RAY CUNHA*
As células nascem e morrem ao longo de toda a vida, exceto
os neurônios, que permanecem vivos da formação do feto até a morte do corpo
físico. A cada divisão das células, fragmentos de DNA podem ser perdidos,
causando erros genéticos que são transmitidos para as células-filhas; chega um
momento em que a célula não consegue mais se dividir e é destruída pelo próprio
organismo. Isso acontece o tempo todo, e pode ocorrer de uma célula mutante
sobreviver e começar a se multiplicar, até formar um aglomerado capaz de
resistir aos linfócitos. Isso é um conceito alopático de câncer.
Mas por que algumas pessoas são vítimas de câncer e outras
não? Na condição de terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa, cuidei de uma
paciente oncológica septuagenária, que tomava 15 medicamentos diariamente,
alguns dos quais de tarja preta, sentia dores generalizadas e não dormia bem. Tensa,
qualquer preocupação a deixava mais tensa ainda. Como não conseguia deitar-se
para ser massageada ou para acupuntura o atendimento era feito com ela sentada.
Conseguia fazê-la relaxar com a massagem terapêutica chinesa (tuiná), mas logo
depois sua região cervical assemelhava-se a um pedaço de madeira.
Após várias sessões e perguntas recorrentes, mas feitas de
forma sutil, consegui entender o que lhe ocorrera. Anulara-se a vida toda primeiramente
perante o pai e, depois, o marido. Seu filho único tirou a própria vida naquele
momento em que a juventude é imortal. E ela, desde então, levantava-se e ia
dormir pensando no filho, numa saudade que a sufocava, e a matava a conta-gotas.
Foi quando o cancro começou a latejar no seio direito dela.
A coisa toda surgiu no corpo astral, sede das emoções, minou
o corpo etéreo, sede dos sentidos e escudo do corpo físico, e se instalou no
seio direito, que é o lado feminino. Ela me contou que logo depois da morte do
filho, ele lhe disse, em sonho, que estava bem. Mas como serenar a mente da mãe
que perde o filho? Como devolver a alegria da mãe que perde de vista o filho
único, no esplendor da juventude, perdido nos corredores escorregadios da
loucura dos suicidas? Agulha alguma faz isso. Mas pode-se reequilibrar o corpo
físico, fechar as frestas do duplo etéreo e extirpar a inflamação astral.
Na Medicina Tradicional Chinesa, identificamos causas
externas e internas das doenças. Aquelas são o vento, o frio e o calor
excessivos, secura e umidade; estas, raiva, alegria excessiva, preocupação,
pensamento obsessivo, choque emocional violento, tristeza, medo. Tudo isso pode
causar desequilíbrio energético e disparar a doença. Neste contexto, câncer é o
equivalente a desequilíbrio energético no meridiano do baço, que, então,
encontra-se depauperado, falhando numa de suas funções, a de remover a umidade
interna, massa viscosa, como catarro, mioma no útero, cisto no ovário, cálculos
renais ou na vesícula, tumores benignos ou malignos.
Em termos energéticos, preocupação e estresse depauperam o
baço, levando a distúrbios digestivos e à fadiga crônica, como se o paciente
estivesse carregando o mundo nas costas. Daí à depressão é um passo. Consumo em
excesso de alimentos frios, crus e úmidos, muito açúcar e gordura também enfraquecem
o baço, assim como trabalho em excesso e frequente perda de sangue. Assim, em
termos energéticos, prevenir o câncer é evitar tudo o que afunda o Qi do baço. Quanto
ao câncer oriundo de predisposição genética, teoricamente pode ser tratado pelo
meridiano do rim, que contém a energia pré-celestial, ou o Qi essencial.
Além disso, deve-se, imediatamente, cortar os suprimentos
favoritos do parasita que cresce no organismo do paciente oncológico: açúcar,
leite e carne. E procurar oxigenar o máximo possível as células sãs, pois
cancro não suporta ambiente oxigenado.
Contudo, muitos males surgem no corpo astral. Ódio, medo,
tristeza, ira, crueldade, inveja, ambição desmedida, avareza, são alguns dos
sentimentos que provocam inflamações no corpo astral e frestas no escudo do
corpo físico, o duplo etéreo, provocando as mais diversas e assustadoras
doenças, inclusive a loucura, e desfechos como o suicídio, que é um cancro que
corrói tanto o paciente danado quanto o coração dos que ficam neste plano,
porque o suicida abrevia a vida às vezes no momento mais esplendoroso da sua
juventude, e fica no limbo, agarrado ao corpo etéreo, ou seja, nem no mundo
espiritual nem no mundo físico.
Assim, amar, principalmente a si mesmo; perdoar; ter
gratidão por tudo o que tem, mesmo que seja um par de sandálias japonesas, uma
bermuda e uma camiseta; ser útil à família, à sociedade e à pátria é remédio,
que, embora em doses cavalares, não se transforma em veneno, porque é, sempre,
luz.
E se o câncer já tiver avançado e deteriorado a matéria de
maneira que não haja mais recuperação, perdoar-se a si mesmo é o antídoto que
devolverá o equilíbrio, a serenidade, o riso, e levará ao degrau seguinte na
caminhada infinita do Tao.
Os meridianos da acupuntura estão situados no corpo etéreo. Isso
ficou bem claro para mim quando atendi o sr. V, no Centro Espírita André Luiz
(Ceal), no Guará I, Brasília/DF, onde realizo trabalho voluntário aos domingos
de manhã, juntamente com uma equipe de terapeutas holísticos. No Ceal, os
pacientes são atendidos de acordo com a ordem de chegada e pelo terapeuta que
estiver disponível. Examinei a ficha do sr. V, que tinha 70 anos; sua grande
queixa era a extração do intestino grosso. Era a trigésima terceira sessão dele,
mas fui direto à queixa original, que, além da retirada do intestino grosso, registrava
também dores lombar, sacral e nos ombros e braços, insônia, prisão de ventre e
úlcera gástrica.
O sr. V me contou que todas as semanas procurava o
pronto-socorro, sofria de diarreia crônica e tudo o que comia lhe fazia mal.
Observei-lhe a língua e senti seus pulsos; suas energias esvaíam-se. Eu
começara, então, a desenvolver uma técnica, a que chamo de acupuntura dos
corpos vibracionais, físico, etéreo, astral, espiritual e divino.
– O senhor sabe que
ainda tem seu intestino grosso, não sabe? – perguntei-lhe, olhando-o nos olhos.
Os olhos dele brilharam, numa interrogação. – O senhor continua com o seu
intestino grosso, só que no corpo etéreo, que liga o corpo carnal ao corpo
espiritual, daí que o corpo etéreo é conhecido também como perispírito, ou
duplo etéreo, porque liga o corpo físico ao espírito, e o espírito é imortal,
não pode adoecer, não com as doenças que conhecemos aqui, neste plano. Seu
intestino grosso foi extraído do corpo físico, mas ele continua intacto no
corpo etéreo. Não podemos ver o corpo etéreo, porque sua vibração é muito mais
fina do que a do corpo material, que tem uma vibração tão baixa que se
materializa.
Ele entendeu na hora, e o brilho dos seus olhos continuou,
como duas pequenas lanternas. Sei que só eu podia ver o brilho dos seus olhos,
e percebi também que ele sorria.
– Bem, como o senhor não perdeu nada, muito menos seu
intestino grosso, vou fazer a limpeza do canal do intestino grosso – disse-lhe,
explicando-lhe, rapidamente, sobre os meridianos, que atravessam o corpo como
um feixe de fios. Na Medicina Chinesa, limpar um canal quer dizer aplicar
agulhas no primeiro ponto daquele canal e cruzar com o último ponto. Então
apliquei agulhas no IG 1 esquerdo, que fica no leito ungueal radial do dedo
indicador, e o IG 20 direito, no ponto de encontro entre a linha nasolabial e a
lateral da asa do nariz.
Apliquei mais o estômago 36 bi, para fortalecer o Qi e o
sangue, aumentar o Yang e minorar dores epigástricas, náusea, vômito, má digestão,
tontura, fadiga, e fortalecer o corpo e a mente, além do estômago 25, para
equilibrar o baço, estômago e intestinos, pondo fim à diarreia. Ainda, apliquei
o vaso concepção 12, para tonificar estômago e baço, e o yintang, para extirpar
ansiedade e disciplinar os pensamentos, acalmando, assim, a mente, o que acaba
melhorando o sono.
Pouco mais de 20 minutos depois foram retiradas as agulhas
do sr. V. Orientei-o a tomar pelo menos dois litros de água por dia e a cortar
leite, frutas, salada e legumes crus a partir das 18 horas e a passar a comer,
à noite, alimentos quentes, principalmente abóbora e raízes, como batata, cará,
inhame e mandioca. Frutas, salada, alimentos crus e gelados são de natureza
fria; a noite é de natureza fria, o que gera excesso de frio. Frio, na Medicina
Chinesa, é travamento energético, e arrasa com o baço.
Notei que o sr. V saiu do ambulatório com vivacidade, “pois
agora” – pensei – “ele sabe que seu intestino grosso está lá com ele”.
Orientei-o também a me procurar no domingo seguinte. Uma semana depois ele
voltou e me disse que não baixou hospital. Outro terapeuta o atendeu e repetiu
o protocolo da semana anterior.
Três meses depois recebi a notícia: o sr. V se deu alta.
Atendemos, no André Luiz, médiuns que trabalham no centro,
muitos deles com todo tipo de doenças. São obsedados por espíritos que pensam
que ainda se encontram no plano carnal e que estão doentes. Digo-lhes que
precisam, ao orarem, de manhã, e à noite, agradecer aos seus antepassados,
especialmente aos pais; a perdoarem a si mesmos e a enxergarem no próximo –
incluindo os drogados, os raivosos, os cancerosos, os que foram estuprados, os
que gritam de dor – apenas perfeição. É assim que se limparão das larvas
espirituais.
Interessante que esses médiuns veem que nós, os voluntários,
estamos cercados de mestres vindos do mundo espiritual, que nos orientam,
vigilantes, para que o amor triunfe ali naquele ambulatório. Foi por isso que o
sr. V pôde se dar alta.
Tudo no Universo é energia, vibração. O físico alemão Albert
Einstein teorizou isso no século 20 por meio da equação E (energia) = m (massa)
vezes c2, a velocidade da luz – 300 mil quilômetros por segundo – elevada ao
quadrado – 90 bilhões. Nada no Universo está parado, tudo está em movimento.
Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma: o Universo não teve início e não
terá fim, e está em eterna transformação. Alguém prova o contrário?
O movimento do Universo obedece à lei. A Terra gira em torno
do seu eixo e gravita em torno do Sol a 108 mil quilômetros por hora; o sistema
solar gira em volta do núcleo da Via Láctea a 830 mil quilômetros por hora; a Via
Láctea dirige-se para o Grupo Local a 144 mil quilômetros por hora; o Grupo
Local voa para o aglomerado de Virgem a 900 mil quilômetros por hora; tudo isso
segue em direção ao Grande Atrator, a 2,2 milhões de quilômetros por hora; o
Grande Atrator fica para além de Centauro, a 137 milhões de anos-luz da Terra.
E por que a Terra não despenca no espaço sideral? Porque um
tipo de energia garante que o planeta siga na sua rota. Mas se o homem começar
a detonar bombas atômicas, ou a poluir em excesso a natureza, a inclinação do
eixo da Terra, ou seu clima, sofrerá mudança dramática, e então virá o caos.
Assim, tudo no Universo é energia, vibração e sintonia. O
que sintonizamos nas ondas de rádio é a sua vibração, assim como as pessoas
tristes e que odeiam atraem a tragédia, a morte, e os que se alegram e amam são
os leões de asas, porque cavalgam a luz.
Biliografia
GERBER,
Richard. Medicina vibracional: Uma medicina para o futuro. São Paulo: Cultrix,
2007.
KARDEC,
Allan. O livro dos espíritos – 23ª Edição. São Paulo: Instituto de Difusão
Espírita, 1984.
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Giovanni. Os fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2007.
MIYAURA,
Junji. Os 5 corpos do ser humano. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2016.
PINHEIRO,
Robson: pelo espírito de Joseph Gleber. Medicina da alma – 2ª Edição. São
Paulo: Casa dos Espíritos, 2007.
TANIGUCHI,
Masaharu. A verdade da vida – 1º Volume. 8ª Edição. São Paulo: Seicho-No-Ie do
Brasil, 1992.
*RAY CUNHA é escritor e terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa, autor do romance FOGO NO CORAÇÃO, ambientado no mundo da acupuntura em Brasília/DF
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Oi amigo Ray.
ResponderExcluirParabéns pela sua fala.
Uma explanação digna de um estudioso e dedicado profissional em MTC. Muito mais que isso é a atuacaa nos trabalhos voluntários do Ceal. Uma oportunidade de servir aos irmãos necessitados sem discrição.
Que a busca pelo conhecimento seja sua força maior, o trabalho elaborado a motivação de jamais desistir, e as vitórias alcancadaa sejam sempre o sorriso da alma.
Um forte abraço.
Emerson Carvalho.
Namastê.