A Hileia em chamas. O Fundo Amazônia pode impedir esse cenário, mas o BNDES não solta o dinheiro, doado principalmente pela Noruega |
BRASÍLIA, 17 de maio de 2012 – Em matéria publicada dia 13, em O Liberal, “Inércia ataca Fundo para a Amazônia”, o correspondente do jornal belenense em Brasília, Thiago Vilarins, registra: “O Fundo Amazônia, gerido pelo Banco do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), já recebeu cerca de R$ 830 milhões em doações, mas desembolsou apenas cerca de R$ 70 milhões até agora para financiar 23 projetos aprovados e contratados; foram contratados, nesse mesmo período, R$ 260 milhões”. Enquanto isso, a floresta continua sendo torada, destruição inclusive filmada por satélite. E a dinheirama, dada principalmente pela Noruega, é um mistério. Onde está entocado esse dinheiro? Por que o BNDES não o utiliza para minimizar a miséria na Amazônia?
O Fundo Amazônia foi criado em 2008 para financiar projetos sustentáveis na Hileia, com
dinheiro de países desenvolvidos, principalmente da Noruega. O governo
norueguês se comprometeu a doar US$ 1 bilhão para o Fundo Amazônia e já assinou
contratos com o BNDES no valor de US$ 418 milhões, disponíveis no Banco Central
da Noruega. A Alemanha doou ao fundo US$ 27,2 milhões. A Petrobras doou US$ 4,2
milhões. Os brasileiros podem até não querer saber se o dinheiro da Petrobras é
ou não bem utilizado, mas segundo matéria veiculada pela agência de notícias
Reuters, a imprensa da Noruega quer saber se o dinheiro norueguês está sendo
realmente aplicado na Amazônia. Não está.
“Já conversei com vários interlocutores de outros países e é
geral o sentimento de frustração em razão da inação do governo brasileiro.
Apesar da disponibilidade financeira já alocada, o governo mostra incapacidade
de implementar políticas de atendimento ao princípio da razão da existência do
fundo: proteção da floresta e desenvolvimento da qualidade de vida dos povos da
região. Ora, se nós não conseguimos aplicar ainda 30% do que foi destinado em
2009, como podemos tentar ampliar a captação de recursos com os antigos e novos
parceiros se não conseguimos nem implementar essas políticas?” – disse a O Liberal o presidente da Frente
Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo, deputado federal Zenaldo
Coutinho, do PSDB do Pará. “Com um montante de recursos desses parados, caberia
ao BNDES criar uma equipe técnica para orientar as prefeituras e os Estados que
têm projetos. Jamais recusar os projetos por detalhes técnicos” – adverte.
RIO+20 – Zenaldo Coutinho tem missão
importante para a Amazônia na Rio+20, que é mostrar que há dinheiro suficiente
para implementar programas sustentáveis em toda a Amazônia e sustar a
destruição do que os amazônidas tem de mais precioso: a floresta. Ora, se há
dinheiro e capacidade técnica e tecnológica para a implementação desses programas,
qual é o problema? E o Plano Amazônia Sustentável (PAS), do governo federal,
que sequer saiu do papel? Do mesmo modo, o Plano de Desenvolvimento Territorial
Sustentável do Arquipélago do Marajó, de 2007, que envolve 13 ministérios, também
não saiu do papel. Por quê? Parece claro que se os amazônidas não se mexerem,
utilizando os foros certos para denunciar o descaso do próprio governo
brasileiro para com a Amazônia, não há dúvida, a maior floresta tropical do
planeta virará savana.
Também participará, dia 18 de junho, do debate Cidades
Sustentáveis, dentro da Rio+20, que culminará com o lançamento oficial da
iniciativa Sou um Transformador Urbano (I’m a City Changer), movimento global
de sensibilização sobre as ações positivas que tiveram impactos na vida das
pessoas em áreas urbanas. Dias 17 e 19 de junho, Zenaldo Coutinho participará ainda
da Cúpula Parlamentar Mundial de Legisladores, da Organização Global de
Legisladores para um Meio Ambiente Equilibrado (Globe International), com o
objetivo de conduzir os compromissos internacionais de sustentabilidade para a
legislação nacional.
MUNICÍPIOS VERDES E SISTEMA
AGROFLORESTAL – O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), apresentará, no
Seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável, a visão dos governadores da região,
baseada basicamente em dois modelos, um deles já implementado no Pará. No dia
23 de março de 2011, o governo paraense começou a mudar o quadro de devastação do
estado, dando início ao modelo econômico sustentável Programa Municípios Verdes.
Foi firmado um pacto entre governo do estado, o governo federal, administrações
municipais, Ministério Público, empresários, produtores e outras instituições
representativas de setores produtivos para promover o desenvolvimento econômico
paraense ao mesmo tempo em que busca atingir a meta de desmatamento zero.
“A expansão da agropecuária e da atividade madeireira ilegal
e predatória, motrizes de desenvolvimento no estado do Pará – considerada uma
das regiões com a maior biodiversidade do planeta -, impulsionou nas últimas
décadas um desmatamento intenso. A articulação das principais diretrizes de
governo, voltadas para a redução do desmatamento e a degradação ambiental, às
peculiaridades dos problemas de cada município, torna-se necessária para a
promoção da melhoria da governança pública municipal com foco no desenvolvimento
econômico e social através do uso sustentável e conservação dos recursos
naturais. Este programa propõe promover uma economia de baixo carbono e alto
valor agregado, melhorar a governança pública municipal e reduzir desmatamento
e degradação” – compromete-se o governo paraense no site Municípios Verdes.
O outro modelo é o agrofloestal. Segundo a Wikipédia, “Agrofloresta
ou Sistema Agroflorestal é um sistema que reúne as culturas agrícolas com as
culturas florestais, resultante da prática de estudo de agrossilvicultura, plantações
de florestas para suprir as necessidades do homem. Usa a dinâmica de sucessão
de espécies da flora nativa para trazer as espécies que agregam benefícios para
o terreno, assim como produtos para o agricultor. A agrofloresta recupera
antigas técnicas de povos tradicionais de várias partes do mundo, unindo a elas
o conhecimento científico acumulado sobre a ecofisiologia das espécies vegetais
e sua interação com a fauna nativa”.
Zenaldo Coutinho vê a Agrofloresta como uma “fábrica de
florestas econômicas”, para repovoar as áreas degradadas da Hileia e gerar
sustento o ano inteiro para as populações, por meio da agropecuária e
silvicultura. Este, por exemplo, é um excelente projeto para ser financiado, e
fiscalizado, pelo Fundo Amazônia. Só falta o BNDES cumprir sua missão.
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