quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

JAMBU, que será autografado no dia 2 de março no Belém Belém Amazônia, trata também da Questão Ianomâmi, além da culinária paraense

Romance jornalístico JAMBU na atual edição do Clube de Autores

RAY CUNHA

Capa do JAMBU a ser autografado

BRASÍLIA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024 – A Questão Ianomâmi, que viralizou atualmente na internet, é também abordada no meu romance jornalístico JAMBU (Editoras Clube de Autores e amazon.com.br, 190 páginas, 50 reais), que será autografado dia 2 de março, um sábado, a partir das 18 horas, no restaurante Belém Belém Amazônia, um dos redutos da culinária paraense no Rio de Janeiro, situado na Avenida Rainha Elisabeth da Bélgica 122, Loja A. Essa via liga as avenidas Atlântica, em Copacabana, à Vieira Souto, em Ipanema. 

A sessão de autógrafos em um restaurante paraense tem uma razão de ser. A sinopse de JAMBU é a seguinte: Durante o Festival Gastronômico do Pará e Amapá, o jornalista João do Bailique escreve as matérias que comporão uma edição especial da revista Trópico Úmido sobre a Questão Amazônica e investiga um traficante de crianças e de grude de gurijuba. Durante o festival gastronômico desfilam os principais pratos paraenses, como tacacá, maniçoba, pato no tucupi; peixes de primeira categoria e frutos do mar; além de açaí. 

Sobre a Questão Ianomâmi, segue-se trecho de JAMBU:

João do Bailique tinha relido a entrevista que o coronel Gelio Fregapani concedera a um repórter do site ABC Politiko, de Brasília, em fevereiro de 2005, quando Fregapani afirmou que a reserva Ianomâmi, do tamanho de Portugal e na tríplice fronteira, em litígio, Brasil, Venezuela e Guiana, é a maior e mais rica província mineral do planeta, e que já havia manifestação na Organização das Nações Unidas (ONU) de torná-la nação independente do Brasil. 

Fregapani foi o mentor da Doutrina Brasileira de Guerra na Selva e fundou e comandou o Centro de Instrução de Guerra na Selva. No seu livro Amazônia – A Grande Cobiça Internacional (Thesaurus Editora, Brasília, 2000, 166 páginas), Fregapani critica ONGs como a WWF (Wold Wildlife Found). 

Os ianomâmis são uma nação verdadeira ou forjada? – perguntou o repórter. “Absolutamente forjada. São quatro grupos distintos, linguisticamente, etnicamente, e, por vezes, hostis entre eles. A criação dos ianomâmis foi uma manobra muito bem conduzida pela WWF com a criação do Parque Ianomâmi, para, certamente, criar uma nação que se separe do Brasil. 

“O Parque Ianomâmi é uma região do tamanho de Portugal, ou de Santa Catarina, onde, segundo afirmação da Funai (Fundação Nacional do Índio), há 10 mil índios. A Força Aérea, que andou levando o pessoal para vacinação, viu que os índios não passam de 3 mil. Ainda que fossem 10 mil, há motivo para se deixar a área mais rica do país virtualmente interditada ao Brasil? O esforço deveria ser no sentido de integrá-los na comunidade nacional. Nenhuma epidemia vai deixar de atingir índios isolados. A única salvação, nesse caso, é a ciência médica. 

“A área ianomâmi é imensa e riquíssima, está na fronteira e há outra área ianomâmi, similar, no lado da Venezuela. Então, está tudo pronto para a criação de uma nação. Um desses pretensos líderes, Davi Ianomâmi, orientado naturalmente pelos falsos missionários americanos, já andou pedindo na Organização das Nações Unidas (ONU) uma nação, e a ONU andou fazendo uma declaração de que os índios podem ter a nação que quiserem.” 

Ianomami é uma palavra criada por antropólogos, com o significado de “ser humano”. No Brasil, os índios que os ingleses denominam de ianomâmi ocupam as montanhas da fronteira com a Venezuela numa área contínua de 9.419.108 hectares, mais de duas vezes o estado do Rio de Janeiro, constituindo-se na região mais rica da Terra em minerais preciosos, e que as potências hegemônicas, com ajuda da ONU, querem transformar em colônia. 

Na Venezuela, os ianomâmis ocupam uma área de 8,2 milhões de hectares. Somando-se as duas áreas, dá um total de 192 mil quilômetros quadrados, abrangendo terras das bacias dos rios Amazonas e Orinoco, território coberto por densa floresta e as serras Parima e Pacaraima, com solos inadequados à agricultura. O Pico da Neblina, ponto culminante do Brasil, dorme na Terra Indígena Ianomâmi e Parque Nacional do Pico da Neblina, na fronteira do Brasil com a Venezuela. 

O Projeto Radar da Amazônia (Radam), operado entre 1970 e 1985 pelo Ministério das Minas e Energia, coletou imagens aéreas de radar especialmente para análises geológicas, inclusive da Terra Indígena Ianomâmi. Entre 1987 a 1992, a região sofreu invasão de 45 mil garimpeiros, que sempre são acompanhados de todo tipo de aventureiros; queriam principalmente ouro. Cerca de 1.800 ianomâmis sucumbiram à invasão, principalmente vítimas dos microrganismos letais que os garimpeiros conduziam, além da violência. 

Em julho de 1993, garimpeiros invadiram uma aldeia ianomami, fuzilaram e mataram a golpes de facão 16 índios, entre os quais idosos, mulheres e crianças. Pela primeira vez, a Justiça brasileira condenou os réus por genocídio. Em novembro de 2014, uma equipe de pesquisadores visitou 19 aldeias e coletou 239 amostras de cabelo dos indígenas, e 35 amostras de peixes; 92% das amostras apresentaram alto índice de contaminação por mercúrio. 

O livro A Farsa Ianomâmi, do coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto, ex-comandante do Segundo Batalhão Especial de Fronteira, em Roraima, e ex-secretário de Segurança do antigo Território Federal de Roraima, procura provar que os ianomâmis são tribos indígenas espalhadas ao longo da fronteira do Brasil com a Venezuela, e não uma única tribo. 

O almirante Braz Dias de Aguiar, que morreu em 17 de setembro de 1947, dedicou 30 anos à Amazônia, ajudando na demarcação dos 10.948 quilômetros que a separam dos países vizinhos. Relatório de Braz de Aguiar dão conta de que as tribos indígenas do Vale dos Rios Negro e Branco pertencem às famílias aruaque e caribe.

Segundo Menna Barreto, uma jornalista e fotógrafa suíça, Claudia Andujar, mencionou, pela primeira vez, em 1973, o grupo indígena por ela denominado “ianomâmi”, numa faixa na fronteira entre Brasil e Venezuela. Ela não agiu por conta própria, mas sob a orientação da Christian Church World Council, ou Conselho Mundial de Igrejas, sediada na Suíça, e dirigida por um Conselho Coordenador formado por seis entidades internacionais: Comitê International de la Defense de l´Amazon; Inter-American Indian Institute; The International Ethnical Survival; The International Cultural Survival; Workgroup for Indigenous Affairs; e The Berna-Geneve Ethnical Institute. 

Consta, nas diretrizes da Christian Church World Council: “É nosso dever garantir a preservação do território da Amazônia e de seus habitantes aborígines, para o seu desfrute pelas grandes civilizações europeias, cujas áreas naturais estejam reduzidas a um limite crítico”. 

Claudia Andujar promoveu a criação da organização não-governamental Comission for the Creation of the Yanomami Park, que, durante 15 anos, pressionou o governo brasileiro no sentido de criar uma área exclusiva para aqueles índios, que, na época, totalizavam pouco mais de 11 mil indivíduos. Em 1992, a organização foi vitoriosa. Fernando Collor de Mello, ex-presidente defenestrado do Palácio do Planalto, foi quem homologou a reserva Ianomâmi, em 25 de maio de 1992. São 97 mil quilômetros quadrados para um punhado de índios, além de ocupar faixa de fronteira, passando por cima da Constituição. 

A área contém as maiores jazidas de nióbio do planeta. O nióbio é de alto valor estratégico. Mais leve que o alumínio, adicionado ao aço é mais resistente do que aço amalgamado com cromo-niquelado. Além do seu uso na indústria aeroespacial, o nióbio é valioso na indústria bélica. A construção de cosmonaves e satélites depende de nióbio, resistente ao frio cósmico e ao impacto de pequenos meteoritos, além de ser um grande condutor de energia, em celulares, computadores e turbinas de aviões; 98% do nióbio do mundo estão na Amazônia. 

Outro ex-presidente (atualmente, reconduzido ao poder), Luiz Inácio Lula da Silva, preso em 2018 por corrupção, homologou outra reserva, imensa, em Roraima, a Raposa Serra do Sol, onde só vivem índios aculturados. 

Ongs estrangeiras se amontoam na Amazônia, exatamente sobre gigantescas jazidas de minérios, especialmente nióbio. A Raposa e Serra do Sol mede 1.743.089 hectares para abrigar outro punhado de índios aculturados.

João do Bailique olhou para a mesa dos jurados. Danielle continuava lá, conversando com aquele chefe francês. Deu uma bocada numa colherada de açaí com farinha de tapioca. 

A Raposa e Serra do Sol fica no nordeste do estado de Roraima, abrangendo terras dos municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã, entre os rios Tacutu, Maú, Surumu e Miang, e a tríplice fronteira com a Venezuela e a Guiana. Nela, vivem cerca de 20 mil índios, ingaricós, macuxis, patamonas, taurepangues, uapixanas e patamonas. 

A maior parte da reserva é de cerrado; a porção montanhosa culmina com o monte Roraima, marco na tríplice fronteira Brasil, Venezuela e Guiana; o Monte Caburaí, onde fica a nascente do rio Ailã, ponto extremo do norte do país, também fica na reserva, demarcada no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e homologada pelo seu sucessor, Luís Inácio Lula da Silva, em 2005. 

Nos anos de 1970, colonos começaram a plantar arroz nas terras, chegando a produzir 160 mil toneladas de grãos por ano, em uma área de 100 mil hectares, às margens do rio Surumu, na borda sul da reserva. Em junho de 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a desocupação da reserva; em março de 2008, a Polícia Federal iniciou a Operação Upatakon III. 

Houve resistência, sob o argumento de que a área ocupada pelos arrozeiros correspondia a 1% do total da reserva, mas responsável por 6% da economia do estado Roraima. Em abril de 2008, o governo de Roraima entrou com representação no STF reivindicando a suspensão da ordem de desocupação. O governo federal enviou tropas da Força de Segurança Nacional, mas a representação foi acatada por unanimidade no Supremo e a Operação Upatakon III foi suspensa. 

Em 20 de março de 2009, o Supremo confirmou a homologação da Terra Indígena Raposa e Serra do Sol, determinando a retirada dos não indígenas da região. Na época, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, então comandante Militar da Amazônia, perguntou: “Como um brasileiro não pode entrar numa terra porque é uma terra indígena?” 

As reservas indígenas na Amazônia constituem uma inacreditável província mineral, mas é nelas que cerca de 100 mil Ongs estrangeiras deitam e rolam sobre esse tesouro brasileiro, segundo o general Durval Nery, do Centro de Estudos Estratégicos do Exército, e que comandou durante vários anos um Batalhão de Forças Especiais na Amazônia. 

Essas Ongs teriam a missão de desestabilizar o governo brasileiro e provocar uma intervenção internacional na Amazônia? É impensável, hoje, a Inglaterra, ou os Estados Unidos, ou, seja lá quem for, tomar na marra a Amazônia, embora seja aparentemente fácil ocupar o próprio Brasil. Bastaria bombardearem Itaipu, Tucuruí e mais duas ou três hidrelétricas para invadir o país quase sem resistência. Não temos navios de guerra, nem submarinos, nem caças, muito menos mísseis. 

Mas a Amazônia já está ocupada. Por exemplo: o Japão não importa mais apenas bauxita, mas alumina, produzida graças à energia de Tucuruí agregada ao produto. Uma das matérias da Trópico Úmido era sobre a New Steel, mineradora americana que levou de Serra do Navio, no Amapá, 40 milhões de toneladas do manganês mais puro do mundo, deixando um buraco gigantesco.

Aguardo meus amigos que moram no Rio de Janeiro, dia 2 de março, no Belém Belém Amazônia, a partir das 18 horas.

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