Teu dorso, à
sombra da tarde que finda e escoa em murmúrios,
É alvo como pétala
de rosa vermelha; sinuoso; nu.
Agarro-me
aos cabelos, às ancas, aos ombros, ao perfume,
Bêbedo de gemidos.
A noite se
instala como transatlântico no porto;
Feérico, iluminado,
Copacabana Palace.
Tuas costas
são alvas como jambo.
De olhos
fechados, sorvo cheiro de nudez,
Sabor de Dom Pérignon, safra de 1954;
Ouço Concierto de Aranjuez, de Joaquin
Rodrigo,
E os 14
minutos e 10 segundos do Bolero, de
Maurice Ravel,
Sob a
regência de Silvio Barbato.
Abro os
olhos e enxergo o halo vermelho da noite,
Suave como o
primeiro movimento, allegro,
Do Concerto para Piano e Orquestra, em Ré Menor,
Número 20, K. 466, de Mozart;
Pulsar longínquo,
o atrito da Terra no espaço,
Gemidos
femininos se esvaindo,
Som de
maresia,
Sangue
circulando nos tímpanos.
O segundo
movimento, romanze,
Estrelas acamando-se no azul da alma.
O terceiro
movimento, rondó,
Flores se abrindo ao riso de crianças.
Solto o
urro, vibrante, de leão alado, ao ouvir gritos abafados,
E sentir que
desmaias ao acme.
Brasília, 15 de junho de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário