quinta-feira, 11 de maio de 2023

Metrô Rio-Niterói sob uma Baía de Guanabara despoluída, tolerância zero com o crime, legalização do jogo – o Rio das eleições de 2024

O Cristo Redentor parece abraçar o Pão de Açúcar
(Foto de Marcos de Paula/Prefeitura do Rio de Janeiro)

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 11 DE MAIO DE 2023 – As próximas eleições, para prefeitos e vereadores, ocorrerão, em primeiro turno, em 6 de outubro de 2024, e, no segundo, em 27 de outubro. No Rio de Janeiro será uma briga de foice no escuro, porque, dependendo de quem for eleito, o narcotráfico poderá prosperar ou murchar, a burra poderá ser assaltada, via desvio de verbas, ou o dinheiro será usado para ajudar em um projeto amplo de despoluição da Baía de Guanabara e na ampliação do metrô ligando o Rio a Niterói por debaixo da baía, além do empenho, junto à bancada fluminense no Congresso Nacional, pela liberação do jogo de azar. 

O Rio é o maior destino turístico internacional no Brasil, na América Latina e no Hemisfério Sul. É uma vitrine brasileira. Um dos principais centros cultural, econômico e financeiro do país. Conhecido como Cidade Maravilhosa, seus ícones são cinematográficos, como o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, as praias de Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca, a floresta da Tijuca, a Biblioteca Nacional, O Museu Nacional de Belas Artes, o réveillon de Copacabana, o carnaval carioca, a própria Baía de Guanabara etc. etc. etc. 

Foi no Rio que a identidade brasileira começou a ser forjada. A Semana de Arte Moderna de São Paulo só se tornou um ícone por causa dos cariocas. O que os paulistanos fizeram, à época, já era rotina no Rio. O livro Metrópole à Beira-Mar – O Rio Moderno dos Anos 20, de Ruy Castro, deixa isso claro, pois a pesquisa que Ruy fez é irrepreensível. 

A ideia de se ligar por trem o Rio de Janeiro a Niterói data do fim do século XIX, no reinado de Dom Pedro II, mas foi somente em 1968 que o projeto original do metrô esboçou a linha 3, e o esboço foi engavetado. Em 2015, voltou-se a pensar nisso, pois o projeto beneficiará mais de 1,5 milhão de usuários por dia. Mas agora o plano é ligar a Praça XV, no Rio, à Praça Arariboia, em Niterói, por metrô, via túnel por baixo da Baía de Guanabara. Já há estudos conclusivos sobre isso e dinheiro. Em vez de financiarmos a Argentina, ou construir portos e metrôs em ditaduras por aí afora, por que não construir o metrô Rio-Niterói e despoluir a Baía de Guanabara? 

Há meio século, já se despejava na Baía de Guanabara 460 toneladas de esgoto in natura por dia. Em 1980, 5 mil indústrias despejavam seu esgoto na baía. Hoje, seus manguezais estão morrendo e a baía agoniza, sufocada pelo esgoto industrial e domiciliar, óleo e metais pesados. 

A baía recebe resíduos de 55 rios e riachos, 14 mil indústrias, 14 terminais marítimos de carga e descarga de produtos oleosos, dois portos comerciais, vários estaleiros, duas refinarias de petróleo, mais de mil postos de combustíveis e uma rede de transporte de combustíveis e produtos industrializados. Em janeiro de 2000, ocorreu um vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo na baía. Em março de 1975, foram 6 milhões de litros de óleo que vazaram. E a baía vem se tornando um cemitério de embarcações abandonadas. 

Obviamente, o prefeito do Rio não pode arcar com o metrô sob a Baía de Guanabara, nem com a despoluição da baía, mas pode pôr a alma nisso, mobilizando o Estado e a União. 

Outra bandeira necessária para que conservemos o Rio como o maior destino turístico do Hemisfério Sul é uma política de segurança pública com tolerância zero, provida de um setor de inteligência utilizando equipamentos de ponta, trabalhando conjuntamente com os setores de segurança e as Forças Armadas. 

A ampliação e a qualidade do tratamento e distribuição de água e garantia do fornecimento de energia elétrica fazem parte, também, das preocupações que o prefeito deve ter para com o Rio. 

Finalmente, a legalização dos cassinos é importantíssima, pois a clandestinidade do jogo de azar leva à potencialização do crime organizado, já que essa atividade corre à margem do Estado, sem fiscalização, sem deveres legais e sem contribuir com sequer um centavo para com o orçamento do país.

O Brasil é um dos países onde mais se joga no mundo, movimentando cerca de 5 bilhões de dólares por ano, sem fiscalização e sem pagar nenhum centavo de imposto, nem gerar emprego formal. Só o jogo do bicho movimenta 10 bilhões de reais por ano, segundo estudo do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL)/BNLData. 

De acordo com o IJL/BNLData, o mercado de jogos no Brasil tem potencial de faturar 15 bilhões de dólares por ano, deixando para o erário 4,2 bilhões de dólares, além de 1,7 bilhão de dólares em outorgas, licenças e autorizações, isso, sem somar investimentos e geração de empregos na implementação das casas de apostas. E geraria mais de 658 mil empregos diretos e 619 mil empregos indiretos.

O jogo de azar é praticado em muitos países, como, por exemplo, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Itália, Suíça, Grécia, Portugal, Áustria, Holanda, Mônaco, Uruguai etc. A Região Administrativa Especial de Macau, na China, é hoje o principal centro de jogos do mundo, desbancando Las Vegas, nos Estados Unidos, como capital mundial dos cassinos, e faturando, com apenas 35 cassinos, 38 bilhões de dólares por ano. Os mais de 100 cassinos de Las Vegas faturam 8 bilhões de dólares por ano e só uma de suas maiores redes conta com 50 mil empregados. 

Quando o jogo foi proibido no Brasil, em 1946, havia 70 cassinos espalhados pelo país empregando mais de 40 mil trabalhadores, incluindo artistas como Carmen Miranda e Orlando Silva; era, então, a indústria que mais fazia o país prosperar.

Para o presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL), editor do BNLData e jornalista especializado em loterias e apostas Magno José Santos de Sousa, o Brasil se submete a uma das legislações mais atrasadas do mundo para o setor, e adverte: “A clandestinidade não anula a prática”. Pesquisa realizada pela Global Views on Vices, em 2019, estima que no mundo 70% da população são favoráveis aos jogos de azar e 25% não. Aqui, 66% dos brasileiros são favoráveis ao jogo, contra 25%.

Argumento dos que não querem a legalização dos jogos de azar é de que pode agravar problemas na saúde, com alto custo de tratamento dos apostadores contumazes, além de aumentar a exploração sexual e a prostituição, piorar a segurança pública e prejudicar ações de combate à corrupção, aumentando lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de receitas. Ora, tudo isso ocorre agora, precisamente por causa da clandestinidade do jogo de azar, alimentando a corrupção, propina e chantagem.

Um comentário:

  1. Excelente artigo, apesar da POLÊMICA sobre os JOGOS DE AZAR, tendo em vista os variados aspectos a serem amarrados pela legislação que vier a regular essa atividade, a fim de que os CONTRAS não desmotivem os PRÓS. Ainda quanto à legalização dos jogos de azar, entendo que tudo dependerá de quem irá elaborar tal legislação: se ela for redigida sob o mando de BANDIDOS, certamente ela será uma GRANDE FERRAMENTA para o deleite dos CRIMINOSOS, porém SE NÃO, poderá trazer muitos BONS FRUTOS.
    Quanto aos DEMAIS TEMAS, acho que são ótimos projetos, COMPLEXOS , mas EXEQUÍVEIS. Contudo, na atualidade, se enquadram naqueles assuntos trazidos à discussão QUASE apenas para alimentar ENGANOSAMENTE os SONHOS dos ELEITORES, conduta típica dos períodos eleitorais.
    E, INFELIZMENTE, não vejo, dentre os atuais pretensos candidatos ao cargo de PREFEITO da Cidade Maravilhosa, alguém que tenha COMPETÊNCIA e REAL VONTADE para encarar, com condição PROMISSORA de sucesso em tais objetivos.

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