Os santuários da Amazônia são as regiões da Hileia onde o colono europeu não ousou pôr suas botas, desembainhar suas espadas, lançar pestes e a Inquisição. O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é uma delas. “Estive onde o homem jamais pisara” – comentou o taxidermista do Instituto de Pesquisas Científicas do Amapá (Iepa), João Cunha, depois de participar, juntamente com o taxidermista Manoel Santa-Brígida, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), de expedição levada ao ar pelo Globo Repórter em 11 de fevereiro de 2005.
Pesquisadores e jornalistas estiveram no extremo oeste do parque, próximo à tríplice fronteira entre Brasil, Suriname e a colônia francesa da Guiana, a 450 quilômetros de Macapá, acessível somente por helicóptero. A expedição recebeu apoio do Primeiro Comando Militar da Aeronáutica (Comar) e dos Segundo e Trigésimo Quarto batalhões de Infantaria de Selva (BIS).
Com 38.821,20 quilômetros quadrados, 26,5% do estado do Amapá, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), é a maior unidade de conservação do país e a mais extensa área protegida de floresta tropical do planeta. É integrado pelos municípios de Calçoene, Laranjal do Jari, Oiapoque, Pedra Branca e Serra do Navio.
O Amapá é uma das regiões mais belas da Terra. Com 142.814,585 quilômetros quadrados, desmembrados do estado do Pará, debruça-se, no setentrião brasileiro, para o Atlântico, na boca que se abre para o Caribe, limitando-se ao norte com a colônia francesa da Guiana; ao sul com o maior rio do mundo, o Amazonas; a oeste com o Pará; a noroeste com o Suriname; e a leste com o mar. Cortado na altura de Macapá, sua capital, pela Linha Imaginária do Equador, esquina com o Amazonas, longitudinalmente, é atravessado pela sua única rodovia federal, a BR-156, que já enriqueceu muita gente, em todos os governos, desde 1943, numa farra permanente, e que nunca foi concluída.
A França já construiu uma ponte ligando sua colônia a Oiapoque, no Amapá, de modo que, ao ser, algum dia, concluída, a BR-156 ligará Macapá ao Canadá, via América Central. Por enquanto, Oiapoque só aparece na mídia nacional como vitrine de carne infantil, que europeus ávidos por crianças atravessam o rio Oiapoque para degustar na segurança da corrupção tupiniquim.
Estado potencialmente rico, sua costa é a mais piscosa do planeta, infestada de piratas e ignorada pela Marinha de Guerra do Brasil. Com vocação para a indústria de navios, seus governadores jamais incentivaram a instalação de estaleiros e a criação de cursos de engenharia naval e de oceanografia na sua universidade federal. O Amapá conta com a doca mais estratégica da Amazônia, o Porto de Santana, o mais próximo simultaneamente dos mercados americano, europeu e asiático, mas que precisa ser federalizado, pois está sob jurisdição da Prefeitura de Santana, na zona metropolitana de Macapá, operando como porto de uma pequena cidade ribeirinha, quando pode ser o destino de produtos de toda a Amazônia e do Centro-Oeste para exportação.
Em Macapá, na margem esquerda do Amazonas, falta água encanada e a cidade não tem esgoto. Também falta energia elétrica na capital amapaense - imagine-se no restante do Amapá -, apesar de Tucuruí.
Agora, a tragédia: além de Zé Sarney, o potentado do Maranhão, ter anexado o Amapá, que o ungiu senador vitalício, o padrinho de Lula agora divide o estado com a família Capiberibe: o governador, Camilo Capiberibe; o pai do governador, ex-governador João Capiberibe; e a deputada federal Janete Capiberibe, todos do PSB.
A roubalheira no Amapá é bilionária.
A Amazônia precisa de santuários, mas se as máfias que a estão comendo, não mais a ferro e fogo, e sim com a caneta, não foram varridas para o esgoto, ela se tornará apenas o continente da escravidão sexual de crianças.
Parabéns pelo excelente artigo, Ray Cunha!
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