Jozef Smets, embaixador da Bélgica, Ray Cunha e Milena Smit,
embaixadora da Eslovênia, no lançamento do livro Na Boca do Jacaré-Açu – A Amazônia Como Ela É, dia 12, no Sebinho |
MARCELO LARROYED*
BRASÍLIA, MARÇO DE 2014 – Quem mora em Brasília pode adquirir
o novo livro de Ray Cunha, Na Boca do
Jacaré-Açu – A Amazônia Como Ela É (Ler Editora, Brasília, 153 páginas, R$
25), no Sebinho, complexo de livraria, cafeteria e restaurante na
406 Norte, Bloco C; pedidos de qualquer região do planeta, incluindo o Distrito
Federal, deve ser feito pelo endereço eletrônico www.lereditora.com.br. Livreiros devem
fazer pedidos pelo e-mail: atendimento@lereditora.com.br, ou pelo
telefone: (55-61) 3362-0008, ou
ainda diretamente na Ler
Editora, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG),
Quadra 3, Lote 49, Bloco B, Loja 59 – Brasília/DF – CEP 70610-430.
Ray Cunha estará
apresentando conto vivo e autografando três livros no stand do Chico Livreiro na
Bienal Brasil do Livro e da Leitura, de 12 a 21 de abril, na Esplanada dos Ministérios:
Na Boca do Jacaré-Açu; Trópico Úmido – Três Contos Amazônicos (edição
do autor, Brasília, 116 páginas, R$ 30); e O
Casulo Exposto (LGE/LER Editora, Brasília, 153 páginas, R$ 28).
Na Boca do Jacaré-Açu é o terceiro volume
da trilogia de contos que começou com A Grande
Farra (edição do autor, Brasília, 1992, 153 páginas, esgotada) e prosseguiu
com Trópico Úmido. A espinha dorsal da
trilogia é a Amazônia, tanto a Hileia quanto as metrópoles da selva. “Isto é a
Amazônia” – comentou, ao ler Trópico
Úmido, o coronel Gelio Fregapani, um dos intelectuais que mais conhecem
geopolítica da Amazônia, mentor da Doutrina Brasileira de Guerra na Selva,
fundador e comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva e autor, entre
outros títulos, de Amazônia - A Grande
Cobiça Internacional (Thesaurus Editora, Brasília, 2000, 166 páginas).
Na Boca do Jacaré-Açu enfeixa 14
histórias curtas, ambientadas em Belém, que acaba sendo personagem subjacente
no conjunto dos contos, e a quem o autor dedica o livro (Cidades são como mulheres. Este livro é para Santa Maria de Belém do Grão
Pará). Algumas histórias têm sequências na maior feira livre da
Ibero-América, o Ver-O-Peso, que aparece em fotomontagem na capa desta edição, bem
como no Marajó, “maior ilha flúvio-marítima do planeta, ao sul do estuário do rio
Amazonas, o maior do mundo, único com estuário e delta, e que despeja por
segundo pelo menos 200 mil metros cúbicos de água e húmus no Atlântico,
tornando as costas do Amapá e do Pará as mais piscosas da Terra, apesar de que a
Amazônia Azul setentrional é a menos estudada pela academia e a mais mal
guardada pelo estado brasileiro” – comenta Ray Cunha.
“O conto que dá
título ao livro, Na Boca do Jacaré-Açu,
é o mergulho suicida do arqueólogo Agostinho Castro nos abismos do Mundo das
Águas, a confluência dos rios Amazonas, Pará, Tocantins e Guamá, e o oceano
Atlântico, abocanhando o arquipélago de Marajó, mais de mil ilhas, a maior
delas do tamanho de Portugal. Jacaré-açu atinge mais de 6 metros de comprimento
e meia tonelada de peso; no conto Na Boca
do Jacaré-Açu, representa a morte, na pessoa do pai de Agostinho, Castro e
Castro” – observa o escritor.
“Sou caboco (sic) de
Macapá, cidade da Amazônia Caribenha que tremeluz na Linha Imaginária do
Equador e se debruça no estuário do Amazonas, a cerca de 200 quilômetros da
boca do maior rio do planeta, quando o Mar Doce penetra fundamente o Atlântico,
fertilizando-o até o Caribe” – define-se Ray Cunha, que mora em Brasília, onde trabalha
como repórter do Portal do Holanda
(o mais lido da Amazônia e vigésimo do país entre os sites auditados pelo
Instituto de Verificação de Circulação – IVC) e estuda Medicina Tradicional
Chinesa na Escola Nacional de Acupuntura (ENAc).
SEGUE-SE ENTREVISTA COM O AUTOR
Como e por que você escolheu o título Na
Boca do Jacaré-Açu?
Trata-se
da história que dá título ao livro. Jacaré-açu é o grande réptil amazônico, que
atinge mais de 6 metros de comprimento e meia tonelada de peso. No caso do
conto, que se passa em Belém e na ilha de Marajó, representa a simbologia da
morte. A personagem central da novela, o arqueólogo Agostinho Castro, é filho
de um homem forte, dominador e suicida, Castro e Castro, que o leva à boca do
jacaré-açu.
Em
que período você escreveu os contos que compõem a obra?
Todos
eles foram produzidos nos anos 1980/1990. Alguns já foram publicados; outros,
são inéditos.
Os
contos têm alguma ligação, um fio temático que os una e justifique, formando
uma obra única?
Sim.
Todas as histórias são ambientadas em Belém do Pará, a quem eu dedico o livro;
algumas delas têm sequências no Ver-O-Peso, a maior feira livre da
Ibero-América. O conto que dá título ao livro, Na Boca do Jacaré-Açu, como já disse, é também ambientado no
Marajó, a maior ilha flúvio-marítima do planeta, situada no que eu chamo Mundo
das Águas, especialmente o Amazonas, o maior rio do planeta, e que despeja no
Atlântico pelo menos 200 mil metros cúbicos de água por segundo.
Quais
escritores influenciaram sua obra e em quê?
Os
escritores que me influenciaram – alguns ainda me influenciam – são muitos, mas
há os mais importantes, os que abrem a porta para outras dimensões, como
Antoine de Saint-Exupéry, Ernest Hemingway, Gabriel García Márquez, Mario Vargas
Llosa, William Faulkner, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha,
e, no caso da Amazônia, Benedicto Monteiro, o mago de Verde Vagomundo. Todos eles me ensinaram, e continuam ensinando,
coisas simples, mas fundamentais, como, por exemplo, enxergar uma rosa nua,
extrair gemidos femininos das palavras, montar a luz, mergulhar como leão de
asas, ver com o coração e garimpar rubis verdes.
Seus
livros têm elementos autobiográficos? Quais?
Tudo
o que fazemos é autobiográfico, o que não quer dizer que os livros que
escrevemos são autobiográficos. Trata-se de um paradoxo, estou ciente disso. O
que fazemos é autobiográfico porque o fazemos; contudo, a realidade carnal não
existe, porque é limitada por altura, largura, espessura, gravidade e tempo. Só
existe, permanentemente, a realidade absoluta, Deus. Assim, as autobiografias
são romanticamente heroicas e jornalismo, às vezes, é mentira pura. Nesse
aspecto, quando se fala em ficção verdadeira é porque o autor deu à luz.
Deixando a filosofia de lado, há muitos elementos autobiográficos no meu
trabalho, especialmente cidades, como Belém, Macapá, Manaus e Rio de Janeiro.
E os
personagens dos contos? Foram baseados em pessoas conhecidas ou são criações da
imaginação do escritor Ray Cunha?
Há
personagens que nascem prontas; outras, são retalhos de várias pessoas;
algumas, ainda, apresentam-se em sonhos e por meio de sons e visões.
Explique
uma de suas marcas como escritor: a repetição, em diferentes obras, de
elementos emblemáticos, como Chanel nº 5 e a personagem Frênia.
Tu
bem o disseste: emblemáticos. Chanel 5 simboliza, para mim, sensualidade; o
Caribe; noites tórridas, encharcadas de jasmim, em Macapá; maresia; o azul, tão
azul que sangra; o perfume das virgens ruivas; rosas nuas; o primeiro beijo;
colostro; negra em vestido de seda; mulher na chuva; espilantol. Daí porque são
elementos recorrentes no meu trabalho de criação. Mais de uma pessoa querida já
me alertou para o que lhes parece falta de criatividade. Mas certos elementos
na escrita de um autor são como fases na produção de um pintor: passam. Quanto
à Frênia, trata-se de um nome feminino danado de sensual; remete-me a frêmito,
frenesi, frenética. Frênia soa como a uma certa noite em que nos dedicamos e
mergulhar o mais fundo possível na mulher mais sensual do mundo; ela é
lindíssima porque a desejamos, e está na nossa frente, nua.
Contato do escritor: raycunha@gmail.com
*MARCELO LARROYED é mestre em língua
portuguesa e escritor
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