domingo, 26 de fevereiro de 2012

Goya e políticos brasileiros



BRASÍLIA, 26 de fevereiro de 2012 – O Museu Nacional dos Correios expõe Mestres da Gravura, coleção da Fundação Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro), de terça-feira a domingo, das 10 às 19 horas, até 22 de abril, no Setor Comercial Sul (SCS), Quadra 4, Bloco A, Edifício Apolo, próximo ao shopping Pátio Brasil, na Avenida W3 Sul.

Gravuras são como, digamos, a fotografia antes da fotografia. Sua matriz pode ser em pedra, madeira ou metal, neste caso, como o prelo do alemão Johannes Gutenberg (1398-1468), ou um predecessor do daguerreótipo do francês Louis-Jacques-Mandé Daguerre (1787-1851). Pode-se reproduzir cópias até a matriz se desgastar. No Brasil, Oswaldo Goeldi (1895-1961) é um dos gravuristas mais incensados.

A mostra perpassa a Europa renascentista e iluminista dos séculos XV ao XVIII. São 171 joias; destacam-se, entre 81 gravadores, o holandês Rembrandt Hermenszonn Van Rijn (1600-1669) e o espanhol Francisco José Goya Y Lucientes (1746-1828). Verdadeira reportagem sobre a velha Europa. Mas é de Goya que quero falar um pouquinho.

Goya foi precursor do expressionismo, escola pictórica que, no Brasil atual, tem em Olivar Cunha, pintor nascido em Macapá, na Amazônia, um dos mais talentosos representantes, bem como o gaúcho Giovane Bellinazo, que vive em Brasília (ou no Rio Grande do Sul). Goya viveu na Espanha dos séculos XVIII e XIV, da Inquisição, pestes, guerras eternas e totalitarismo. Quem desagradasse o rei perdia a cabeça, literalmente. No entanto, Goya pintava até reis como eles eram. Como Julian Froid fazia com seus modelos até recentemente.

A realidade é uma dama fluida, enganosa como um pântano, e sempre fugaz. O pintor expressionista, além de captar os momentos fugazes da realidade, tem o poder de lhe dar eternidade; no caso do artista plástico, por meio de traços que se movimentam para sempre.

Goya, hoje, caso fosse incumbido de pintar políticos brasileiros, encheria a galeria dos Correios com um zoológico perigosíssimo: camaleões, ratos, Crocuta crocuta, serpentes, escorpiões, dragões-de-komodo, cachorros devorando dinheiro.

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