sábado, 25 de maio de 2019

Amanhã, vamos para a rua, ver o que acontece



BRASÍLIA, 25 DE MAIO DE 2019 – Tomei um espresso curto na Kopenhagen e fui à Livraria Leitura; fiquei mais ou menos meia hora namorando e folheando alguns livros, especialmente os do Stieg Larsson; vi a hora no meu celular e me mandei, fui para a frente do Conjunto Nacional aguardar ônibus para o Sudoeste. Eram 17 horas. A tarde já estava bastante agradável. Posicionei-me e fiquei olhando o passa-passa. Havia um velhote ao saxofone, tocando Biquini de Bolinha Amarelinha, e, distante dele uns 20 metros, uma dupla de velhotes, um homem e uma mulher, ele, ao violão, cantando músicas da Jovem Guarda, mas eram tão ruins que estava difícil de dizer exatamente a gravação, contudo dava para perceber que eram canções da Jovem Guarda.

Um segurança afastou dois marreteiros do calçadão. Aí vi que o calçadão estava livre, sem o corredor polonês feito pelos ambulantes. Eles estavam concentrados na Rodoviária do Plano Piloto, pertinho do Conjunto Nacional. Falar em Rodoviária, aquilo está tomado pelos ambulantes; temos que ter cuidado por onde andamos, se não pisamos em algum produto posto à venda sobre um pano, no chão. Havia também na calçada dois daqueles sujeitos que passam o dia em pé, imóveis, representando algum herói de história em quadrinhos, e um tipo vendendo óculos, além de algumas pessoas perturbadas zanzando por ali, e muita mulher bonita passando, algumas, seminuas, belezas que só podemos ver no trópico.

Passou um cara com uma camiseta onde se lia “Lula livre”.

– Deve estar cheio de maconha ou de 51 – um sujeito, ao meu lado, murmurou.

“O aborto de ditador Lula Rousseff desviou pelo menos um trilhão de reais” – pensei, lembrando-me do assalto ao BNDES, à Petrobras, por meio do gigantesco cabide de empregos instalado nos três poderes e dos supersalários a pessoas que nem compareciam ao trabalho, por meio da Bolsa Família, da transposição do rio São Francisco, do Mensalão, da JBS, dos filhos da jararaca, todos agora miliardários, por meio de empréstimos bilionários a ditadores mundo afora, uma verdadeira lavanderia, por meio de tudo o que se pode imaginar e etc. etc. etc.

O plano era aparelhar tudo, incluindo a imprensa, e dar o golpe, não sem antes desarmar a população, desqualificar o ensino público e tentar corromper as Forças Armadas. Mas o jacaré abortado não contava com a vaca podre. Adivinhem que é a vaca podre! Bom, antes de receber uma bicuda no rabo, implodiu o PT e jogou a hiena velha na jaula. Depois, aconteceu uma coisa que os socializadores dos bens alheios jamais esperavam: os patriotas elegeram um capitão do Exército presidente da República.

“Amanhã, vamos para a rua, ver o que acontece” – pensei. “Pelo que tudo indica a queda de braço entre o governo Bolsonaro e patriotas contra os corruptos que ainda apitam no Brasil não vai chegar ao fim com o estado de coisas do jeito que está, ad infinitum! Não, isso só acabará ou com o império da depravação vencendo e a elite da corrupção voltando a todo pano, ou com os assassinos que ainda comandam o país agarrados e jogados na jaula, de modo que, se conseguirem sair da jaula, estarão tão deteriorados que não conseguirão nem mais mamar líquido, quando mais dinheiro! É aí, no fim desta queda de braço, que o diabo vai se soltar!”

O Sudoeste despontou. Peguei dinheiro trocado, paguei ao motorista, que também é trocador, e me mandei para casa.

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