O romance JAMBU, ambientado em Macapá, é um mergulho na culinária mais saborosa do planeta: a paraense. Na foto, camarões e jambu flutuam em uma cuia de tacacá |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 14 DE JUNHO DE 2023 – Uma das personagens femininas mais sensuais das que criei é a chefe de cozinha e oceanógrafa Danielle Silvestre Castro, “a cafuza mais estonteante do planeta”, como lhe diz o jornalista João do Bailique, seu marido. Ela é a protagonista do romance JAMBU (Clube de Autores, 190 páginas, 50 reais), que lançarei em Macapá, nesta terça-feira 20, a partir das 18 horas, no Senac, na Avenida Henrique Galúcio 1999, Centro, como parte das comemorações dos 70 anos da Academia Amapaense de Letras (AAL), fundada em 21 de junho de 1953.
Da cor de jambo bem maduro, entre o tom de canela e rosa vermelha, cabelos ruivos e olhos verdes, é neta de holandês e de índia por parte de mãe e de português e negra, por parte de pai.
Sua mãe, a mameluca Danielle Galibi Silvestre, era filha de um holandês anônimo do Suriname e de uma índia Galibi da Guiana Francesa, e seu pai, o mulato João Paulo de Souza e Castro, descendia de escravos usados na construção da Fortaleza São José de Macapá e que fugiram para o quilombo do Ambé, próximo ao rio Pedreira, em terras do município de Macapá; filho da negra Maria Justo Souza e do aventureiro e empreendedor lisboeta Waldemiro Cunha e Castro, que, ao chegar a Macapá, casou-se com Maria Justo Souza e juntos encontraram um veio de ouro nas imediações do morro do Salamangone, na Serra Lombarda, município de Calçoene, dando início ao Grupo Fortaleza, que João Souza e Castro herdou e ampliou, sediado agora em Belém.
Seus avós se mudaram de Calçoene para Macapá levando consigo o conceito do restaurante Cachoeira do Firmino, que fundaram em Calçoene. Graduada em Nutrição e Oceanografia, ambos os cursos pela Universidade Federal do Pará (UFPa), e chefe de cozinha com passagens pelo antigo Hilton Belém e Tropical Hotel Manaus, Danielle Silvestre e Castro era herdeira do bilionário Grupo empresarial Fortaleza, integrado por um estaleiro em Santana, na zona metropolitana de Macapá; uma frota de três navios de passageiros navegando nas linhas Santana-Belém, Santana-Caiena e Belém-Santarém-Manaus, e um de carga, na linha Santana-Belém-Santarém-Manaus-Porto Velho, além de moderníssimo barco de pesca nas costas do Amapá; uma empresa regional de transportes aéreos, baseada no Aeroporto de Macapá, com um jatinho, um avião anfíbio tipo Catalina, três monomotores e um helicóptero; exportação de açaí, piramutaba e grude de gurijuba, empresa sediada em Belém; uma fazenda na ilha de Marajó, com mais de 6 mil búfalos; mil búfalos no Palma, no município de Macapá, à margem da BR-156, e o Hotel Caranã, porta do Grupo Fortaleza para a Europa, via Caiena.
Isso dava suporte ao trabalho social que Danielle realizava: o hotel era o paraíso para estagiários das universidades federais de toda a Amazônia, nas áreas de culinária, turismo, oceanografia e história e literatura da Amazônia; o programa de treinamento e emprego para jovens carentes; o sistema de coleta de alimentos para o Lar dos Velhinhos; a distribuição de sopa e caldo de abóbora no início da noite na rodoviária da cidade; o programa de transporte gratuito de passageiros pré-selecionados abarcando toda a Amazônia; e o Festival de Gastronomia do Pará e Amapá, os dois estados que integram a Amazônia oriental, ou atlântica.
Naquele verão, completara 45 anos de idade; sentia-se no apogeu mental e físico. Com 1,65 metro de altura, mantinha-se há anos em torno dos 64 quilos de peso, sua pele lembrava jambo-rosa, tinha os olhos prenhes de clorofila, lábios grandes, nariz arrebitado, os cabelos desciam-lhe em nuanças naturais entre o negro e o vermelho, como arbusto, até as ancas africanas. Seu hobby eram a pesca em alto mar, a culinária paraense e o Tao, a que se dedicara durante os três anos em que vivera em Hong Kong, estudando Medicina Tradicional Chinesa e O Tao do Jeet Kune Do, de Bruce Lee.
Quem sabe o fotógrafo Floriano Lima encontre e fotografe Danielle tomando tacacá, ou um pintor de Macapá ou de Belém leia o livro, a recrie e envie para mim uma foto em alta resolução para a capa de uma nova edição de JAMBU.
Fico
imaginando. Danielle daria um quadro sensacional. Uma cafuza ruiva, de olhos
verdes, tomando tacacá, em tamanho natural. É tela vendida. E no caso do
Floriano, quadro vendido. A propósito, quando Macapá verá uma mostra ensaística
de Floriano?
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