sexta-feira, 8 de junho de 2018

Como se alimentar para conservar a energia e a saúde, e a manter o peso ideal, por meio da Medicina Tradicional Chinesa


RAY CUNHA* 

Um dos dramas dos nossos dias, em especial no Ocidente, é o excesso de peso e a luta para perdê-lo, quase sempre inglória, porque apenas paliativa. O advento da pecuária e da agricultura em escala, e a massificação das redes de supermercados, mais sofá e televisão, produzem milhões de corpos adiposos em todas as democracias do planeta (nas ditaduras, nos regimes comunistas, o povo cata comida no lixo da elite).

Pois bem, na medida em que os gordos se multiplicam rapidamente, as doenças se alastram, e se multiplicam as dietas miraculosas, inclusive as que deixam o paciente sem apetite para sempre. Mas por que as pessoas engordam muito? É possível emagrecer e manter-se magro e saudável? Grosso modo, a questão é matemática: se uma pessoa come duas mil calorias por dia e gasta a metade, mil serão estocadas no corpo dela, geralmente na barriga e ancas, como gordura. Se fechar a boca, emagrecerá. Mas a questão está em fechar a boca.

É preciso deixar claro que não é apenas o terapeuta que leva o paciente a emagrecer, mas, principalmente, a força de vontade do paciente em seguir a orientação do terapeuta. O eu é a mente, que se manifesta por meio de vários corpos vibracionais. O corpo carnal é o mais denso deles, encerrado num universo limitado por altura, largura, fundura, tempo e força de gravidade, e que reflete o que se passa nos corpos sutis, aqueles que não podem ser sentidos pela matéria.

A mente comanda o cérebro, que, por sua vez, mobiliza o sistema endocrinológico para o funcionamento do corpo. Sentimentos deletérios, como ódio, inflamam o corpo astral, sede das emoções, e isso acaba transpassando o corpo etéreo, sede dos sentidos e escudo do corpo carnal, manifestando-se neste em forma de doenças.

A ansiedade é outro drama da Humanidade. Ansiedade é viver no futuro; como o futuro não existe, vive-se uma fantasia, o que desequilibra os corpos astral e etéreo, atingindo o corpo carnal em forma de fome canina e obesidade.

No tratamento em Medicina Tradicional Chinesa são realizadas anamnese, auscultação de pulso e observação da língua do paciente, para cercar-se tudo aquilo que esteja concorrendo para o aumento de peso. A gênese das doenças, e a obesidade é uma doença, começa no desequilíbrio das energias básicas, Yin e Yang. Assim, o paciente terá que equilibrar sua caminhada, seu posicionamento e atitudes perante a vida; sua alimentação será revista, bem como seus horários; enfim, sua vida será sacolejada. Quando mudamos, o Universo muda também. Se o paciente for ansioso, será orientado a se exercitar em meditação, inclusive para escapar dos sequestros emocionais e da tirania do subconsciente. Então, começará seu emagrecimento. E ele verá que quem come menos vive mais, e melhor, já que o desgaste das células é menor.

Quando ampliamos nosso estado de consciência, transcendemos a dimensão dos gordos. Os gordos só pensam naquilo: comida. Então é hora de mudar os hábitos, hora de introduzir a alimentação energética, fitoterapia, massagem terapêutica chinesa e acupuntura, pilares que alicerçarão a mudança na vida do paciente. O corpo é animado pela energia vital, o Qi da Medicina Chinesa, que circula por meio de canais, os meridianos, conectados aos órgãos. Quando essa energia – que é dupla, Yin e Yang, oposta uma a outra, mas complementares – encontra-se em desarmonia, ocorre a doença e surge a dor. Os pontos de acupuntura são chacras, que, estimulados, promovem a desobstrução dos meridianos, reequilibrando o fluxo Yin e Yang.

Para emagrecer não existe fórmula mágica, e cada caso é um caso. Às vezes, pode demorar muito para um paciente emagrecer porque ele está com seu corpo etéreo tomado por microrganismos e larvas do mundo astral; é a obesidade mórbida. Uma coisa é certa, porém: a magreza, o corpo esbelto, flexível, com tônus, que todos nós, homens e mulheres, jovens e velhos, desejamos, está na mente. O corpo é reflexo da mente. Então, o primeiro passo é amarmos a nós mesmos, do jeito que somos. Depois, que venham as batalhas.

É comum alguém resolver começar uma dieta numa segunda-feira. A decisão é tomada no domingo, após um fim de semana de comilança, bebedeira, ressaca e ódio contra si mesmo, porque o corpo já tomou as rédeas do espírito; o corpo, que é o cavalo do espírito, começa a comandar o atalho do caminho, em descida desabalada na íngreme ladeira do subconsciente, que sempre desemboca no precipício existencial. Chega a segunda-feira e ao sair do trabalho essa pessoa recebe um convite irrecusável: um banquete, com fartura de champagne francês.

Não dá outra: ocorre o que os psicólogos chamam de sequestro emocional; a pessoa esquece imediatamente o propósito tomado no domingo. Sua memória é toda comida; é como se as células implorassem por comida. E ele come, come, come. No dia seguinte, estará mais gordo e com mais ódio de si mesmo.

Alguns ingerem qualquer droga milagrosa que lhes extirpará o apetite, adoecendo-os, e, quando não suportam mais ingerir a droga voltam a comer ainda mais. É o efeito sanfona – encolhe e volta a inchar. Outros se submetem a cirurgias para redução do estômago, continuando gordos e, agora, doentes. O estômago é basicamente como uma máquina de lavar roupa. Se a capacidade da máquina é para cinco quilos de roupa e colocarem seis quilos, não haverá espaço para a roupa ser lavada e ao fim da lavagem a roupa estará manchada de sabão em pó. O estômago tem o espaço certo para metabolizar até determinada quantidade de alimento por vez; se for reduzido, a pessoa terá que comer menos do que o necessário, e ficará desnutrida.

Assim, a dieta, a cirurgia, deve ser mental. Começará pela meditação, que é viver o agora. Isso, é claro, não é fácil, como nada é fácil no mundo material, que muda a todo instante, se degrada, se dilui, incluindo a energia pré-celestial, a que os cientistas chamam de mensagem genética. Para se medir a dificuldade de se viver no mundo carnal basta pensarmos na força de gravidade, que exige esforço até para ficarmos em pé. E há os apelos, alguns irresistíveis, como sexo, por exemplo. Criou-se a pílula azul para os que não conseguem ereção, mas a pílula azul exige um esforço que o coração, às vezes, não suporta. Mas com alimentação saudável as artérias e veias não engordam, não enrijecem, e o Qi conduz naturalmente o sangue.

São três os alimentos, o combustível da existência no mundo carnal: oxigênio, sem o qual não duramos dois ou três minutos; água e comida, sem as quais morremos em três a quatro dias; e alegria, sem a qual morremos em vida. Como obtê-los e consumi-los no momento e em quantidades ideais?

O oxigênio deve ser puxado via narinas pelo diafragma, músculo situado na barriga. De manhã, ao levantar-se, deve-se inspirar profundamente umas dez vezes, e soltar o ar pela boca; desse modo, estaremos oxigenando todo o corpo, especialmente o cérebro, e damos a partida para aquele dia com todo o fôlego.

Pelo menos 90 por cento do nosso corpo são água, matéria-prima para a produção de sangue, líquido sinovial, lágrima, suor; o estômago e os intestinos precisam de água para funcionar, e o sistema linfático só funciona com água. Uma pessoa adulta perde cerca de dois litros de água por dia, e essa água precisa ser reposta. Perceberam por que é importante tomar dois litros de água por dia? Já atendi paciente se queixando de fibromialgia diagnosticada por médico; ele não tomava nem meio livro de água por dia. Prescrevi dois litros de água diariamente e o paciente ficou bonzinho. Àqueles que não conseguem ingerir água, beba-a aos pouquinhos, adicione-lhe sabor, como hortelã, por exemplo, e procure beber bastante suco.

Quanto à comida, há algumas regras básicas. Evite tudo o que você sente que lhe faz mal. Procure também evitar, mas sem estresse, alimentos com muitos produtos químicos, como margarina, por exemplo, que nem os microrganismos comem, ou refrigerantes, como Coca-Cola, que depaupera o baço, órgão que, conforme entendimento da Medicina Chinesa, produz sangue, governa os músculos e enxuga o organismo, inclusive de tumores.

Após as 18 horas, é radicalmente proibido determinados alimentos de natureza fria. O frio trava a circulação do Qi, a energia vital. Esses alimentos de natureza fria são qualquer tipo de fruta, verduras, legumes crus, leite e doces. A noite é fria, de modo que ao alimentar-se com esses alimentos estar-se-á gerando excesso de frio, ou seja, travamento energético. O sono será ruim e o corpo ficará inchado. O melhor alimento, após as 18 horas, é aquele que vai ao fogo, especialmente abóbora e raízes, como mandioca, batata, inhame e cará, pois eles tonificam o baço.

Outro pecado é comer muito à noite. Como quase não gastamos energia ao deitar-nos, o alimento é estocado no corpo em forma de gordura. Assim, à noite, deve-se comer pouco, e pelo menos três horas antes de dormir.

E a alegria? Há muitas coisas que geram alegria. Perdoar-se a si mesmo, e perdoar o próximo, é uma delas; agradecer aos antepassados, a todas as pessoas e a todas as coisas é outra; disciplina, que é a base da liberdade – liberdade é equilíbrio, harmonia –, é garantia de felicidade. A mente rica é a mente feliz. O bilionário que está preso, ou que é paciente de câncer, é infeliz, logo sua mente não é rica; inclusive dinheiro pode, e não devia ser assim, gerar preocupação, ansiedade. Daí que dinheiro é um valor simbólico, que vale pelo bem que pode proporcionar. Creio que o fator que mais gera alegria é fazer o bem. E só podemos fazer o bem por meio do sentimento de amor, e, para amarmos, é preciso que amemos primeiramente a nós mesmos. Então entenderemos a leveza da luz.  

Biliografia

DUKAN, Pierre. A escada Nutricional: Uma alternativa ao método Dukan clássico. Rio de Janeiro: BestSeller, 2015.

GERBER, Richard. Medicina vibracional: Uma medicina para o futuro. São Paulo: Cultrix, 2007.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos – 23ª Edição. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1984.

MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2007.

MIYAURA, Junji. Os 5 corpos do ser humano. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2016.

PINHEIRO, Robson: pelo espírito de Joseph Gleber. Medicina da alma – 2ª Edição. São Paulo: Casa dos Espíritos, 2007.

TANIGUCHI, Masaharu. A verdade da vida – 1º Volume. 8ª Edição. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 1992.

*RAY CUNHA é autor do romance FOGO NO CORAÇÃO, ambientado no mundo dos acupunturistas de Brasília/DF. FOGO NO CORAÇÃO e outros livros do autor poderão ser adquiridos na Amazom.com.br e no Clube de Autores

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