RAY CUNHA
BRASÍLIA, 3 DE AGOSTO DE 2022 – Eram 21h59 quando o celular de Alex tocou.
– Vão matar o presidente e eu sei quem é o mandante – disseram, numa voz metálica. – Se você quiser saber detalhes, poderemos conversar, hoje, à meia-noite.
– Com quem falo? – respondeu.
– Só posso lhe dizer e dar os detalhes pessoalmente.
– E por que você não informa o presidente?
– Ele não vai acreditar. Talvez nem você acredite. O presidente será assassinado juntamente com o vice.
– Então ambos estarão juntos quando forem assassinados? E você não acha que as Forças Armadas assumirão o comando?
– Eles serão assassinados separadamente, mas na mesma hora, e as Forças Armadas farão o que o Supremo e o Congresso Nacional mandar; está tudo aparelhado.
– Onde o presidente será assassinado?
– O plano é muito cheio de detalhes e precisamos conversar sobre isso para você publicar no jornal da sua família.
– Por que eu? Poderia ser no jornal do senador Patarrão, que também tem muita visibilidade.
– Sabemos que você está investigando isso.
– Quem mais sabe do plano?
– É o que posso lhe dizer, agora.
– Só tem um detalhe: eu não estou investigando nada.
– Nada, mesmo?
– Estou investigando o senador Patarrão. É ele o mandante?
O outro demorou um pouco para responder.
– Sei quem é o senador Patarrão. Não é ele. A ordem saiu do clube dos 11 dedos.
– Um dedo a mais ou de menos? Que clube é esse?
– Eles podem tudo. E olhe, o negócio vai acontecer logo. Não temos mais muito tempo.
– Onde?
– Entrando pelo Chifrudo, na BR-040, siga passando pela cachoeira Saia Velha. A cerca de um quilômetro da cachoeira você vai encontrar uma estradinha de chão em direção a Valparaíso. Tem uma placa logo na entrada da estradinha com a palavra “paraíso”. Entre nela. Mais ou menos a um quilômetro você vai encontrar uma casa. Me aguarde lá dentro.
– Quando?
– Hoje. Vá sozinho.
– Você gosta da meia-noite!
– É uma boa hora para se resolver certos assuntos.
– Combinado! Estarei lá, à meia-noite!
– Ok!
A ligação foi interrompida.
O texto acima é um recorte do penúltimo capítulo de O CLUBE DOS ONIPOTENTES (Clube de Autores, amazon.com.br e amazon.com, 2022, 278 páginas), meu último romance, no estilo de AGOSTO, de Rubem Fonseca, com personagens de ficção e reais, vivas e mortas.
Pouco antes da Revolução Russa de 1917, o príncipe Félix Yussupov participa do plano para matar Grigori Yefimovich Raspútin, o Mago Negro da Rússia, aquele que aparelhou a casa dos Romanov, abrindo as portas para o Comunismo, a peste que, desde 1917, alçou máfias no mundo inteiro ao status de agremiações políticas. Era a chegada definitiva do crime organizado ao poder em todo o planeta, especialmente o narcotráfico. No Brasil, chegaram ao poder pelo Foro de São Paulo.
O príncipe Félix Yussupov reencarna no Brasil como o jornalista Alex, que agora vai combater aquele que aparelhou o país para a segunda Revolução Russa, neste 2022. A missão do novo mago negro, agora com nove cabeças e nove ventosas, é transformar a Pátria do Evangelho na União das Repúblicas Socialistas da Ibero-América, que, mancomunada com a China, porá fim ao império americano e tornará o Trópico o paraíso da bacanal.
Mas para que isso aconteça um homem terá que ser eliminado. O CLUBE DOS ONIPOTENTES não revela o que virá por aí, ainda este ano, mas, como qualquer acontecimento de natureza profética, faz uma advertência.
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