Assassinos da Lua das Flores é um estudo sobre a ganância |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 8 DE NOVEMBRO DE 2023 – Assassino da Lua das Flores, de Martin Scorsese (80 anos), em cartaz nos cinemas, é cinema de primeira categoria. É provável que Leonardo DiCaprio leve seu segundo Oscar. DiCaprio é um dos maiores atores da atualidade. Fala muita besteira, mas sabe atuar. Acusa o presidente Jair Messias Bolsonaro de incendiar a Amazônia, diz que a Hileia é o pulmão do planeta, que lá tem dinossauro, mas dinossauro só há em Brasília.
DiCaprio contracena com um dos dois maiores atores vivos: Robert De Niro. O outro é Al Pacino. Lily Gladstone, que faz a índia Mollie, dá um show de interpretação e certamente levará para casa a estatueta mais famosa do cinema.
Assassino da Lua das Flores é baseado em Killers of the Flower Moon: The Osage Murders and the Birth of the FBI, de 2017, do jornalista americano David Granns, sobre os assassinatos que aconteceram nos anos 1920 no condado de Osage, no estado americano de Oklahoma, elucidados pelo FBI de J. Edgar Hoover. O roteiro é de Eric Roth.
Os índios Osage já foram o povo mais rico dos Estados Unidos, após descobrirem que suas terras tinham petróleo. Mas, na época, era mais fácil um homem ser preso por chutar um cachorro do que por assassinar um índio. Isso atraiu bandido de todo lado. É aí que chega ao condado Ernest Burkhart (DiCaprio), sobrinho de Willian Hale (De Niro), que mantém excelente relacionamento com os Osage, e até fala sua língua.
Como quem está tecendo uma gigantesca trama, mas tem absoluto controle sobre o resultado final, Scorsese revela aos poucos a simplicidade dessa trama: uma mente diabólica, que mata e sopra, e que tem completo desprezo pela vida humana, que mata como quem mata baratas, para ficar com os despojos. O filme tem três horas de duração e não é dublado, é com legenda, mas não sentimos as horas passarem. Pelo menos foi o que aconteceu comigo.
Com Scorsese, a violência é brutal, mas quase sem sangue. É uma violência quase tão enlouquecida quanto a dos terroristas do Hamas, que assaram bebês vivos em fornos na frente dos pais, estupraram mulheres na frente de seus maridos e torturaram até à morte.
Scorsese é
um estudioso da alma. Imagino-o dirigindo um roteiro baseado no meu romance O CLUBE DOS ONIPOTENTES, mostrando o desenvolvimento do ovo da serpente, o ovo
eclodindo e dele saindo duas mãozinhas, uma com quatro garras.
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