A Amazônia é a maior província biológica e mineral da Terra. É o trópico elevado ao quadrado. O cúmulo do realismo fantástico. Neste continente, onde o cadinho étnico e cultural brasileiro ferve, Belém do Pará é sua cidade mais importante (por diversas razões, que podem ser abordadas em outro artigo). E em Belém acontece a maior festa religiosa do planeta, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que faz 219 anos em 2011 e que tem seu momento culminante no segundo domingo de outubro, quando cerca de 2,2 milhões de romeiros seguem da Catedral à Basílica, numa procissão que se arrasta ao longo de 6 horas. O Círio Fluvial, na manhã do sábado que antecede a procissão, é outro espetáculo, com centenas de embarcações saindo da Vila Sorriso, Icoaraci, rumo ao porto de Belém.
Este ano, são esperados 73 mil turistas, principalmente dos Estados Unidos e França, que deverão gastar U$ 26 milhões, segundo cálculos da Companhia Paraense de Turismo (Paratur) e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Como os paraenses gostam de pato no tucupi, na época do Círio importam toneladas da ave do Canadá, o maior produtor de pato do mundo. Entre inumeráveis paixões, os paraenses têm três irremediáveis: açaí, farinha de mandioca e o Círio. Mas não é o bastante para garantir que o território paraense siga incólume.
O Pará já foi Grão Pará, um país apartado do Brasil. A Província do Grão Pará abarcava toda a Amazônia Clássica. Hoje, o Grão Pará está dividido em Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Mesmo assim, o Pará atual é uma síntese da Amazônia, tão grande que será submetido a plebiscito, em dezembro, para se saber se será ou não dividido por três. É o segundo maior estado do país, atrás apenas do Amazonas, medindo 1.247.689,515 quilômetros quadrados, maior, por exemplo, do que Angola. Dividido em 144 municípios, é o mundo das águas, com alguns dos maiores rios do planeta, como Amazonas, Tapajós, Tocantins, Xingu, Jari e Pará, e o Atlântico. É o maior produtor de peixe, em quantidade e variedade, do país. É o mais rico e populoso estado (ou província?) da Região Norte, com 7.321.493 habitantes. O Congresso Nacional já aprovou o plebiscito que vai decidir pela criação dos estados de Carajás e Tapajós. Por que querem dividir esse colosso?
Por várias razões. A principal é que os governadores do Pará, todos eles, governam de costas para o interior. Até 1943, o Amapá pertencia ao Pará. Foi desmembrado e conseguiu algum desenvolvimento, embora esteja nas mãos das famílias Capiberibe e Sarney. Os Capiberibe são paraenses e os Sarney, que todos no Brasil conhecem como donos do Maranhão, resolveram expandir seus domínios e tomar conta também do Amapá. Deu certo, para os Sarney: os amapaenses garantiram a Zé Sarney emprego vitalício no Senado. Os Capiberibe e os Sarney não se cheiram, mas dividem fraternalmente o Amapá. Dá para todos. Voltemos ao Pará. É um dos maiores produtores de energia elétrica do país, mas nem metade dos seus municípios conta com energia elétrica firme. Na ilha do Marajó, por exemplo, que nem precisa de votação pela internet para ser uma das sete maravilhas do planeta, crianças são estupradas rotineiramente a troco de comida. É miséria só vista na ilha do carniceiro Fidel Castro.
Quanto a Santarém, há um século que uma elite santarena quer se separar do Pará. Eles já têm bandeira, hino, brasão, tudo. Em Carajás, há mais nordestinos, sulistas e nativos do Centro-Oeste, e certamente sudestinos, do que paraenses. Os belenenses não querem nem ouvir falar em separação.
Há quem diga que criar estados custa caro. Acho que é melhor investir na criação de novos estados do que cevar a máfia instalada em Brasília e os mamadores em Belém. Mas esse assunto é para paraense resolver. Sou apenas metade paraense - do Amapá.
Quanto a Santarém, há um século que uma elite santarena quer se separar do Pará. Eles já têm bandeira, hino, brasão, tudo. Em Carajás, há mais nordestinos, sulistas e nativos do Centro-Oeste, e certamente sudestinos, do que paraenses. Os belenenses não querem nem ouvir falar em separação.
Há quem diga que criar estados custa caro. Acho que é melhor investir na criação de novos estados do que cevar a máfia instalada em Brasília e os mamadores em Belém. Mas esse assunto é para paraense resolver. Sou apenas metade paraense - do Amapá.
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