As máfias que traficam mulheres e crianças para escravidão sexual e exploram o lenocínio nos estados do Amapá e de Goiás receberam um duro golpe nessas eleições para governador. Camilo Capiberibe, no Amapá, e Marconi Perillo, em Goiás, não darão refresco para elas. Vamos por parte.
O Amapá foi transformado em Território Federal em 1943, e, em estado, em 1991. Como Território Federal, era uma colônia do Rio de Janeiro e depois de Brasília, e, durante a Ditadura dos Generais (1964-1985), mimo para comandantes das Forças Armadas. A partir de 1991, os civis tomaram conta. De lá para cá, o estado sofreu uma pilhagem espantosa, inacreditável, maranhense.
Dia 1 de janeiro, um jovem de 38 anos de idade, Camilo Capiberibe, tomou posse como governador. Camilo nasceu em 1972, em Santiago, Chile, onde seus pais, João e Janete Capiberibe, se exilaram da Ditadura dos Generais. Camilo se graduou em direito pela Pontifícia Universidade de Campinas (SP) e estudou ciências políticas na Universidade de Montreal, Canadá. Foi deputado estadual e presidiu durante quatro anos a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Amapá. Na casa dos seus pais e no PSB, a quem é filiado desde 1998, aprendeu a arte da política.
Iniciou sua militância no movimento estudantil, elegendo-se secretário geral do Grêmio do Ginásio de Macapá, em 1987. Aos 17 anos foi estudar em Campinas. Em 1996, foi eleito presidente do Centro Acadêmico do Curso de Direito e no ano seguinte se elegeu dirigente do Diretório Central dos Estudantes da PUC de Campinas. Em 2006, foi eleito deputado estadual. Articulado, conseguiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos, mesmo sendo da oposição, minoritária na casa.
Como que intuindo que seria governador do Amapá, Camilo Capiberibe se cercou de assessores eficientes e compromissados com seu trabalho, equipou a Comissão de Direitos Humanos e realizou um trabalho de inteligência tão bem feito que dará suporte ao seu mandato, tanto em termos de pessoal, quanto no que se apurou. Camilo Capiberibe já sabe quem é quem nos subterrâneos da corrupção no Amapá, no crime organizado e, especialmente, no tráfico de escravas sexuais. Articulado com os vários serviços de inteligência do país e com a Polícia Federal, quem sabe Camilo acertará logo algum dos mais perigosos, e, por isso mesmo, camaleônicos, mafiosos.
Juntamente com o estado do Pará, do qual fazia parte, o Amapá forma a Amazônia Oriental, ou, como a caracterizo, a Amazônia Caribenha. É a região mais rica do planeta, tanto em biodiversidade, quanto em minérios, peixes, frutos do mar, frutos da terra, gastronomia, cultura, e beleza geográfica. Na mesma proporção, é uma das províncias mais miseráveis do país, onde crianças são comidas vivas por ameba, giárdia, vermes, malária, ou são traficadas para deleite de velhos libidinosos; onde mulheres pobres são exportadas para prostíbulos no exterior; onde pobres diabos analfabetos são escravizados. Daí que será importante que a polícia do Amapá se uma com a do Pará, sobretudo num trabalho de inteligência no arquipélago do Marajó.
O certo em que Camilo Capiberibe deverá contar com contrapartida de Belém, a capital do Pará, onde, desde 1 de janeiro, é governador o tucano Simão Jatene, e não mais a petista Ana Júlia Carepa, que empurrava o Pará para o abismo. Um dos jornalistas mais bem-informados de Belém me disse que quando Ana Júlia pensava muito saía fumaça da sua cabeça.
Voltando a Camilo Capiberibe, ele é ficha limpa, bem-preparado, sabe do que o Amapá precisa e aonde buscar dinheiro, sabe que o Amapá precisa de energia elétrica, do Porto de Santana federalizado, da BR-156 inteiramente pavimentada, do aeroporto de Macapá funcionando plenamente, de cursos de biotecnologia, de oceanografia, de engenharia de pesca e de engenharia voltada para a geração de energia eólica, solar e das ondas, de parque industrial naval e indústria de beneficiamento de açaí, e de infraestrutura turística.
Contudo, o primeiro passo é identificar os honoráveis bandidos, principalmente os finórios camaleões, e colocá-los no lugar de onde não devem sair.
Vamos a Goiás, estado número um em tráfico de mulheres. O tucano Marconi Perillo governou o estado de 1999 a 2006. Tirou-o da Idade Média e agora vai torná-lo um dos mais ricos do país. Marconi é competentíssimo. E outra: ele vai golpear severamente o crime organizado em Goiás. Marconi é também como Camilo Capiberibe: faz um trabalho de inteligência, do tipo quem quer pegar galinha não diz xô!
Marconi convidou para delegado-geral da Polícia Civil o delegado de polícia de classe especial, ex-secretário de Justiça e titular da Delegacia Estadual de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor (Decon), Edemundo Dias de Oliveira Filho, autor de O Vácuo do Poder e o Crime Organizado – Brasil, Início do Século XXI (AB Editora, Goiânia, 2002, 200 páginas, R$ 46). Tem muita gente boa em Goiás que não gostou nada disso. Edemundo Dias de Oliveira Filho é do ramo.
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