O CLUBE DOS ONIPOTENTES põe a nu o atual momento político |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 16 DE OUTUBRO DE 2024 – O deputado Gustavo Gayer (PL/GO), uma das vozes mais tonitruantes da direita, afirma, em vídeo, que o governo está preparando uma “lista de extermínio” dos apoiadores do líder dos conservadores, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. No vídeo, Gayer faz uma comparação do método utilizado pelos hutus no genocídio que houve na Ruanda, África, em 1994, quando, em 100 dias, foram massacradas 800 mil pessoas. Os hutus usaram também uma lista.
Em Ruanda, os hutus eram 85% da população, mas os tutsis, apesar de minoria, estavam no poder há bastante tempo, até 1959, quando os hutus derrubaram a monarquia tutsi e dezenas de milhares de tutsis refugiaram-se em países vizinhos. Em 1990, um grupo de exilados fundou a Frente Patriótica Ruandesa (RPF) e invadiu Ruanda, iniciando uma guerra civil que durou até 1993, quando um acordo de paz foi estabelecido.
Em 6 de abril de 1994, um avião que transportava os presidentes de Ruanda, Juvenal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira, ambos hutus, foi derrubado. Nunca se descobriu quem derrubou o avião, mas os hutus culparam os tutsis, que, na verdade, não tinham o menor interesse nisso, e começaram um plano de limpeza étnica. Promoveram um censo e levantaram toda a comunidade tutsi com endereços e entregaram as listas a milícias.
Assim, cerca de 800 mil tutsis foram caçados e mortos; muitos foram mortos a facão pelos seus vizinhos. Cerca de 200 mil mulheres foram estupradas antes de serem mortas, mas milhares delas foram mantidas como escravas sexuais. A Organização das Nações Unidas (ONU) não fez nada. E podia fazer, se quisesse.
Durante todo o massacre, os hutus fizeram uma ampla campanha de ódio contra os tutsis, exortando as pessoas a “eliminar as baratas”. Os nomes tutsis a serem mortos eram lidos no rádio, para que as milícias ou vizinhos os matassem.
Nessas alturas, a RPF reorganizou-se e, em 4 de julho daquele ano, apoiada pelo exército de Uganda, marchou para a capital, Kigali. Acuados e temendo vingança cerca de dois milhões de hutus fugiram para a República Democrática do Congo, na época, Zaire. O conflito passou para a República Democrática do Congo, com a morte de cinco milhões de pessoas.
Após o genocídio, quase dois milhões de pessoas foram julgadas em Ruanda e em um tribunal da ONU, na vizinha Tanzânia.
Mas o que isso tem a ver com o Brasil? A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as redes sociais Instagram, LinkedIn, TikTok, Facebook, Twitter e YouTube enviassem uma lista, completa, com os nomes e informações dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para que?
– Se você for somar todos os seguidores do presidente Bolsonaro nas redes sociais nós estamos falando de mais de 40 milhões de pessoas. Eles estão preparando uma lista de extermínio aparentemente. Será que estamos prestes a enfrentar uma nova Ruanda? – pergunta Gayer, referindo-se a um extermínio político do bolsonarismo. – O próximo passo é paredão, com um bom fuzil, uma boa bala e uma boa cova – comenta, referindo-se ao método utilizado pelos ditadores da América Latina.
Gustavo Gayer adverte que a PGR requer também a “integralidade das postagens” de Bolsonaro sobre “eleições, urnas eletrônicas, Tribunal Superior Eleitoral, Supremo Tribunal Federal, Forças Armadas e fotos e/ou vídeos com essas temáticas, a quantidade de visualizações, curtidas, compartilhamentos, repostagens, comentários e demais métricas aferíveis”.
A solicitação, assinada pelo subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, objetiva apurar mais detalhes sobre o 8 de Janeiro, que tem como relator, no Supremo, o ministro Alexandre de Moraes.
Mas para que serviria essa nova lista? A lista de perseguidos políticos no Brasil já tem um morto, mais de mil presos e dezenas de exilados, entre políticos, jornalistas, blogueiros e até donas de casa que acreditam em Papai Noel, e as penas são de pelo menos 15 anos de cadeia.
O estranho é que cada vez mais bandidos notórios e perigosíssimos voltam para as ruas pela porta da frente. Enquanto isso, o presidente Lula da Silva quer comprar vários aviões, grandes e modernos, para ele e sua trupe baterem perna, enquanto o país resvala para um abismo financeiro.
Comenta-se, à boca de siri, que tudo isso é bancado pela Direita norte-americana, os Democratas, agora comandados por Kamala Harris, uma espécie de Dilma Rousseff americana.
Leia deste jornalista e escritor o thriller O CLUBE DOS ONIPOTENTES
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