RAY CUNHA
Como deve o acupunturista proceder nos casos das paixões avassaladoras?
Haverá agulha tão comprida, e fina, que atinja a alma?
Ou prescindiriam, os danados, de cura?
Pois os pacientes desse mal, ou bênção, sobrevivem nas trevas e na luz
São cinza e asas
E seus corações atingem a velocidade dos despenhadeiros
Do mergulho no maremoto
Do olho do furacão
Do desespero
Não será tamanho sentimento, em si mesmo, o triunfo?
Voo concedido a poucos?
Eterno porque agora?
Creio que descobri um mal – ou bênção?
Que a acupuntura não sana
Pois como apagar a luz com luz
Como ouvir o som da Terra no espaço
Se o coração não se inflama?
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