RAY CUNHA
BRASÍLIA, 7 DE DEZEMBRO DE 2020 – A posse da diretoria da Abrajet/DF
(Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo) foi transferida de 18 de
dezembro para o fim de janeiro de 2021, por questões de agenda da Abrajet
Nacional, presidida por Evandro Novak. A associação será presidida no Distrito
Federal pelo jornalista Luiz Solano, assessorado pelo seu vice, Wilon Lopes, e
diretores: Adilson Vasconcelos, Renata Poli, Ruy Telles, Sionei Leão, Suellem
Vieira e o repórter que assina este artigo.
A partir da instalação dos
trabalhos legislativos, em fevereiro, a Abrajet deverá dar início a um trabalho
voltado para o mais importante projeto de turismo atualmente em discussão, que
é a legalização de cassinos, bingos, caça níquel e jogo do bicho, ora em debate
no Senado da República.
Enquanto os jogos de azar são
legais em vários países, como, por exemplo, nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha,
Inglaterra, Bélgica, Espanha, França, Itália, Turquia e China (Macau), no
Brasil eles só aconteceram de 1920 até 1946. Desde lá, são proibidos por
decreto de abril de 1946, assinado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra,
argumentando que os jogos eram “nocivos à moral e aos bons costumes”.
O Brasil chegou a ter 70 cassinos,
grandes centros de entretenimento, com restaurantes, bares, salões de baile e
teatros. Nos anos de 1930, Carmen Miranda pontificava nos cassinos cariocas.
Com o jogo expulso para a
clandestinidade, cerca de 55 mil brasileiros foram para a rua da amargura,
desempregados. Mas de uns 30 anos para cá várias vozes no Senado, que é a casa
que pode legalizar o jogo, começaram a soar, cada vez mais altas. Agora, a
ideia ganhou um reforço e tanto: percebe-se, nos seus discursos e bate-papos
com o povo, que o presidente Jair Bolsonaro sacou que é uma boa ideia, aliás, uma
excelente ideia, legalizar o jogo.
O jogo tem o potencial de gerar 50
bilhões de reais ao ano para o governo, dinheiro que poderá ser utilizado no
Renda Cidadã e na Segurança Pública, além de gerar 700 mil empregos diretos e
outros 600 mil indiretos. O Senado Federal já analisa proposta de legalizar o
jogo e deverá votar a matéria em plenário no primeiro semestre de 2021. Está tudo
pronto para isso.
O principal projeto em discussão
é o do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o PLS 186/2014, que autoriza a exploração
de “jogos de fortuna”, on-line ou presenciais, em todo o território nacional. Pelo
substitutivo do senador licenciado Benedito de Lira (PP-AL), a regulamentação
contempla o jogo do bicho, vídeo-bingo e videojogo, bingos, cassinos em
complexos integrados de lazer, apostas esportivas e não esportivas e cassinos
on-line.
Para Benedito de Lira, “é
justamente a legalização dos jogos de fortuna que acabará com os jogos
clandestinos. Tornar transparente essa atividade em muito ajudará no combate à
lavagem de dinheiro. A legalização também permitirá atendimento aos viciados em
jogos que na clandestinidade de hoje não possuem saída alguma. Se chegar hoje
em São Paulo você vai encontrar muitas casas de bingo lotadas. Lavagem de dinheiro
existe hoje porque tudo é feito às escondidas”.
Com efeito, o jogo corre solto no
Brasil, como uma gigantesca lavanderia funcionando dia e noite. Com a
legalização do jogo, tudo será dentro da lei e o estado cobrará impostos. Para Ciro
Nogueira do jeito que está existe uma "cortina de fumaça; o Brasil, hoje,
é um dos países em que mais se joga no mundo”.
Enquanto isso, estima-se que a
máfia fatura em torno de 12 bilhões de reais ao ano com o jogo de azar no
Brasil, que é um dos poucos países do mundo que proíbem isso, ao lado da
ditadura sangrenta de Cuba e países muçulmanos.
Enquanto isso, desde 1962 que a
Caixa Econômica Federal controla jogos como a Mega-Sena e outros, arrecadando
em torno de 12,8 bilhões de reais ao ano. Os bingos, proibidos a partir de 2004,
arrecadam, na clandestinidade, 1,3 bilhão de reais por ano. O jogo do bicho,
sempre clandestino, desde o fim do século 19, fatura hoje cerca de 12 bilhões
de reais.
A Constituição brasileira, que legisla sobre tudo, não diz nada sobre jogos de azar. Assim, o espetáculo fica por conta do Congresso Nacional, que, pelo andar da carruagem, deverá mesmo legalizar o jogo, e Bolsonaro, feliz da vida, chancelar. Não acredito que, diante disso, o Supremo vetaria o jogo.
Bolsonaro só terá um obstáculo no Senado, aliás, um grande obstáculo, que é a bancada evangélica, que acha que o principal crupiê é o diabo. Mas, pondo os fervores religiosos de lado, acabarão compreendendo que a legalização do jogo é que tirará o diabo da frente dos negócios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário