BRASÍLIA, 15 DE SETEMBRO DE 2022 – A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) saiu de um livro chamado Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo, composto por dois livros: Questões Simples e Eixo Espiritual. Li a edição da Ícone Editora, de 2001, com 829 páginas. Trata-se da Bíblia dos acupunturistas clássicos, ou fundamentalistas, o que não é meu caso.
O estudo e a consulta do Imperador Amarelo, para quem pratica a Medicina Tradicional Chinesa, são importantes na medida em que leva o estudioso a raciocinar sobre a fisiologia da energia, ou do Qi, levando-o a fazer combinações de pontos de acupuntura. Mas sua leitura corrida, página após página, é extremamente cansativa.
No meu trabalho de conclusão do curso tecnológico (2.080 horas/aula presenciais e 440 horas de estágio em ambulatório, total de 2.520 horas/aula) de Medicina Tradicional Chinesa na Escola Nacional de Acupuntura (Enac) – um surpreendente romance, FOGO NO CORAÇÃO, mas com estudo de caso real, uma colônia de miomas no útero de uma modelo de moda –, faço uma homenagem ao gênio italiano Giovanni Maciocia. A personagem central do romance, o professor Emanoel Vorcaro, faz uma defesa apaixonada de Maciocia:
– Como os senhores sabem, leio, falo e escrevo fluentemente em mandarim, inclusive o clássico, e fiz curso superior de Medicina Chinesa na China, onde vivi parte da minha vida e aonde retorno de vez em quando. Posso dizer que três coisas me interessam nesta vida, além do meu país: a China e sua cultura milenar, ternos e rabada (todos riram), especialmente a rabada do Café e Restaurante Dona Neide, na Feira do Guará. Assim, tenho conhecimento suficiente, acredito nisso, para saber o que é adequado ou não a este Instituto Holístico, meu segundo lar. Li toda a obra do professor Giovanni Maciocia, além de ter assistido a uma conferência do grande homem, em Londres, há muito tempo. Giovani Maciocia, no meu julgamento, fez mais pela acupuntura no Ocidente do que todos os professores de medicina chinesa, de todos os países ocidentais, que nunca publicaram um livro, ou que jamais publicarão uma obra como a de Giovani Maciocia; obra fantástica, porque ele leu os clássicos em mandarim, estudou-os à exaustão, compreendeu a filosofia que alicerça a medicina chinesa, e traduziu esse oceano para o inglês, o mandarim do Ocidente, proporcionando a todos, gostem ou não dele, muito embora, às vezes, sem ter a necessária paciência chinesa para o ler, proporcionando a todos, como eu dizia, a oportunidade de entrar nesse mar, seguindo uma hidrovia organizada e sinalizada. Como aqui se trata de uma questão prática, sugiro aos professores Bartolomeu Amado e Maurício Couto que comecem já a ler Giovanni Maciocia, até porque, professores, ensinamos medicina chinesa, porém não estamos na China, mas em Brasília, que, com a China, só tem algo em comum: escorpiões. Com a diferença de que aqui não os comemos – disse.
Maciocia tem um livro fundamental a todos, no Ocidente, que estudam e pratiam os ensinamentos do Imperador Amarelo, que é seu Os Fundamentos da Medicina Chinesa. Meu exemplar é da Editora Roca, 2005, 967 páginas. Li-o de capa a capa. Comentei isso com um professor da Enac e ele me olhou com preocupação. Os Fundamentos são para consulta.
Lê-lo, página após página, é como ler o Imperador Amarelo com prazer. Já tentei ler a Bíblia, mas fracassei. Porém, agora, estou conseguindo. Meu amigo Erwin Von-Rommel, que lê em mais de dez idiomas e é especialista em conhecimentos exotéricos, me indicou A Bíblia de Jerusalém. A minha é da Editora Paulus, 1973. Em papel bíblia, tem 2.366 páginas, mas é comentada.
Os Fundamentos é como se fosse o Imperador Amarelo comentado. Com uma vantagem. Uma vantagem imensa. Os acupunturistas clássicos seguem à risca o Imperador Amarelo, escrito 200 anos antes de Cristo, em um país frio e em um tempo em que as pessoas já estavam decrépitas com 30 anos e um terapeuta não podia tocar o corpo de uma paciente da realeza sem perder a cabeça, literalmente. Pois bem, Os Fundamentos transpõe o Imperador Amarelo para o Ocidente, nos dias de hoje.
A propósito, estudei na Enac a fitoterapia chinesa, que, para mim, homem ocidental, parece impraticável, e até fantasiosa. Prefiro a fitoterapia brasileira, riquíssima e altamente resolutiva. Costumava dizer a meus colegas que estudamos Medicina Tradicional Chinesa, mas estamos no trópico, no século 21. Obviamente que a fisiologia do Qi é a mesma, mas o tempo e a geografia, não. Inclusive, com o conhecimento do espírito que temos, hoje, catalogado por médiuns, e com a tecnologia hodierna, entendemos cada vez mais como funciona a acupuntura.
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