quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Prisão do rapper Diddy remete ao conto A CAÇA

Sean Diddy Combs é acusado de fornecer escravos sexuais para orgias 

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 3 DE OUTUBRO DE 2024 – Meu conto A CAÇA foi publicado inicialmente em 1996, pela antiga Editora Cejup, de Belém do Pará; em 2008, compôs a coletânea O CASULO EXPOSTO, editado pela LGE Editora, hoje, Libri Editorial, de Brasília; em 2017, pelo Clube de Autores; e, este ano, integra a coletânea de contos intitulada TRÓPICO, editada também pelo Clube de Autores. 

A história é o seguinte: uma menina, criancinha, ainda, é sequestrada em Belém do Pará. O pai dela, culto e rico, passa a dedicar sua vida ao caso, até encontrar um jornalista, na nascente Palmas/TO, com uma pista. Em Palmas, o pai da menina descobre um elo em Buenos Aires e segue para lá. Na capital portenha, descobre um elo que liga o sequestro de sua filha a uma quadrilha sediada na Flórida, EUA, que alimenta milionários pedófilos, tarados assassinos, com crianças sequestradas em todo o mundo. 

Na edição da Cejup, o sociólogo, ensaísta e contista Fernando Canto escreveu sobre o livro: “A obstinação de um professor em busca da filha sequestrada por traficantes de crianças move, com muita velocidade, esta novela de Ray Cunha. A CAÇA flui em linguagem direta, enxuta, que, aliás, é o estilo deste autor inquieto e que manda às favas os adjetivos inúteis, preferindo a ação aos conceitos, com o objetivo de produzir uma narrativa rica e movimentada. 

“Como toda boa história, A CAÇA carrega no seu bojo a condição maniqueísta de homens gastos pelas agruras do cotidiano, em que os mais diversos sentimentos tomam conta dos personagens e permite que se observe a condição humana a partir de gestos que exprimem a traição e o ciúme, a luta pelo poder e pelo dinheiro, além da clara tensão para ver resolvidos seus problemas e obsessões. 

“Ray Cunha sustenta sua casa trabalhando como jornalista, e talvez por conhecer tão bem a redação de um jornal faz conduzir esta história a partir da construção de um personagem-narrador, também jornalista – Reinaldo –, que ressurge após protagonizar A GRANDE FARRA, primeira novela do autor. 

A CAÇA é uma história bem articulada e de uma ambientação e temática pouco exploradas na literatura brasileira, talvez por ser atual e refletir os problemas que afligem as pobres sociedades latino-americanas. É um livro para ser bebido como um bom scotch, a fim de que o leitor possa saboreá-lo.”

Capa da edição de 1996, da Editora Cejup, de Belém do Pará,
assinada pela escritora e artista plástica Josélia Costandrade

Lembrei de A CAÇA ao tomar conhecimento do caso do rapper americano Sean Diddy Combs, 54 anos, preso desde 16 de setembro, após seis meses sendo investigado, sob a acusação de chefiar uma gang especializada em promover orgias com escravos sexuais, sempre com estupros e menores, envolvendo um monte de celebridades do show business, e de abusar sexualmente de crianças, desde 1991, em Los Angeles, Nova York e Miami. 

Estupros ocorriam também durante ensaios e testes de talentos. Uma das vítimas, um homem, que na época tinha nove anos, disse à polícia que foi abusado sexualmente por Diddy e outras pessoas em um estúdio de gravação em Nova York. Outro homem contou que era ainda menor de idade quando Diddy prometeu torná-lo uma estrela, mas tudo o que conseguiu foi fazer sexo oral nele. Já uma menina de 15 anos alega ter sido levada à Nova York para uma festa, onde foi currada pelo rapper e outros homens. 

Diddy garante que é inocente de todas as acusações e que seus advogados vão provar isso. Se fosse no Brasil ele nem seria preso. Sérgio Cabral está preso? Mas é nos Estados Unidos. Aqui, só golpista pega perpétua.

Capa da edição da amazon.com.br: a infância destruída