Ray Cunha e A IDENTIDADE CARIOCA, no seu escritório, em Brasília/DF
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 14 DE DEZEMBRO DE 2024 – Leitores me cobram a razão de eu, caboco de Macapá/AP, na Amazônia Atlântica, ter escrito o romance histórico A IDENTIDADE CARIOCA.
Nas minhas viagens Brasil afora e minha experiência morando em Brasília, cidade que reúne colônias dos diversos estados do país, notei que o brasileiro vê a identidade do outro geograficamente, como se o Brasil fosse uma espécie de América do Sul espanhola. Os mais famosos são os cariocas, por duas razões: o Brasil começou realmente no Rio de Janeiro, com a vinda de dom João VI, e, até 2019, a TV Globo.
Há os paulistanos, que mourejam dia e noite. Os mineiros. Os gaúchos e a Região Sul, cheia de migrantes europeus. Os nordestinos. Os amazônidas. O Brasil é, sobretudo, negro e mulato, que foram quem construíram o país. O português falado no Brasil é uma das línguas mais belas e ricas do planeta, porque é tropical, quente, aberta, colorida, portuguesa, tupi, africana e cheia de estrangeirismos.
Eu me dou bem com tudo isso. Essa situação me faz pensar em um dos maiores escritores americanos, Ernest Hemingway. Nenhum romance dele é ambientado nos Estados Unidos, mas na Europa ou no Caribe, embora os personagens principais sejam sempre americanos.
A geografia dá pistas de quem é a pessoa, mas não a define. Vejam o caso do escritor Ruy Castro, por exemplo, que nasceu em Minas Gerais, mas é carioca até a medula.
Sou caboco de Macapá, ribeirinho, já me internei na Hileia, trabalhei nos maiores jornais impressos da Amazônia, sou leitor tanto da literatura ficcional quanto ensaística do Inferno Verde e tenho um livro de contos intitulado AMAZÔNIA.
Peguei a estrada aos 17 anos de idade e estive em várias cidades, incluindo Buenos Aires e Rio de Janeiro, onde morei na juventude, e moro em Brasília desde 1987. Já me chamaram de brasiliense, mas naturalidade não é o tempo que passamos em uma cidade. A cidade natal, queiramos ou não, estará sempre dentro da gente. O que não quer dizer que tenhamos que morrer na cidade natal.
Moramos em uma cidade por diversas razões, ou circunstâncias, e morremos também em qualquer lugar. Posso morrer em Macapá, ou no Rio de Janeiro, ou em Brasília, mesmo. Isso não tem a menor importância, o lugar onde morremos. Só é importante, eu acho, curtir a vida. Certa vez meu irmão gênio, o pintor Olivar Cunha, disse que a vida é um tesão. Acho que ele está certo.
Meu caso com o Rio de Janeiro começou, como eu disse, na juventude, aos 17 anos. É antigo. Mas não foi por isso que escrevi A IDENTIDADE CARIOCA. Foi por causa de O Rio Antes do Rio, de Rafael Freitas da Silva, de quem li, depois, Arariboia. E Metrópole à Beira-Mar, de Ruy Castro.
O Rio Antes do Rio é o melhor ensaio que já li sobre o nascimento do Brasil. O Brasil é tupi, lusitano e africano, e nasceu no Rio de Janeiro. A Baía de Guanabara era cercada por nações tamoias. Aí, vem a França Antártica e Estácio de Sá. Arariboia entra na história; nasce Niterói. Metrópole à Beira-Mar mostra os alicerces do Rio moderno.
Lendo esses livros, percebi que o Rio de Janeiro é um museu a céu aberto da história do Brasil. Suas ruas, praças, monumentos, palácios, igrejas, prédios em geral, bairros, contam a história do Brasil, que é cheia de mitos. E o Rio de Janeiro é um cenário hollywoodiano. Tudo o que eu precisava fazer era criar uma trama carioca com um pé na História. E foi o que eu fiz.
Peguei a maior lenda urbana do Rio de Janeiro, o Tesouro dos Jesuítas do Morro do Castelo, e pus um jornalista atrás dele e um chefão do narcotráfico atrás do jornalista. Nessa jornada, a saga da construção do Rio de Janeiro e do país, pelos portugueses, é contada com base em pesquisa que realizei, lendo amplamente, procurando chegar o mais perto possível da verdade. De modo que não é só carioca que pode escrever sobre o Rio.
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Atenção, leitor: você vai se surpreender com A IDENTIDADE CARIOCA. O Tesouro dos Jesuítas do Morro do Castelo existe, realmente, e o
jornalista o encontra.
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