Museu da República e, ao fundo, a Catedral de Brasília. Foto
do repórter fotográfico e meu amigo Ricardo Marques
Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960 sob o equívoco de cidade mais moderna do mundo. Não é. E está longe de ser. Para ficar em dois exemplos de cidades modernas, cito Paris e Tóquio. No coração da capital japonesa não entra carro. É cortado por 12 linhas de metrô. Nos arredores da cidade há megaestacionamentos. Estaciona-se o automóvel neles e toma-se o metrô, que deixa o passageiro em qualquer ponto da cidade. Isso entra em harmonia com um povo reverente, disciplinado e educado.
Em Paris também o transporte público é tão bom que grande parte da população prefere deixar o automóvel em casa. Como em Tóquio, é uma cidade onde se pode caminhar de madrugada sem ser assaltado ou esfaqueado, como no Brasil. No caso dos franceses, eles sabem o que querem, e, principalmente, o que não querem. Já degolaram um rei, Luís XVI de Bourbon.
O fato é que cidades modernas são seguras e contam com sistema de transporte público de primeira linha. Em Brasília, essa história de cidade mais moderna do mundo surgiu devido à arquitetura de Oscar Niemeyer, puxa-sacos de Juscelino Kubitschek e do próprio arquiteto e gente deslumbrada. Ao completar, em 21 de abril, 51 anos, Brasília é mais do que nunca um três-por-quatro do Brasil: é uma cidade sucateada, esgotada, inchada, esburacada, violenta, seu sistema de saúde pública é um matadouro e a rede pública de educação uma pilhéria. Capítulo à parte são alguns representantes de sua classe política. Aqui, a corrupção deixa o mensalão do PT comendo poeira.
Mas, hoje, a capital da República é uma grande cidade, capaz, inclusive, de resistir a novo governo petista. Como toda grande cidade, tem seu lado cintilante: um mundo de possibilidades, de dia ou de noite. Um homem, ou uma mulher, endinheirado não sentirá ócio. E fica cada vez melhor.
Pessoalmente, abro um Dom Pérignon, safra de 1954, em homenagem a Brasília. Cheguei aqui em 1987, com destino ao Rio de Janeiro, cidade pela qual sou apaixonado (e quem não é?). Fiz uma escala para trabalhar com Walmir Botelho, então diretor de redação do jornal Correio do Brasil, e fiquei. Nunca me faltou trabalho, inclusive quando retornei de Belém do Pará, onde voltara a morar (1996-1997). Aqui conheci minha amada, Josiane Souza Moreira Cunha, que é conterrânea minha, de Macapá, e aqui nasceu minha princesinha, Iasmim Moreira Cunha. Aqui, pois, também pulsa o meu coração.
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