RAY CUNHA
raycunha@gmail.com
Desde criança, H descobriu que amava música, tinha voz belíssima
e aprendeu a tocar violão sozinho. Filho de um advogado riquíssimo e de uma
dona de casa, viveu feliz até os 18 anos, quando seu pai lhe disse que era hora
de quebrar o violão e seguir a carreira que na família passava de pai para
filho: a advocacia. H argumentou que queria se tornar músico profissional, que
só precisava de mais um tempo até firmar-se como artista e poder pagar suas próprias
contas. Ele mesmo, seu pai, não comprara um quadro de Di Cavalcanti por um milhão
de reais? Então, Di fora um vagabundo? Mas seu pai não quis saber de nenhum
argumento, exigiu-lhe que largasse o violão e fizesse o curso de Direito;
depois disso até poderia rever o caso. Filho criado debaixo da saia da mãe e de
pais controladores, H guardou o violão e começou a fazer o curso de Direito, ao
fim do qual se matou.
O que é Deus? Quem é Deus? O que Deus faz? Como Ele faz? Como
Ele surgiu? Terá fim? Todas as religiões dão a entender que Deus é a harmonia
do Universo, um estado de consciência perfeito, pleno e absoluto, o Tao, o caminho
ascendente e eterno a seguir, um processo evolutivo, a ampliação da consciência.
Se assim considerarmos, a vida material significa, nesse processo, apenas um
trecho ínfimo do caminho, porém extremamente desafiador. Contudo, sempre
contamos com o que chamamos de intuição, uma inteligência diversa daquela
desenvolvida pela ciência, pela academia. Trata-se de uma inteligência que
transcende a matéria, e sua captação depende do estado de consciência.
A melhor maneira de desenvolvermos a intuição é por meio da
meditação. Meditar é procurar ficar sozinho, acalmar-se, serenar a mente, até
conseguir equilíbrio suficiente para começar a disciplinar o cipoal de
pensamentos que nos acorre a todo instante, principalmente nos ansiosos, e
atingir um estado de foco, de mergulho no agora. A oração é a melhor meditação
que eu conheço, pois além do equilíbrio, nos põe em contato com o divino, com a
intuição. Assim, quanto mais intuição nós desenvolvemos mais eternidade sentimos
agora.
Aos 24 anos de idade, Ernest Hemingway era um promissor correspondente
na Europa de um jornal canadense, Toronto
Star Weekly, quando fez uma opção que o levaria a passar fome em Paris:
queria ser escritor, mas para isso teria que deixar o jornalismo para se
dedicar à literatura. E foi o que fez. Elizabeth Hadley Richardson, a primeira
esposa do romancista, que viria a casar-se mais três vezes, tinha um pequeno
rendimento no mercado financeiro, e foi desse rendimento que o casal, já com um
filho, John Hadley Nicanor Hemingway, sobreviveu até o autor se tornar uma
celebridade mundial, aos 27 anos, com o clássico O Sol Também se Levanta, publicado em 1926. Se Hemingway não
tivesse seguido sua intuição, teríamos um jornalista medíocre no lugar de um
escritor revolucionário, pois Hemingway revolucionou a literatura, criando um
estilo literário sem rebuscamento, com as palavras funcionando como bisturi, uma
amálgama de profundidade poética e a escrita com a objetividade do soco no
queixo, desferido por um peso-pesado.
É que Hemingway estava aberto para a intuição. Aliás, os
artistas são tão intuitivos quanto as mulheres. No caso deles, parecem ter
antenas especiais, pelas quais recebem a luz da criatividade. Naquela época, o
gênio de O Velho e o Mar estava em
formação, ainda tinha a flexibilidade e a misteriosa indestrutibilidade das
mulheres. As mulheres são como as rosas, delicadas, mas infinitamente fortes na
sua beleza mais íntima, a pureza. Tudo o que Hemingway fez foi decodificar a intuição
e tomar uma decisão, crucial, que iria mudar todo o seu destino, e o dos que
ele amava e dos que o amavam.
Podemos chamar a intuição que Hemingway sentiu de
oportunidade, que é aquele momento em que, se quisermos mudar nosso destino,
precisamos segurar a oportunidade com unhas e dentes, sem importar-se que o
futuro acene com a fome. Determinada a trilha a seguir, agora é oxigenar o
talento, livrá-lo das garras que poderão sufoca-lo e desenvolvê-lo. Acontece
muito de pais controladores sufocarem os filhos, determinando como eles devem
viver e que curso fazer, pois desconhecem que ninguém, nunca, jamais, pode
viver a vida alheia. Somente cada um de nós é que pode viver a própria vida, as
próprias circunstâncias. O máximo que os pais podem fazer pelos filhos é amá-los;
não devem, nunca, escravizá-los. Às vezes, os pais imaginam que controlando
todos os passos dos filhos poderão evitar a tragédia; só que não. Cada qual
constrói sua própria vida. Esse é o Tao, o Caminho, a evolução.
A intuição atua o tempo todo na nossa vida material; é a
nossa consciência. E se não a vemos, mas apenas a sentimos, significa que é nosso
pé no mundo espiritual, onde as coisas, os acontecimentos, as descobertas, as
invenções, as obras de arte geniais, onde tudo o que acontece na Terra, é
projetado, pois, na verdade, somos seres mentais. A matéria é apenas sombra da
mente, reflexo da mente, a oportunidade de evoluir mais rapidamente, de ampliar
nossa mente e descobrir novas dimensões, muito além do mundo material, que é
tosco, muda a todo instante, e é finito.
Há as pessoas que estão em um estado de consciência ainda longe
de alcançar a intuição, o que é normal na escala evolutiva, porém as que já
conseguem ouvir a voz interior, sigam-na, pois a intuição vem sempre da Grande Harmonia.
E é assim que o talento se revela, por meio da intuição. E se o veio do talento
estiver numa região de acesso aparentemente impossível, não se intimide, siga
adiante, pelo simples fato de que aquela trilha é a única que o levará ao
degrau seguinte na espiral do Caminho.
Nada desestimula a determinação; nada a intimida. Nem fome,
nem dívidas, nem doenças, sofrimento algum a intimida, nem a morte. Talento
requer determinação apostolar para desenvolvê-lo. Ouça a sua intuição e
desenvolva seu talento. Jamais se impressione com as coisas da matéria, que é
tosca, muda a todo instante, e é finita. A verdade só pode ser vista com os
olhos do coração. Uma mulher muito linda envelhecerá, assim como as rosas
vermelhas, mas a vibração da beleza das mulheres lindíssimas e das rosas
colombianas é para sempre.
A intuição é a voz de Deus, ou do Universo, ou do amor, e o
talento é a capacidade que cada um de nós possui para realizar determinadas
tarefas, como Van Gogh deteve a luz nas suas pinceladas e Mozart escreveu as
partituras do som da Terra girando na galáxia. E quando o talento é realmente
utilizado, há curas, o azul sangra de tão azul, o riso das crianças sobrepõe-se
à música de Mozart, as rosas se desnudam e a luz triunfa.
Biliografia
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