sexta-feira, 17 de maio de 2013

Macapá


Amo muitas cidades. Cada uma delas marcou meu coração. Há, contudo, uma que me ilumina, pois é como uma mulher que desejamos por muito tempo e que de repente está diante de nós, nua, aos primeiros raios do sol de julho. Macapá emerge da boca do rio Amazonas avançando na Linha Imaginária do Equador, e quando a cidade nos engole, mergulhamos num mundo prenhe de jasmineiros que choram nas noites tórridas, merengue, a poesia azul da Alcinéa Maria Cavalcante, a casa do Fernando Canto, que recende ao Caribe de Gabriel García Márquez, mulheres cheirando a Chanel número 5 e maresia, o embalar de uma rede no rio da tarde, mapará com pirão de açaí, tacacá, Cerpinha. Quando entro neste santuário, dispo-me de todas as feridas, e oferto rosas, pedras preciosas e luz, toda a minha riqueza, aos que eu amo, e te chamo, Macapá, de querida! Sempre me perco em ti, e sempre de propósito, numa vertigem da qual só me recupero em Brasília, dias depois. As viagens que fazemos no coração são vertiginosas demais para a pobre física terrena. A casa da minha infância, cada palavra que garimpei em madrugadas eternas, cada gota de álcool com que encharquei meus nervos, cada mulher que amei nos meus trêmulos primeiros versos, cada busca do éter, nas noites alagadas de aguardente, os jardins da casa da Leila, no Igarapé das Mulheres, o Elesbão, a casa da Myrta Graciete, a casa do poeta Isnard Brandão Lima Filho, na Rua Mário Cruz, o Macapá Hotel, o Trapiche Eliezer Levy, estão para sempre no meu coração, que enterrei na Rua Iracema Carvão Nunes.

4 comentários:

  1. QUERO CONSIDERAR 'POR EMPRESTIMO' MUITAS DESTAS PALAVRAS COMO MINHAS.
    LUIZ JORGE.

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  2. Luiz Jorge e Ray Cunha!

    Pena que vocês, por circunstâncias de vidas não possam curtir nossa bela outrora Macapá natural querida, hoje mais adulta e desprezada, porém assim mesma, sempre amada por nós que aqui vivemos,mas, esperamos que ela seja olhada com mais carinho por nossos governantes estadual e municipal, e que com grandes amigos nossos do quilate de Fernando Canto e muitos seguidores, que em plena ORLA da cidade curtimos uma cervejinha legal, água de côco e mineral e apreciando as belas mulheres desfilando em tardes noites. Ray, Olivar e Luiz Jorge, bravos amapaenses brilhando e vencendo fora de Macapá, estão nos fazendo muita falta. Não demorem muito e voltem logo pra batermos animados papos.

    Forte abraço!
    Tadeu Pelaes.

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    1. Caro Tadeu Pelaes

      Ainda hoje estava conversando com Josiane, minha esposa, sobre a orla de Macapá, o Macapá Hotel, o Trapiche Eliezer Levy, os quiosques, o fim da tarde, as mulheres, sensuais como o ar prenhe do perfume de jasmineiros chorando, o azul do céu, tão azul como a poesia da Alcinéa Maria Cavalcante, o rio Amazonas, à caminho do Atlântico, o pouso da Linha Imaginária do Equador, sons do caribe, tão próximos que os ouvimos nos tímpanos – tudo isso faz de Macapá uma mulher única, como singular são todas as mulheres; neste caso, com uma diferença: Macapá é de todos nós. Então, tudo o que temos a fazer é engrandecê-la, fiscalizando prefeito e governador, e, se for o caso, peitando-os. Só precisamos ser honestos para com Macapá, nosso amor. Hoje, contamos, para fiscalizar e exigir das autoridades, uma tecnologia, pós-moderna, extraordinária: a internet – além do voto.

      Abraços!

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  3. TADEU .
    POR FAVOR GUARDE CONSIGO ESTE CONVITE POIS BREVE ESPERO IR BUSCA-LO PESSOALMENTE.
    LJORGE.

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