quarta-feira, 2 de março de 2022

Ex-espião na Rússia, Jorge Bessa acredita que Vladimir Putin será freado pelos próprios russos

Putin sabe que em uma guerra nuclear nem vírus sobreviverão

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 2 DE MARÇO DE 2022 – Para Jorge Bessa, autor do livro Putin – Um Espião no Poder, os donos do dinheiro na Rússia não suportarão as perdas em consequência às sanções econômicas do Ocidente e pressionarão, juntamente com a população civil russa, para que Putin recue na absurda invasão da Ucrânia. Quanto a iniciar uma guerra nuclear, Putin sabe que nem vírus sobreviverão. 

Fluente em russo, Jorge Bessa foi espião brasileiro em Moscou durante a Guerra Fria. Especialista em assuntos relacionados à atividade de Inteligência e de planejamento estratégico, chefiou os Departamentos de Contraespionagem e de Contraterrorismo da antiga Secretaria de Inteligência da Presidência da República, atual Agência Brasileira de Inteligência (Abin). 

Bessa é autor de mais de 20 livros sobre espionagem, política internacional, Inteligência, Medicina Tradicional Chinesa e espiritualidade. Graduado em Economia e pós-graduado em Educação a Distância, formou-se também em Medicina Chinesa e em Psicanálise. 

Ele recebeu este repórter na sua casa, no Lago Norte, em Brasília, para a seguinte entrevista: 

Por que Putin invadiu a Ucrânia?

Existem várias versões apresentadas pelos doutores em relações internacionais consultados pela extrema mídia, uma delas é a de que foi por questões de segurança nacional, haja vista que Vladimir Putin não admitia os acenos da Ucrânia para ingressar na Otan, o pacto de defesa ocidental, nem tampouco o desejo da Ucrânia se unir à Europa Oriental. Em minha opinião, a questão é bem mais ampla, e se insere em aspectos históricos dos dois países, mas, acima de tudo, à vaidade e orgulho de Putin em tornar a Rússia uma nova União Soviética, sonho que ele acalenta há muito tempo. Também deve-se entender sua alegação de proteger o povo russo que vive na Ucrânia, pois essa é uma conduta antiga mantida desde os tzares e que foi uma das principais causas da Rússia entrar na Primeira Guerra Mundial, alegando a defesa dos povos eslavos que se espalhavam pelos territórios em litígio.

Essa guerra pode levar a um conflito mundial?

É uma possibilidade remota, mas que pode se tornar real, pois a situação de Putin está ficando a cada dia mais insustentável, e, se os líderes ocidentais não lhe deixarem uma saída honrosa, existe a possibilidade de que ele procure alastrar o conflito de forma imprevisível. No momento já se observa reações contrárias à invasão na própria Rússia, onde a oposição, com Navalny à frente, pretender fazer grandes demonstrações, além dos bilionários russos, que também lhe dão sustentação e que não vão assistir suas fortunas se esvaírem em razão das sanções do Ocidente.

Putin seria capaz de usar ogivas nucleares?

Como disse acima, alguém quando acossado, e com o perigo de perder o poder e mesmo a liberdade e a vida, pode cometer uma loucura. Assim sendo, embora considere pouco provável, admito essa possibilidade, mesmo remota.

Quem é Putin?

Um verdadeiro produto do comunismo soviético. Nacionalista, desde cedo se ofereceu para servir no KGB, onde foi admitido. Seus antigos chefes dizem que ele não era dos melhores agentes, intelectualmente falando, tanto que foi destacado para servir na Alemanha Oriental, que era um país comunista e onde não havia muito o que fazer em termos de espionagem, enquanto os bons oficiais do KGB eram destacados para servirem em países importantes do Ocidente. Em meu livro Putin – Um Espião no Poder apresento sua trajetória desde que entrou para o KGB até chegar ao poder maior da Rússia através de Bóris Yeltsin, passando pela sua atuação no FSB, a organização de Inteligência que sucedeu ao KGB e onde ele teria patrocinado a execução de verdadeiras carnificinas, inclusive ordenando a explosão de prédios de apartamentos de cidadãos russos para tentar incriminar os chechenos, o que levou à nova guerra na Chechênia, projetou Putin como o salvador da Pátria e permitiu sua primeira eleição para presidente, após a indicação de Yeltsin. Não podemos esquecer as acusações que pesam contra ele, de mandar assassinar jornalistas desafetos e agentes secretos que desertaram para o Ocidente.

A Data-Limite profetizada pelo médium Francisco Cândido Xavier oferece alguma garantia para a humanidade de que não haverá mais uma guerra atômica?

O grande médium brasileiro dizia que se a humanidade não entrasse em uma guerra nuclear até o ano de 2019 os eventos apocalípticos previstos pelos grandes profetas do Velho e do Novo Testamento ocorreriam, mas de forma mais branda do que a destruição causada pelas ogivas nucleares das superpotências. Em meu livro Guerra Biológica – China e o Covid, reproduzo o que oficiais generais da China dizem, ou seja, que a Terceira Guerra Mundial não seria através de mísseis nucleares, mas sim através de vírus em uma guerra biológica. Penso que a maioria dos generais do mundo deve pensar a mesma coisa, pois uma guerra nuclear tem a garantia da destruição mutuamente assegurada, enquanto a guerra biológica – como vimos acontecer com a Covid-19, mata só o homem e não destrói a infraestrutura do país, além de ser muito mais barata e simples. Portanto, a não ser que apareça um líder que sofra um surto psicótico e decida apertar o botão nuclear, penso que o grande médium tinha razão.

Como a guerra na Ucrânia pode prejudicar o Brasil?

Inicialmente pelo aumento da inflação e possível redução no abastecimento de insumos necessários à agricultura. Mas procuro ver o que pode haver de positivo para o país nessa guerra, e aí podemos verificar que um país sem potencial nuclear defensivo fica à mercê de quem o possui. Lembremos que a Ucrânia tinha um bom arsenal nuclear – herança de quando pertencia à União Soviética – e do qual abriu mão para a Rússia sob a promessa de nunca ser invadida, e olhem o que aconteceu! O presidente Fernando Collor abriu não das pesquisas nucleares que se realizavam e cujo objetivo final era capacitar-nos a construir uma bomba nuclear se assim o desejássemos, e foi tudo literalmente enterrado. Um país só pode se dizer independente e que pode garantir essa independência se tiver a mesma capacidade dissuasória de quem o ameace.

Lembremos de que há décadas potências estrangeiras tentam tirar do Brasil a soberania plena sobre a Amazônia, tentando tornar as tribos indígenas como grupos étnicos independentes e com territórios independentes. A ONU vem trabalhando muito nesse sentido e trabalha em favor dos interesses dos grandes grupos de poder que mandam no planeta. Assim sendo, é bom que despertemos para a realidade de que as relações internacionais não são um conto de fadas e que os ingênuos podem prejudicar todo um país por acreditarem “nas flores vencendo o canhão”, como dizia Geraldo Vandré na música Pra não dizer que não falei de flores.

A América do Sul está pacífica hoje; o amanhã não sabemos. Portanto, todos aqueles que são responsáveis pela segurança e defesa nacional devem analisar o quadro atual dessa guerra e tirar suas conclusões, trazendo-as para nossa realidade continental.

O que você analisa na guerra da Ucrânia sob o aspecto espiritual?

Conforme tenho me referido em diversos livros e palestras, vivemos uma guerra espiritual – a Grande Batalha do Armagedom –, um confronto final das chamadas forças do bem contra as forças das trevas, ou, dizendo de outra forma, dos mansos e pacíficos contra os orgulhosos sedentos de poder e de guerras. Na minha opinião, o quadro final pintado no Livro do Apocalipse ou Livro das Revelações está em plena e inflexível execução. Quando perguntado sobre o chamado Final dos Tempos, Tempos Chegados ou Juízo Final, Jesus dizia que haveria terremotos, fome, doenças, guerra e rumores de guerra, mas ainda não era o fim. Há pelo menos duas décadas temos visto guerras e destruição por todo o Oriente Médio – Iraque, Irã, Afeganistão etc., região do planeta onde se iniciou a revolução do neolítico com a chegada daqueles que chamo de Transmigrados Planetários, ou os que deram início à chamada raça Adâmica. Descendo do planalto do Pamir, esses transmigrados planetários espalharam-se pela Ásia Central e depois pelas regiões da Europa Oriental e Central, onde também vemos acontecerem conflitos bélicos há décadas. Assim, nos parece que o presente ciclo cósmico termina por onde começou, com os ajustes cármicos de todos aqueles povos que se digladiaram em lutas funestas durante séculos.

Alguns acreditam que a referência bíblica de Gogue e Magogue estão presentes na Rússia de hoje. Alexandre Duguin, o teórico preferido de Vladimir Putin, acredita que o apocalipse está em execução e que deve ser apressado com o bombardeio nuclear total dos Estados Unidos da América, que para ele é o anticristo. As forças das trevas estão tentando incendiar o planeta e trabalham, como nunca, tentando influenciar aqueles que se consideram os donos dos destinos do planeta. O atual momento de Transição Planetária é preocupante e os riscos de incidentes que desencadeiem uma conflagração generalizada existe. Mas, afirmam os espiritualistas, o destino do planeta está nas mãos de Jesus, o governante planetário da Terra, e ele deve conduzir o seu rebanho para a Nova Jerusalém Renovada, afastando os “maus”, os fazedores de guerra, os orgulhosos, os vaidosos etc. para outras jornadas evolutivas em outros lócus planetários. Portanto, o momento é de otimismo e fé de que tudo se realizará conforme o grande planejamento cósmico dos responsáveis pelo nosso planeta.

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