BRASÍLIA, 22 DE AGOSTO DE 2019 - Meus amigos partiram. Alguns, para o mundo espiritual; outros, da juventude, permanecem fiéis a Karl Marx. Houve, inclusive, um, que, depois de ler artigo meu referindo-me a Lula Rousseff como aborto de ditador enjaulado, pôs fim a uma estupenda amizade. E há os que simplesmente se perderam de mim nas dobras do tempo.
Mas continuo rico, paparicado pelos meus amores, e na minha estante encontro todo o planeta, e amigos eternos, como Ernest Hemingway, Antoine de Saint-Exupéry, Gabriel García Márquez e Masaharu Taniguchi. Tenho também novos amigos, que estão me levando para conhecer a Via Láctea, como Laércio Fonseca e Jorge Bessa.
Além da família, da estante e dos amigos que vivem no meu coração, tenho as madrugadas, jasmineiros e rosas, que são eternas, o mar, o azul e o Sudoeste. Às vezes, Mozart toca ao piano o som da Terra girando no espaço. E quando escrevo um poema, o terremoto do primeiro beijo se instala em mim durante vários dias.
O amigo com quem eu conversava durante horas sobre livros e escritores foi para Cuba, e eu voltei a conversar, com vivos e mortos, nas livrarias, que também estão mudadas. A Saraiva do Conjunto Nacional, por exemplo, não tem mais a estante de revistas semanais, embora continuecom suas mesas e cadeiras onde podemos ler à vontade. Ia lá para ler Veja, mas perdi o apetite por ela, porque o PT a corrompeu. E depois, seus alto-falantes continuam gritando rock moribundo.
O século 20 ficou realmente para trás. Com a invenção da web, os políticos não conseguem mais matar bebês nas maternidades nem crianças nas escolas, em escala industrial, pois a população toda agora é de jornalistas, e suas redações são a internet. É por isso que na China e na Coreia do Norte a web é proibida.
E em 1 de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro assumiu o comando do país. Os assassinos, ladrões, assaltantes, estupradores, traficantes, escravocratas, corruptos em geral, estão furiosos, especialmente os supremos, mergulhados numa bacanal nos seus palácios, dentro dos seus automóveis de vidraças negras, nas suas amplas casas e apartamentos.
Ficam para trás honoráveis como Jegue Sarney, carcaça carcomida pelas larvas da corrupção, os beiços macilentos agarrados, numa bocada, nas tetas da sua província, o Maranhão e Amapá. Macapá, minha cidade natal, ainda não saiu do século passado; continua sobre fossas sépticas, e ainda não tem, nem nunca teve, uma livraria de verdade. Não tem rede de esgoto e nem livraria porque seus prefeitos, e os governadores do Amapá, estão, e estiveram sempre, preocupadíssimos apenas com mordomias, diárias, cabides de emprego e verbas federais.
Os novos tempos vieram para ficar. Se em 2018 vimos a hiena velha Lula Rousseff ser enjaulada e os patriotas elegerem Jair Bolsonaro, 2019 é a boca do abismo que engolirá as cinzas do PT. É o ano do resgate das nossas esperanças.
Possivelmente, em 2019, a ciência comece a descobrir que nós, humanos, somos seres espirituais, que o corpo é somente uma experiência material necessária para evoluirmos e ascendermos, e que a matéria não existe de fato, pois tudo muda, de um momento para outro. Nascemos, tornamo-nos criaturas magníficas, perdemos energia, ficamos igual maracujá de gaveta e desaparecemos fisicamente.
O passado não existe, nem o futuro. Somos eternos agora, fortes como as rosas de nióbio, intensos como o perfume dos jasmineiros de Macapá, em julho, serenos como o porto seguro que é a mulher amada, como o som do apartamento de madrugada, uma xícara de café Três Corações, gourmet, às 5 horas da manhã, buraco negro vertendo azul quântico.
Quanta agressividade política, meu nobre!
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