sábado, 16 de junho de 2012

Os potentados da Rio+20 não querem o bem da Amazônia; querem seus bens


BRASÍLIA, 16 de junho de 2012 – Os países industrializados não renunciarão à sua escalada econômica e, portanto, ao consumo de combustíveis, até o esgotamento. Nem a população mundial deixará de parir e consumir em escala, incluindo o consumo de luxo. As potências, reunidas neste momento no Rio de Janeiro, não querem o bem da Amazônia; querem seus bens, pois a Hileia é o último reduto do planeta que conta com reservas florestais e de água tão imensos que se os brasileiros a tratarem como o fizeram com a Mata Atlântica, poderá começar uma era de tormentas para a Humanidade. Segundo pesquisa de ponta, o Trópico Úmido funciona como uma espécie de refrigerador da Terra. Sem ele, o efeito estufa tornará o planeta um inferno, porque se a temperatura média do globo aumentar alguns poucos graus acabará o equilíbrio climático e da cadeia alimentar. Daí é só pôr a imaginação para funcionar.

Acontece que todo mundo está torando a Hileia. O governo brasileiro desequilibra o ecossistema com a construção de hidroelétricas. Boa parte dessa energia é utilizada na exportação, a preço de banana, de commodities, como alumina e ferro; fica o buraco. A maior parte das toras roubadas vai para São Paulo. Ao caboclo não resta outro recurso senão torar a floresta também, para vendê-la. E agora?

Que não se espere nada do governo petista, que, desde 2003, só pensa em instalar uma ditadura no Brasil. A Amazônia, para eles, como de resto para 75 milhões de brasileiros, é apenas um matagal cheio de caboclos indolentes. O sistema educacional público brasileiro ensina as crianças a escrever: “Nós vai pescar.” Sintomático. O Brasil só conservará a Amazônia por meio do desenvolvimento sustentável do caboclo. 

O governador do Pará, Simão Jatene, e o deputado federal Zenaldo Coutinho, também tucano paraense, levaram para a Rio+20 a solução: o Programa Municípios Verdes, com desmatamento zero, que começou em 23 de março de 2011 no município de Paragominas (PA) e hoje está presente em 94 municípios paraenses e em alguns de outros estados da Amazônia. A alma do programa foi o pacto social que o governo paraense firmou com o governo federal, administrações municipais, Ministério Público, empresários, produtores e outras instituições representativas de setores produtivos, visando promover o desenvolvimento econômico paraense ao mesmo tempo em que busca atingir desmatamento zero.

O programa se firma no tripé: Sistema Agroflorestal; agregação de tecnologia à agropecuária; e plantação de árvores nativas, numa escala de 10 milhões por ano. O Sistema Agroflorestal apresenta-se como o melhor modelo de agricultura para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Trata-se de agricultura com silvicultura. Além dos diversos vegetais conviverem harmonicamente entre si e com a floresta, geram safra de diferentes produtos o ano inteiro. “Constitui-se, assim, numa fábrica de florestas produtivas, repovoando áreas degradadas e gerando sustento o ano todo” – observa Zenaldo Coutinho.

Os países industrializados já ocuparam a Amazônia há muito tempo. Por exemplo: não levam mais bauxita, mas alumina, com energia de Tucuruí agregada, e sempre a troco de banana. Collor de Mello, o ex presidente daquilo roxo, criou a reserva Ianomâmi – etnia que seria forjada pelos ingleses -, do tamanho de Portugal e na tríplice fronteira, em litígio, Brasil, Venezuela e Guiana, na maior e mais rica província mineral do planeta. Pois bem, já há manifestação na Organização das Nações Unidas (ONU) para torná-la nação independente do Brasil. Agora, o ex-presidente Lula, aquele que tem ojeriza por leitura, criou outra reserva imensa em Roraima, a Raposa e Serra do Sol, onde só vivem índios aculturados, os quais, antes da reserva, comiam arroz plantado pelos arrozeiros. Nem isso têm agora.

É fácil ocupar o Brasil de fato (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Basta bombardearem Itaipu, Tucuruí e mais duas ou três hidrelétricas, para invadir o país quase sem resistência. Não temos navios de guerra nem submarinos, nem caças, muito menos mísseis. Agora, invadir a Amazônia é outra história. Os Estados Unidos não enfrentariam a pedreira que seria ocupar a Amazônia numa guerra. Contamos com o maior exército de guerra na selva do planeta. A indiarada cairia sobre os grigos como pium.

Em fevereiro de 2005, entrevistei para o site ABC Politiko o mentor da Doutrina Brasileira de Guerra na Selva, o coronel do Exército Gelio Fregapani, que serviu à força durante quatro décadas, quase sempre ligado à Amazônia, tendo fundado e comandado o Centro de Instrução de Guerra na Selva. Há mais de três décadas, vem observando a atuação estrangeira na Amazônia, o que o levou a escrever Amazônia - A grande cobiça internacional (Thesaurus Editora, Brasília, 2000, 166 páginas). Ele me disse que a Amazônia será ocupada, “por nós, ou por uma ou mais potências estrangeiras”.

A observação de Fregapani reflete outro ponto de vista sobre a questão amazônica, o de que o problema crucial da Amazônia é que ela ainda não foi devidamente ocupada pelos brasileiros. Por isso, é ledo engano supor que a região pertence de fato ao Brasil. Será, sim, do Brasil, quando for desenvolvida por nós e devidamente guardada. Daí porque às potências estrangeiras não interessaria o desenvolvimento da Amazônia. Aos Estados Unidos, Inglaterra, Japão e China, principalmente, interessa manter os cartéis agrícola e de minerais e metais. Exemplos: a soja da fronteira agrícola ameaça a soja americana; e a exploração dos fabulosos veios auríferos da Amazônia poriam em cheque as reservas similares americanas e poderia mergulhar ainda mais o gigante em recessão. Assim, despovoada, subexplorada e subdesenvolvida, não há grandes problemas para a ocupação estrangeira da região. Estrangeira e de Brasília.

A ocupação estrangeira da Amazônia começou com os portugueses e espanhóis, com armas. Agora, é Brasília quem coloniza a Hileia, subtraindo dela energia elétrica e minerais, que vende a preços vis e ainda fica com o dinheiro, ou fecha os olhos para as quadrilhas que toram a floresta e a transportam para São Paulo e países ricos, e ignora as Vales da vida, que só deixam buraco, e os piratas que saqueiam a Amazônia Azul. O planeta inteiro está sedento por fazer da Amazônia o que a Europa fez da África.

O Fundo Amazônia conta com US$ 1 bilhão, principalmente ofertados pela Noruega. O gestor do Fundo é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que gastou apenas, até agora, menos de US$ 100 milhões, enquanto projetos como o Plano Amazônia Sustentável, do governo federal (diga-se, PTMDB), não saiu do gogó. Será que estão gastando o dinheiro do Fundo Amazônia com o pilantra do Hugo Chávez?

Aqui, uma sugestão: que os países que contribuem para com o Fundo Amazônia tirem a dinheirama das mãos do governo federal e o repassem diretamente para um conselho formado por todos os governadores da Amazônia e os presidentes do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil, do Tribunal de Contas da União e da Federação Nacional dos Jornalistas, com metas claras. E se algum membro do conselho for flagrado roubando, que seja jogado aos jacarés.

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