domingo, 5 de junho de 2011

O realismo fantástico de Olivar Cunha

Caixa d'Água, acrílica sobre tela, de Olivar Cunha, 2011

O pintor brasileiro Olivar Cunha, nascido na Amazônia, em Macapá, acaba de concluir mais uma acrílica sobre tela, de 20 por 20, que deverá integrar exposição no fim deste ano, na Galeria Artefix, em Brasília. Da série Invisíveis Quintais, Caixa d’Água começou a ser pintada em junho de 2010 e foi concluída em maio deste ano, em Vitória (ES), onde o pintor mora, no balneário de Jacaraípe.

A tela mostra ouriços de castanha-do-pará, lembrando o que ocorreu no Projeto Jari, do empresário norte-americano Daniel Ludwig. Para a instalação do projeto foi desmatado o castanhal de Monte Dourado e junto com ele todas as madeiras nobres da região, como acapu, maçaranduba etc. Atualmente, na região de Cumaru, é feito o processo do replantio.

A pesquisa para diminuir o tempo de amadurecimento das castanheiras já é um sucesso. Normalmente, uma castanheira leva 10 anos para dar frutos; com a nova técnica, esse tempo é reduzido para 8 ou até 6 anos. A árvore, uma das mais belas do mundo, chega a 70 metros de altura, e produz em cada safra aproximadamente 900 ouriços com 17 a 25 castanhas.

Também a tela apresenta um desenho indígena, que é o resgate da cultura material e iconográfica amazônica, que Olivar Cunha vem fazendo. Ainda, a tela mostra a Caixa d’Água da Caesa (empresa de água e esgoto do estado do Amapá), no bairro Marco Zero, local de Macapá dividido pela Linha Imaginária do Equador. A Caixa d’Água foi pintada com um motivo do marabaxo, música e dança do folclore afro-amapaense.

A série Invisíveis Quintais é resultado de pesquisa de Olivar Cunha sobre o Amapá, abarcando costumes, nações indígenas, folclore, fauna e flora. O atual trabalho do pintor amazônida tem raízes no realismo fantástico, tão bem recriado por Gabriel García Márquez.

E não poderia deixar de sê-lo, pois que a Amazônia é o objeto central da expressão criada pelos europeus ao se depararem com o trópico, principalmente com o trópico úmido. Nesse contexto, o Amapá é especial, pois se localiza entre a Amazônia e o oceano Atlântico; as montanhas do Tumucumaque e o maior rio do planeta, o Amazonas; entre o Pará, estado-síntese da Amazônia, e um corredor da Europa, a Guiana Francesa.

O blog de Olivar Cunha é: olivarcunhaarte.blogspot.com

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