Olivar Cunha, Ray Cunha e Josiane Souza Moreira Cunha: agora é a eternidade |
Edição da amazon.com |
BRASÍLIA, 5 DE
DEZEMBRO DE 2019 – No primeiro volume dos 40 livros fundamentais da
Seicho-No-Ie, Masaharu Taniguchi desenvolve uma teoria interessante: em uma
década e meia todas as células do corpo humano são renovadas, de modo, que, a
rigor, tem-se um novo corpo em relação há 15 anos. Mas continuamos sentindo as
mesmas coisas. Logo, entre A e B, existe algo que subsiste, algo essencial,
presente.
Há 2.500 anos, os budistas já sabiam que a matéria não
existe, e, no início do século passado, um cientista, judeu-alemão, Albert
Einstein, teorizou esse conhecimento. Hoje, sabe-se, cientificamente, que não existe
matéria. O que há são vibrações, que, para fins de estudo, são denominadas
prótons, elétrons e nêutrons, e vazios imensos. Essas vibrações formam átomos,
que formam moléculas, que formam energia densa, ou seja, matéria. No caso do corpo
humano, as células, tijolos da carne, são formadas por átomos, e animadas pela
vida.
Edição do Clube de Autores |
Desde Alan Kardec, no século 19, e depois, a partir de 1947,
com a aparição cada vez mais comum de discos voadores e ETs, bem como da hoje
numerosa literatura psicografada por médiuns, só mesmo cientistas empedernidos,
como Stephen Hawking, afirmam que tudo é matéria e que não existe nenhum plano
além da matéria, a qual, para eles, surgiu de um tal de big-bang, há 15 bilhões
de anos, e também que nós, seres humanos, surgimos de uma célula que adquiriu
vida sabe Deus como, se multiplicou, e, milhões de anos depois, evoluiu até
formar o cérebro humano tal como o conhecemos hoje.
Cientistas há que já sabem que nós, seres humanos, somos
espíritos, criaturas de outros planos, além da matéria, assim como inúmeras
raças que habitam o Universo, e que encarnamos para obter a experiência da matéria
e evoluir mais rapidamente, pois neste plano tudo muda a todo instante e somos cercados
de limitações, inclusive a da morte carnal. Mas no império da lei, que é a
vida, tudo no Universo avança, nada retrocede, e não há passado, nem futuro. A
eternidade é agora.
O espírito é uma expressão da Vida, e, quando encarna,
utiliza-se de um corpo ao qual podemos chamar de perispírito, ou corpo astral,
ou, para ser acadêmico, psicossoma, que se conecta com a hipófise, ou
pituitária, e esta ao cérebro, para que o espírito possa utilizar o corpo
carnal, uma espécie de escafandro usado para a caminhada sob a força de
gravidade da Terra.
Assim, nessa caminhada, só existe o agora e o agora, o
momento mesmo da vida. Nostalgia, remorso, sentimento de culpa, ansiedade,
angústia, são sentimentos deslocados do presente e que remetem ao medo, e o
medo corrói o períspirito e se reflete no corpo carnal em doenças, como câncer.
Então, todos buscam viver o agora e o agora, o momento mesmo
da vida, a liberdade do espírito, que não adoece, que não arrasta um corpo
material e que pode ir para aonde quiser. Masaharu Taniguchi prega que podemos
atingir esse estado aqui e agora, no mundo cármico. Acontece de turistas
ocidentais irem à Índia e observarem monges, cercados de miséria, meditando à
margem do poluído rio Ganges. Mas ali, só está o corpo carnal dele. Onde estará
seu espírito? Talvez nem na Via Láctea, mas a bordo de uma nave rumo à
Hidra-Centauro.
A vida é um tesão, como disse Olivar Cunha. E só podemos ter
a noção do agora e o agora, a alegria de viver, a intensidade, o voo
vertiginoso da luz, quando amamos. Amar é quando percebemos o azul, quando avançamos
no misterioso labirinto da mulher amada, quando crianças riem na manhã, em meio
a zínias e rosas, quando a sensação do primeiro beijo nos transporta para a
eternidade. E só amamos pelo desapego. Não tenho apego a nada, nem a mim mesmo;
este é o segredo da velocidade superior a da luz, a do elétron.
Antes de escrever o romance A CASA AMARELA, passei anos
sonhando, de forma recorrente, o mesmo sonho: planava, mesmo sem ter asas,
sobre a casa da minha infância, que era amarela, e sobre jardins imensos de
zínias multicoloridas e rosas vermelhas. Então comecei a criar uma história, e
quando a concluí, nunca mais sonhei com a casa amarela. Na história que criei
há um portal, o Quartinho, onde escritores, personagens de ficção e pessoas
vivas e mortas se reúnem. Ali, a vida é para sempre, como uma crônica de
Fernando Canto, uma tela de Olivar Cunha, um conto de Hemingway, um romance de
Fitzgerald, um bate papo com João Raimundo Cunha, meu pai.
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