfico internacional e até ligações com o Irã.

Fiquei calado, olhando para ele.

– É para o teu livro? – perguntei.

– Sim! – disse. – Também já tenho material que dará perpétua para o molusco e o piroca.

Galicíssimo vivia cercado de mulheres, mas morava sozinho. Quanto a mim, minha mulher havia viajado; eu saíra para me encontrar com Galicíssimo, o cara mais bem informado sobre a ditadura, e eu precisa escrever também. O bar se esvaziou. Logo depois paguei a conta e saímos. A noite era um relicário. De volta à casa, ouvi, baixinho, Tender is the Night.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Jorge Bessa autografa os livros Guerra na Ucrânia e Espionagem no Beirute da 107 Norte

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 10 DE OUTUBRO DE 2025 – O maior especialista brasileiro em Rússia, ex-espião, o escritor Jorge Bessa autografará os ensaios Guerra na Ucrânia e Espionagem (Tagore Editora, Brasília/DF), terça-feira 14, a partir das 18h30, no Bar Beirute da 107 Norte. Trata-se de um mergulho sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia e sobre o ditador da Rússia, Vladimir Putin.

Em ambos os livros Bessa mostra a importância do serviço de Inteligência para a supremacia dos Estados e como um burocrata medíocre, Putin, usando os conhecimentos adquiridos na Inteligência da antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), se tornou o ditador de uma potência nuclear.

Ex-oficial de Inteligência, que trabalhou por trinta anos nos diferentes órgãos de Inteligência do governo brasileiro e que atuou como agente na ex-União Soviética nos tempos da Guerra Fria, fluente em russo, além de se comunicar também em francês, inglês e espanhol, Bessa chefiou os Departamentos de Contra-Espionagem e de Contra-Terrorismo da antiga Secretaria de Inteligência da Presidência da República, atual Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Graduado em Economia e pós-graduado em Educação a Distância, terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa e em Psicanálise, Bessa tem mais de duas dezenas de livros publicados, entre os quais, alguns se debruçam sobre a situação atual do Brasil, que escorrega perigosamente para uma ditadura.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Fim de reportagem

AMAZÔNIA, contos, edição do Clube de Autores, 363 páginas, 2024

RAY CUNHA 

O Rio Amazonas arremetia e rugia contra o muro de arrimo, salpicando água longe. O trapiche lembrava o dorso negro de uma sucuri imensa. Podíamos ver o rio se contorcendo como o mar nas manhãs de ressaca em Copacabana.  

– Não parece um rio – disse Mara. Estávamos em um quarto do Macapá Hotel. Mara deixou a janela e foi para a cama. Nos dias muito quentes, seus olhos eram azuis; à medida que a tarde navegava, iam-se tornando verdes, e, quando os flocos da noite se acamavam nas nossas almas, eram duas esmeraldas. Ela tinha sabor de Mateus Rosé e qualquer coisa espanhola. Estava nua. Sua nudez flutuava naquele momento de transição entre a tarde e a noite; momento com sabor de tacacá da banca do Colégio Nazaré, em Belém. – O que vamos jantar? – Mara me perguntou. Almoçáramos no Café Aimorezinho, pirarucu ao molho de castanha-do-pará.

– Cerpinha – respondi-lhe, absorto, observando o abstracionismo das nuvens paradas no céu, pintadas pelos derradeiros raios solares, saídos da paleta de Olivar Cunha. – Vamos jantar no quarto? Podemos pedir cogumelos e ostras e comê-los com vinho. – E antes que ela replicasse que talvez não houvesse ostra disse-lhe que poderíamos pedir filhote ao tucupi. 

– Tu achas que o Bigode vai se safar dessa? – ela perguntou, com aquele seu delicioso sotaque belenense. 

– O Bigode ainda continuará dando as cartas, mas agora todo mundo já sabe que ele é o maior mafioso do país e que seu lugar verdadeiro é o esgoto – eu disse. De vez em quando, voltava-me para ela. – Quanto a Nove Dedos, continuará enganando a massa ignara. Ocorre que o Estado não é apenas o governo. É muito mais complexo. Não vês o caso do ladrão bolivariano? Logo, logo até os cachorros venezuelanos vão perceber que o patife está apenas assaltando o país. 

– Puxa, se eu soubesse que tu ficas tão indignado com o que está acontecendo eu nem teria falado no Bigode – ela disse. 

Concluíramos uma investigação sobre as atividades do Bigode, que integraria extensa reportagem sobre a folha corrida do chefão da máfia, e Mara era minha fotógrafa predileta. No dia seguinte, voltaríamos a Belém. Aquela seria a última noite que passaríamos na cidade. 

A noite entrou no quarto imperceptível como sons de um concerto de Debussy, que flutuam alguns segundos e se desfazem no ar. Pensei: se eu fosse poeta, como Isnard Brandão Lima Filho, ofertaria rosas para a madrugada, que é a parte mais sublime da noite. Mara silenciara; creio que cochilava. Sua nudez maravilhosa flutuava no veludo negro da noite e à luz, tênue, que vinha da janela, onde eu estivera. Fui ao banheiro, voltei ao quarto e me vesti, depois desci e procurei o quiosque aonde fôramos mais cedo, pedi uma Cerpinha e comecei a compor, mentalmente, a abertura do meu texto. 

Do livro de contos AMAZÔNIA, à venda no Clube de Autores e amazon.com.br

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A Magnitsky assombra como fome e os mortos do 8 de Janeiro aguardam os algozes no Umbral

O sistema é como as hienas, que comem vivas suas vítimas

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 8 DE OUTUBRO DE 2025 – A Lei Magnitsky mata seu objeto a conta-gotas, vai enlouquecendo-o a cada dia, a cada hora lhe reserva o horror, como a fome, que é a loucura do estômago. Acostumado ao luxo, ao bom e melhor, o alvo se desespera. Sua família começa a odiá-lo, pois ela não consegue ver que sempre fez parte da vida indecente do chefe.

E quando o chefe, esgotado pela carência e pela fome, vai para o limbo, para o Umbral, desperta em um pântano de carniça, a carniça que foi sua vida no luxo, na roubalheira, no assassinato, e é perseguido, incansavelmente, pelos mortos do 8 de Janeiro. Eles querem vingança porque são inocentes e foram assassinados.

É impossível os assassinos escaparem da Lei Magnitsky, se viveram em uma bacanal de estupros, facadas e acidentes fatais misteriosos, se roubaram em escala e se espojam em dinheiro do narcotráfico, na escravidão, no espancamento de donas de casa idosas, avós, de mulheres que portam batom vermelho.

O deus da Magnitsky é implacável. Loiro, alto, bilionário, comandante da Pax Americana, seu porrete é uma mandioca, uma miratinga com cabeça de piroca. Sua porretada não mata imediatamente, faz os magnitskys choraram de dor, de loucura, de desaparecimento, e mergulharem na angústia do nada.

Os comunistas, que são os mais virulentos mafiosos, são guiados por magos negros, como jararaca de nove presas, daniel, cabeça de piroca, hipopótamo, boca de chupar ovos, maga patalójica, pudim de chuchu, poste, um neurônio, galinha e muitas outras carniças.

Eles acham que são imortais, que a vida na matéria é verdadeira. Querem dinheiro. Apenas querem dinheiro. São capazes de torturar uma avozinha para que ela assine uma confissão de golpe de Estado; são capazes de estuprar bebês. Mandam matar como quem faz desjejum em um hotel cinco estrelas.

Mas o loirão vem do Hemisfério Norte rearrumar seu quintal. O primeiro a cair, como Saddan Hussein, será Nicolás Maduro, que estuprou toda a Venezuela; depois, o loirão pegará outros bichos, deste vez da água, pois Maduro é igualzinho uma hiena devorando um filhote de gnu, vivo, a começar pelos órgãos genitais do gnu e, depois, as vísceras.

Os moluscos têm oito braços, mas há um que tem nove, cheios de ventosas, que cola aos úberes da burra. Marco Rubio, secretário de Estado americano, é especializado em desgrudar ventosas de úberes da burra, pois sua miratinga tem braços invisíveis: a CIA. Agentes analisam com lupa a Rua Faria Lima.

O Brasil, graças a Jair Messias Bolsonaro, passa por uma purgação. Se não fosse Bolsonaro tudo continuaria como dantes no quartel d’Abrantes. Bolsonaro sofreu um golpe de Estado, mas a Direita se organizou e cresceu, e, com o advento da Internet, o povo brasileiro começou a se dar conta do que está acontecendo.

Bolsonaro, esfaqueado e preso pelo sistema, está à morte. Eles não querem Bolsonaro vivo, em 2026, ano de eleições presidenciais. É isso. Vamos ver o que o Loirão vai fazer.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Sangue não escorre do azul, mas das vísceras de Bolsonaro. Avós do 8 de Janeiro levam porrada na cara. Batom é preciso, viver não é preciso

Melhor falar de poemas. O azul sangra porque é cobalto e se move

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 7 DE OUTUBRO DE 2025 – Estou só na Cafeteria Kopenhagen, no Shopping Conjunto Nacional. É de tarde. Bebo um espresso curto. Sei que não deveria tomar café à tarde, pois não consigo dormir, à noite, mas estou só, com a minha velhice. Já estive aqui, nesta cafeteria, desde 1987, batendo papo com amigos, mas os amigos se foram. Gosto da minha própria companhia. Bastam-me as portas da minha estante, que me levam para toda parte, mas, às vezes, sinto falta de Fernando Canto. Ele era minha única ponte, em Macapá/AP, minha cidade natal. Macapá é, agora, está tomado por comunistas.

O shopping continua o mesmo. Mulheres tão lindas que parecem saídas de O Grande Gatsby passam pelos corredores. Em algum lugar, uma mulher ri alto, um riso cristalino, que, de alguma forma, me lembra, imediatamente, pizzicato. De repente, ouço um grito. Em uma das prisões onde Alexandre de Moraes enterra os presos políticos uma mulher apanha na cara. É uma senhora, uma senhora idosa, avó, presa porque estava na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

Já não consigo mais imaginar o azul cobalto rasgado por um caça, vertendo sangue, de tão vivo. Verte sangue da barriga de Bolsonaro. Sangue da cor de batom. Batom é preciso, viver não é preciso. Haverá maior símbolo de liberdade do que batom vermelho escrito na Justiça? É como desvendar-lhe os olhos do espírito e libertar o mundo de toda maldade. Condenada a não veres teus filhos crescerem, agora, és heroína, Débora, e nem Xandão, ninguém te deterá no interminável espaço. Nada cessará a luz que disseminas no éter. Batom é como pétalas de rosas rubras, que nascem nos jardins até o fim do Universo, que Deus disseminou como perfume azul. Batom, mesmo que escrito no duro granito, como pode ameaçar o Estado de direito, se batom é preciso, viver não é preciso?

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Débora Rodrigues dos Santos a 14 anos de cadeia e 30 milhões de reais em multa porque no dia 8 de janeiro de 2023 Débora escreveu na estátua A Justiça, de Alfredo Ceschiatti, defronte ao palácio do STF, “perdeu, mané”. Ela é jovem, casada, e tem duas crianças. Foi assassinada por causa de um batom vermelho.

Haverá algo mais bonito do que os lábios de uma mulher? Sim, os lábios pintados de vermelho, como rosa colombiana. Lábios pintados de vermelhos transmitem a sensação da luz triunfando. De liberdade.

Segundo o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, eviscerado com uma peixeira que por pouco não o transfixa, o golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 é uma narrativa tão esdrúxula que nem os mais delirantes roteiristas de Hollywood conseguiriam criar. Bolsonaro é acusado de comandar o golpe e foi preso. De acordo com seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL/SP), Bolsonaro morrerá à mingua, na prisão.

O café tem gosto de sangue. Mas, para minha salvação, a própria tarde ainda é azul. E sinto a velha sensação de que a tarde é como um navio, lento, no horizonte, misterioso. Então, procuro pensar que a bordo haja cafuzas de olhos verdes, negras das Guianas e ucranianas ruivas.

José Aparecido Ribeiro me serviu a cerveja. Não lembro mais da marca, mas a garrafa estava enevoada e a bebida me soube a romance, a uma aventura, há muito tempo atrás, agora fiquei confuso, não me lembro mais se foi em Belém ou Manaus.

Sinto a presença de Fernando Canto, e também de Isnard Brandão Lima Filho. Chegam ainda Ernest Hemingway, Gabriel García Márquez e Juan Rulfo. Ouvimos Patricia, de Dámaso Pérez Prado. Percebo a presença de Olivar Cunha, que chega com uma garrafa de rum Bacardi. Não estamos mais na Kopenhagen, mas no Gato Azul, em Macapá. Chegam mais Alcy Araújo, R. Peixe e Alcinéa Cavalcante.

Não falamos sobre política. Os gemidos de Bolsonaro foram sufocados pelo som de conversas, tilintar de copos, garrafas sendo abertas, coqueteleiras chacoalhadas e mambo.

A noite reina lá fora. Ninguém pode tirar sua soberania. Soberania é como a lei da gravidade. Como a Lei Magnitsky. Há dois sujeitos com quem eu gostaria de bater papo. É claro, em uma língua que ambos dominássemos. Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Elon Musk. Tenho a impressão de que são sábios.

Vi Lula da Silva uma vez apenas. Foi na campanha para a Presidência da República, em 2002. O país todo estava apaixonado por ele. A TV Globo dava a entender que ele era o estadista que poria o Brasil lado a lado com os Estados Unidos. Eu estava cobrindo, como jornalista, uma aparição dele no Centro de Convenções do Brasil 21, no Setor Hoteleiro Sul, em Brasília. Uma multidão urrava, tentando se aproximar dele, tentando pegar na roupa dele, nos pés dele. Lula me deu a impressão de que não estava entendendo nada, e consegui ver, através dele, que ele era um anão, um réptil, uma pulga, uma tuxina, uma ameba, um vírus, covid-19. Deu no que deu.

Agora, a Associação de Jornalistas Independentes e Afiliados (Ajoia) está se organizando, juntando forças, da Direita, para mostrar o que é soberania. A Ajoia é sediada em Belo Horizonte. Os mineiros não estão amoitados.

Na Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo, Seccional do Distrito Federal (Abrajet/DF), sinto uma preocupação com o que dizem de Brasília por aí, que em Brasília rouba-se muito etc. É por causa do Congresso Nacional, um valhacouto de bandoleiros. Tenho um amigo que acha que o problema do Brasil é porque o Congresso Nacional é perigoso. É! Mas é o reflexo dos eleitores brasileiros.

Lula da Silva já fodeu com o país e torce para que Trump faça com o Brasil igual os Estados Unidos fizeram com Cuba, pois assim ele poderá instalar sua ditadura tranquilamente, só que Trump tem outros planos, pois o Brasil não é Cuba. Nicolás Maduro, o câncer da Venezuela, já está no porrete de Trump. Ele pegará Lula de outro jeito. Magnitskamente. E depois pela Rua Faria Lima.

Parei de beber a algum tempo, mas as cervejas que o Aparecido bebe são tão enevoadas e saborosas quanto Cerpinha, ou Antarctica, Original. Fui perseguido por um assassino. Dei um jeito nele. Ao chegar ao hotel, a princesa estava me esperando. Bebemos Dom Pérignon, apreciando a noite, do sétimo andar.

Não quero mais me lembrar, hoje, do Bolsonaro eviscerado, ouvir seus soluços. Nem quero mais ouvir os gritos de avós levando bofetões na cara. Nem de me lembrar dos presos políticos mortos e inocentes. Quando o preso é culpado, ele grita na cadeira elétrica, mas sabe que é culpado. O preso que está morrendo, inocente, deve morrer como boi, ou frango, sente que vai morrer e sente medo, terror. Bolsonaro não sente terror, porque heróis sabem a que vieram. Prefiro falar de poesia. De Roberto Carlos. DE TÃO AZUL SANGRA