sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Por que mudar a capital do Rio de Janeiro para Brasília? HIENA mostra as duas faces da cidade

Capa de HIENA em edição do Clube de Autores: luz e sombra

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 31 DE JANEIRO DE 2025 – Os Estados Unidos são uma referência para o planeta. A primeira capital americana foi Nova Iorque (1785-1790), já a maior cidade americana, então com 60 mil habitantes. Depois foi Filadélfia (1790-1800), outra importante cidade americana à época, mas, em 1800, a capital foi transferida para Washington, Distrito de Columbia, então com 8.144 habitantes. 

No Brasil, ocorreu algo semelhante. A primeira capital foi Salvador de Todos os Santos (1549-1763). O litoral da Bahia era, à época, a região mais conhecida dos portugueses no Novo Mundo. Em 1763, o ouro de Minas Gerais enviado para Portugal pelo Rio de Janeiro sustentava a coroa portuguesa. Não deu outra, o primeiro ministro do rei Dom José I (1714-1777), Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, transferiu a capital do Brasil-Colônia para o Rio de Janeiro, que tinha, então, cerca de 60 mil habitantes. 

Entre 1815 e 1822, o Rio se tornou capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e, em 1822, capital do Império do Brasil, e continuou capital da República, em 1889, até 1960, quando a capital foi transferida para Brasília. O Rio já era, então, a segunda maior cidade do país, superada apenas por São Paulo, e epicentro da vida cultural brasileira e principal palco da identidade nacional, tema do meu romance histórico A IDENTIDADE CARIOCA. 

Mas por que transferir a capital do país de uma das cidades mais cosmopolitas do mundo para o sertão? Talvez por razões semelhantes às que levaram os americanos a trocarem Nova Yorque por Washington. Senão vejamos. 

Em 31 de janeiro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek toma posse. Vendo que não conseguiria chegar ao fim do seu mandato, em 31 de janeiro de 1961, se a capital continuasse no Rio de Janeiro, aproveitou uma ideia que começou no Brasil-Colônia, no século XVIII, de transferir a capital do Brasil para o interior do país. 

Um dos primeiros a pensar nisso foi Marquês de Pombal, entre 1750 e 1777, um dos mais destacados representantes do despotismo esclarecido, responsável por reformas que catapultaram a economia do reino e das colônias. Em 1761, Pombal sugeriu a transferência da capital do Brasil-Colônia para o interior do país, contratando o cartógrafo italiano Francesco Tosi Colombina para estudar a geografia do Planalto Central. 

Em 1789, ano da Revolução Francesa, Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, também pensou em uma nova capital, mas em um país independente. Joaquim José da Silva Xavier nasceu na Fazenda do Pombal, próxima ao arraial de Santa Rita do Rio Abaixo, disputado, à época, pelas vilas de São João del-Rei e São José del-Rei, no hoje município de Ritápolis/MG, foi batizado em 12 de novembro de 1746 e faleceu no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792. 

Dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político, foi um dos líderes da Inconfidência Mineira, conspiração separatista do Brasil-Colônia de Portugal. Tiradentes foi preso, julgado e enforcado publicamente em 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro. Esquartejado, seu corpo foi exposto. Após o golpe da República, em 15 de novembro de 1889, os golpistas, visando criar uma identidade republicana e enterrar o império, tornaram Tiradentes herói nacional, patrono cívico do Brasil e das polícias militares e civis. O 21 de Abril é feriado nacional. Em Minas Gerais, a antiga Vila de São José do Rio das Mortes foi renomeada cidade de Tiradentes em sua homenagem. 

Mitificado, pintam-no à semelhança do Jesus Cristo hollywoodiano. A iconografia tradicional de Tiradentes é de um homem de cabelos e barbas longas, como Jesus Cristo, no cadafalso. Porém, como militar, o máximo que Tiradentes poderia ter no rosto seria um discreto bigode. Na prisão, onde esperou ser executado durante três anos, teve barba e cabelo raspados, para evitar piolho. 

Em 1808, quando Dom João VI, fugindo da invasão de Portugal pelo imperador francês Napoleão Bonaparte, mudou-se com a corte para o Rio de Janeiro, então uma pequena cidade, incompatível para abrigar a corte de Portugal. Também, na época, a localização costeira do Rio de Janeiro deixava a cidade vulnerável a ataques estrangeiros pelo mar. No século XVI, os franceses conquistaram facilmente a Baía de Guanabara e instalaram a França Antártica. No século XVIII, corsários franceses tomaram o Rio e só o libertaram após dois meses, quando receberam um gordo troféu para deixarem a cidade. 

Em 1813, a interiorização da capital ganhou as páginas do influente Correio Braziliense, editado por Hipólito José da Costa, para quem a nova cidade deveria ser construída na capitania de Goiás, no ponto onde nascem “caudalosos rios que se dirigem ao norte, ao sul, ao nordeste e ao sudeste”. Segundo Hipólito, isso permitiria o contato fluvial da capital com todo o território brasileiro. O que não é verdade. 

Em 1823, o ministro e deputado José Bonifácio de Andrada e Silva (SP), conhecido como Patriarca da Independência, propôs à Assembleia Constituinte a transferência da capital para o interior e sugeriu que se chamasse Brasília. Em 1892, o belga Louis Cruls mapeou um território no Planalto Central para a construção da nova capital. 

“Como essa cidade deve ficar equidistante dos limites do Império tanto em latitude como em longitude, vai-se abrir, por meio das estradas que devem sair desse centro como raios para as diversas províncias, uma comunicação e decerto criar comércio interno da maior magnitude. Vai-se chamar para as províncias do sertão o excesso da povoação sem emprego das cidades marítimas e mercantis” – propôs Bonifácio. 

Só que Dom Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte e a transferência da capital foi para a gaveta, tanto que na Constituição imposta pelo imperador, em 1824, não se fala nisso. 

Mas no reinado de Dom Pedro II, a campanha pela nova capital renasceu, encabeçada pelo historiador Francisco Adolfo de Varnhagen. Ele argumentava que a permanência da sede do Império no Rio significava a continuidade do atraso colonial, que a entrada do Brasil na modernidade dependia dessa transferência. 

Inspirado por Varnhagen, o senador (1838-1863/PE) Antônio Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, Visconde de Albuquerque, apresentou um projeto de lei prevendo uma nova capital. Para ele, o sertão teria boa utilidade se fosse ocupado por plantações de café, então o motor da economia nacional. 

“O Brasil deve, em minha opinião, ser mais uma nação agrícola do que comercial. Ora, o desenvolvimento da agricultura em vasta escala não poderá conseguir-se senão promovendo-se a formação de grandes estabelecimentos no centro do Império. O meio mais óbvio que se antolha para realizá-los é a criação da capital nesse centro” – argumentou. 

Segundo ele, a cidade poderia ficar pronta em dez anos, usando como mão de obra escravos negros, que, aliás, construíram o Brasil debaixo de chicote, até a Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888, pela Princesa Isabel, quando os negros passaram a outra casta, de escravos para marginais; poderiam ser presos até por olharem nos olhos de uma autoridade, ou policial. A proposta foi para a gaveta e o Cerrado não foi ocupado por cafezais, mas, depois da inauguração de Brasília, em 21 de abril (Tiradentes) de 1960, por extensas plantações de soja. 

Em 1877, Varnhagen partiu para a ação. Embrenhou-se pelos sertões do Planalto Central para identificar o ponto onde seria construída a nova cidade, que se chamaria Imperatória, em homenagem ao imperador Dom Pedro II, e seria construída exatamente entre as lagoas Formosa, Feia e Mestre d’Armas. 

O tema foi desengavetado na Assembleia Constituinte de 1891, após a derrubada da Monarquia. O senador constituinte Virgílio Damásio (BA) apresentou uma proposta denominando a nova capital do Brasil de Cidade Tiradentes e argumentou que o Rio de Janeiro estava inchado, com 400 mil moradores; um barril de pólvora. 

“Nesta cidade populosa, falemos a verdade, encontram-se muitos que vivem entre a ociosidade e manejos ou expedientes poucos confessáveis. Essa grande massa de homens é uma arma, uma alavanca poderosíssima em mãos de agitadores. Uma cidade populosa não convém para capital” – disse. 

O deputado constituinte Thomaz Delfino (DF) concordou com Virgílio Damásio. “Uma capital não se sente muito bem no meio da multidão da vasta cidade, por sua natureza agitada e, de vez em quando, algum tanto revolucionária. É sabido que nos Estados Unidos da América do Norte os diferentes estados têm geralmente pequenas cidades por capitais. A sede do governo do estado de Nova York não é a riquíssima cidade desse nome e sim a insignificante Albany. Quando a capital da União Americana foi fixada em Washington, era esta apenas uma pequena cidade de 70 a 80 mil habitantes” – argumentou. 

Com efeito, a deposição de Dom Pedro II era um nervo exposto. Inclusive, dom Pedro II poderia ter resistido, pois teve todo o apoio necessário para isso, mas parece que ele queria mesmo era se aposentar, e a herdeira do Império, a princesa Isabel, era mais beata do que estadista. Havia a preocupação, por parte dos republicanos, de uma insurreição pela volta do Império. A minoria republicana que deu o golpe contra o Império não contava com respaldo popular; o Rio de Janeiro era monarquista. Durante os governos de Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894), ambos militares, o Rio foi bombardeado por navios de guerra dos insurgentes da Revolta da Armada. 

Mas como a Constituição de 1891 previa a construção de um novo Distrito Federal no centro do Brasil, os dois primeiros presidentes da República, Deodoro e Floriano, seguiram a lei e criaram uma comissão de técnicos para delimitar, no interior de Goiás, o quadrilátero da futura capital. 

Sucessor de Deodoro e Floriano, e primeiro civil a ocupar a Presidência da República, Prudente de Moraes (1894-1898) engavetou o plano, argumentando que os cofres públicos não tinham dinheiro para a empreitada. Mas o motivo era outro. Quem então mandava no país eram as oligarquias nos estados, porque eram quem sustentavam o Estado. E eles não queriam que a capital saísse do Rio, que fervilhava, inclusive Prudente de Moraes escapou por um triz de ser assassinado a espada, durante a cerimônia de boas-vindas às tropas que haviam massacrado Canudos. No governo de Rodrigues Alves (1902-1906), que sucedeu Campos Salles (1898-1902), o Rio foi depredado pelos cariocas na Revolta da Vacina. 

Em 1905, o senador Nogueira Paranaguá (PI) apresentou projeto de lei dando prazo para a mudança da capital até 1921, cem anos da Independência do Brasil. Paranaguá argumentou que o Rio não espelhava o Brasil: “Esta é uma cidade cosmopolita por excelência. Aqui, há o elemento português, o italiano, o alemão, o espanhol e muitos outros. Os estrangeiros têm força preponderante. Os interesses desta cidade são muitas vezes antagônicos com o interesse nacional. Eu quero uma capital tranquila, verdadeiramente nacional, em que o brasileirismo seja predominante” – disse. 

Além disso, alegava que o clima do Rio não era bom: “Neste momento, estou a sentir um calor senegalesco. Eu estou transpirando, apesar destes ventiladores. Nós vemos que o próprio presidente da República se retira da capital durante alguns meses do ano por não poder ficar neste clima asfixiante”. 

De fato. O Rio, cercado pela Baía de Guanabara, era também rodeado de pântanos, ambiente propício para a disseminação de cólera, peste bubônica e febre amarela. “No Planalto Central teríamos uma capital que reuniria todas as condições de salubridade” – observou Nogueira Paranaguá. Tanto que Rodrigues Alves, o primeiro presidente eleito no século XX, executou uma reforma radical na região portuária do Rio para combater a insalubridade, demolindo cortiços e construindo amplas avenidas, praças e edifícios públicos, uma Paris tropical. Não queria nem ouvir falar em capital no Planalto Central. 

Mas, em 1922, é construído um obelisco na zona rural de Planaltina/DF, a mando do presidente Epitácio Pessoa (1919-1922). Em 1929, o intelectual Theodoro Figueira de Almeida publicou um plano da futura cidade, que teria ruas e praças com nomes que contariam a história do Brasil desde Pedro Álvares Cabral. Ainda em 1922, o tenente-coronel Luiz Mariano de Barros Fournier, professor da Escola Militar, apresentou ao Senado uma parceria público-privada que lhe permitiria liderar a construção da nova capital. O governo só teria que providenciar 67 mil contos de réis e o tenente-coronel entregaria a cidade pronta, em 1931. 

“O proponente permite-se assegurar-lhes que conhece perfeitamente o problema que se propõe resolver, que, educado em severo regime militar, tem inteira noção do que seja responsabilidade e que o exercício de suas funções no magistério militar é uma prova de que se acha em pleno gozo de perfeita razão” – negociou o tenente-coronel. Os senadores agradeceram a proposta e a engavetaram imediatamente. 

Durante os trabalhos da Assembleia Constituinte de 1934, o deputado Nero de Macedo (PSR/GO) lamentou: “As circunstâncias já têm demonstrado a necessidade de uma nova capital. Os governantes, porém, ou por pirronice, ou por inércia, jamais cumpriram o dispositivo constitucional. Nós conhecemos bem os costumes políticos, conhecemos bem o encanto que tem o Rio de Janeiro”. 

A Revolução de 1930 enfraqueceu as oligarquias estaduais e a transferência da capital para o Planalto Central voltou com força à Constituição de 1934. Foi nesse clima que o diretor do Serviço de Informações e Estatísticas do Ministério da Educação, Mário Augusto Teixeira de Freitas, propôs ao governo de Getúlio Vargas a transferência da capital para o interior, aos poucos. 

A cidade visada foi Belo Horizonte, a capital mineira, planejada e fundada em 1897. Ela se tornaria a capital provisória do país, até que as obras da nova capital, Cabrália (em homenagem a Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil) fosse construída em Goiás. Teixeira de Freitas não conseguiu nada com Getúlio Vargas, mas, em 1938, ajudou a fundar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que endossou o projeto em duas etapas da nova capital. 

Na Assembleia Constituinte de 1946, convocada após a queda da ditadura do Estado Novo, os parlamentares acharam que em vez de Belo Horizonte a capital seria Goiânia, inaugurada em 1942. 

“Não vemos como se possa realizar, nos próximos decênios, a obra ciclópica da nova capital do Brasil, que deve ser projetada com a maior perfeição e caprichosamente executada, para não prejudicar o futuro do país. Planificada e construída em moldes moderníssimos, é Goiânia a cidade ideal, entre todas as suas irmãs, para sede provisória do governo da República. Ela já está ali à nossa vista, ao nosso alcance” – propôs o deputado constituinte Diógenes Magalhães (PSD/GO). 

Os constituintes da bancada de Minas Gerais reagiram a Diógenes Magalhães e ofereceram o Triângulo Mineiro para o novo Distrito Federal, inclusive o deputado Juscelino Kubitschek (PSD/MG): “Trago ao conhecimento dos senhores representantes um magnífico trabalho de autoria do secretário de Viação do estado de Minas Gerais. Nele, além de sugerir a mudança da capital para o pontal do Triângulo Mineiro, são estudados os variados aspectos do problema e apontada uma solução que satisfaz os partidários da ideia da mudança da capital” – discursou Juscelino, em 1946. 

Durante o governo Nereu Ramos (1955-1956), em 1955, foi enviada nova missão ao Planalto Central, a qual recomendou que o Distrito Federal fosse criado no mesmo local, em Goiás, já delimitado na época de Floriano Peixoto, e que a futura cidade fosse chamada de Vera Cruz, um dos nomes dados ao Brasil logo depois do Descobrimento. 

Em 1955, Juscelino Kubitschek (1956-1961) disputou a Presidência da República e prometeu, na campanha, construir Brasília. Empossado em 1956, dedicou seu governo à sua promessa. Abriu um concurso para o Plano Piloto da nova cidade, vencido pelo arquiteto e urbanista Lucio Costa. 

O fato é que Juscelino Kubitschek viu que se fosse eleito não chegaria ao fim do seu mandato se a capital continuasse no Rio, de modo que a construção de Brasília faria com que ele se ausentasse amiúde daquele barril de pólvora e mantivesse seu nome aceso em nível nacional. 

“Juscelino poderia ter descumprido a promessa. Nada o obrigava a cumpri-la. Ele não seria o primeiro político a não cumprir a totalidade do seu programa eleitoral. O que ocorreu foi que Juscelino, um herdeiro do getulismo, se elegeu com apenas 35% dos votos, e setores conservadores da política e das Forças Armadas, os mesmos que haviam levado Getúlio ao suicídio, questionaram essa vitória. No fim de 1955, houve duas tentativas de golpe de Estado para impedir a posse de Juscelino. No início de 1956, uma revolta militar tentou derrubá-lo. Nesse ambiente hostil, Juscelino percebeu que a transferência da capital tinha a capacidade de mobilizar o imaginário da nação e colocá-la ao seu lado. Foi por isso que levou a ideia adiante” – analisa o historiador francês Laurent Vidal, autor do livro De Nova Lisboa a Brasília (Editora UnB). 

Para Vidal, os brasileiros desconhecem a história que antecede Brasília, a partir da vinda da corte de dom João VI para o Brasil, com todas as Brasílias imaginadas. JK conseguiu criar para si a imagem do mito que fez tudo sozinho: “É importante que os brasileiros conheçam a história completa de Brasília para que, assim, conheçam a si próprios. A ideia de uma nova capital no Planalto Central apareceu de tempos em tempos, sempre em momentos de crise e ruptura, como forma de reaglutinar o país dividido. Foi assim após a Independência, após a Proclamação da República, após a Revolução de 1930, após a ditadura do Estado Novo. A nova capital sempre trouxe essa ideia de progresso, de modernidade, o que mexe forte com o imaginário das pessoas. Mas, na avaliação dos governantes, bastava formular o projeto. Não era preciso ir até o fim. Por 150 anos, o importante foi apenas superar as crises”. 

Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Os militares adoraram. Em 1964, deram um golpe. Em Brasília, naquela época, não existia a possibilidade de protesto popular. Nem povo Brasília tinha, ainda. A Ditadura dos Generais durou até 1985. 

Há o mito de que São João Bosco, italiano, fundador da Congregação dos Salesianos, teria sonhado com Brasília, em 1883, e profetizado a construção da cidade, segundo o livro Memórias Biográficas de São João Bosco, de seu assistente, padre Lemoyne. Em agosto de 1883, Dom Bosco sonhou que fazia uma viagem à América do Sul, onde jamais esteve. No sonho, visitou um território que ia da Colômbia ao sul da Argentina. Segundo ele: “Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse então uma voz repetidamente: – Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”. 

Diz-se que o lago mencionado por Dom Bosco é o Paranoá. A primeira obra de alvenaria erguida na nova capital foi a Ermida Dom Bosco, uma pequena capela piramidal projetada por Oscar Niemeyer, às margens do Lago Paranoá, construída em 1957, em homenagem ao santo, que se tornou padroeiro de Brasília, juntamente com Nossa Senhora Aparecida, e os Salesianos foi a primeira ordem religiosa a chegar a Brasília, em 1956, atuando nos acampamentos dos candangos. 

Juscelino Kubitschek construiu Brasília, mas, a partir de 1988, o goiano Joaquim Domingos Roriz terminou de construí-la. Roriz foi governador do Distrito Federal quatro vezes, durante 13 anos, de outubro de 1988 a março de 1990; de março de 1991 a janeiro de 1995; e de janeiro de 1999 a março de 2006. Construiu nove cidades dentro do quadrilátero do Distrito Federal e ampliou o sistema viário. 

Hoje, Brasília é a terceira maior cidade do país, com 2.982.818 habitantes. Epicentro, liga por rodovias todo o território nacional. Ficou famosa no mundo inteiro pela prancheta do urbanista Lúcio Costa e do arquiteto Oscar Niemeyer, ambos cariocas. Foi no Rio de Janeiro que a dupla começou a pensar Brasília, principalmente na Esplanada do Castelo e na Barra da Tijuca. Assim, Brasília é continuação da identidade carioca. 

Os brasilienses ficam possessos quando viajam pelo Brasil e lhes perguntam se estão roubando muito em Brasília. Costumam responder: – Sim, os ladrões que vocês enviaram para lá. – É que o Distrito Federal abriga a cúpula dos três poderes, e o Congresso Nacional recebe representantes de todos os Estados e de todos os segmentos da sociedade, inclusive das fações criminosas. 

Publiquei um thriller policial, HIENA, que mostra a Brasília de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e a Brasília subterrânea, especialmente a da Praça dos Três Poderes e da Esplanada dos Ministérios. Nessa ambientação, circulam personagens de ficção e reais, vivos ou mortos, honestos ou corruptos. Mas há também uma Brasília que unifica o país, ao reunir todas as culturas brasileiras e legar isso às novas gerações.

Capa de A IDENTIDADE CARIOCA na edição do Clube de Autores

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Escritora Marina Colasanti e Parque Lage são imortalizados no thriller O OLHO DO TOURO

Marina Colasanti em foto de 1968: linda e talentosa

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 28 DE JANEIRO DE 2025 – O thriller político O OLHO DO TOURO, segundo volume da trilogia que começou com O CLUBE DOS ONIPOTENTES, tem como trama ficcional a perseguição, prisão ou assassinato do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Trata-se de um romance jornalístico, com personagens de ficção e reais, vivas e mortas, movendo-se no Brasil de hoje. Entre os personagens reais pontua a escritora Marina Colasanti, que teve sua vida ligada ao Parque Lage, uma das catedrais culturais da Cidade Maravilhosa. 

A escritora, tradutora e jornalista Marina Colasanti faleceu nesta terça-feira 28, aos 87 anos, na sua casa, no Rio de Janeiro, e o velório será no Parque Lage. Segue trecho de O OLHO DO TOURO no qual Marina Colasanti aparece: 

O ENGENHO DEL REY, erguido, em 1567, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, por Antonio Salema, acabou nas mãos de Rodrigo de Freitas, então dono da Zona Sul, em 1811, que o adquiriu de Sebastião Fagundes Varela. Em 1840, o paisagista inglês John Tyndale é contratado para reformar a fazenda e recria nela o romantismo dos parques da sua terra natal. Em 1859, a fazenda é vendida para o empresário Tonico Lage, Antônio Martins Lage, e passa a ser chamada de Parque dos Lage. Em 1900, os três filhos de Lage herdam a fazenda e a vendem, treze anos depois, ao dr. César de Sá Rabello. Mas, em 1920, o magnata Henrique Lage, neto de Tonico Lage, resgata a antiga propriedade da família e dá início a uma reforma para a qual convida o arquiteto italiano Mario Vodret como projetista do palacete que fora de seu pai. 

Em 1918, a contralto italiana Gabriella Besanzoni se apresenta no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e canta Carmen, de Bizet. Ao ouvi-la, Henrique Lage, amante do canto lírico, se apaixona irremediavelmente por ela e envia flores ao seu camarim, com um convite para jantar. Ela recusa. Estava apaixonada por Arthur Rubinstein. Mas Henrique Lage continua cortejando-a mundo afora. Ela não resiste a tanto charme e acaba se apaixonando por ele. Casam-se em 7 de fevereiro de 1925, em regime de separação total de bens, por exigência dela. 

Em 1931, Henrique Lage manda construir no parque um palazzo romano para sua diva. Projetado pelo arquiteto italiano Mário Vodrel, o pórtico do casarão é revestido de cantaria, mármore, azulejos e ladrilhos importados da Itália. No centro da mansão, decorada com rico mobiliário, mármore, tapeçaria e obras de arte, há um pátio com piscina. Do jardim, 174 mil metros quadrados de Mata Atlântica, divisa-se o Morro do Corcovado, encimado pelo Cristo Redentor, inaugurado em 12 de outubro de 1931. Em 1936, Gabriella Besanzoni funda a Sociedade do Teatro Lírico Brasileiro e promove festas estreladas pelas celebridades cariocas da época. 

Em 1948, mudam-se para a mansão dos Lage os sobrinhos-netos de Gabriela Besanzoni: o ator Arduíno Colassanti (com dois esses) e a escritora, jornalista, tradutora e artista plástica ítalo-brasileira Marina Colasanti, que nasceu em Asmara, a capital da Eritreia, então colônia italiana, na África, em 26 de setembro de 1937. Colasanti passou parte da infância em Trípoli, Líbia, e na Itália, de onde sua família emigrou para o Rio de Janeiro após a Segunda Guerra Mundial, em 1948. Em 1956, entra para a Escola Nacional de Belas Artes, como professora de Desenho. Em 1962, começa a trabalhar no Jornal do Brasil, onde permanece por 11 anos, como repórter, redatora, editora, colunista e cronista. De lá, foi para a Revista Nova, da Editora Abril, onde permanece por 18 anos. Colaborou com várias publicações, apresentou programas de televisão e escreveu roteiros para filmes e novelas. Seu primeiro livro, Eu Sozinha, foi publicado em 1968. Publicou mais de 70 livros de ficção, especialmente livros infantis, além de crônicas e poesia. 

Nos anos 1960, os herdeiros dos Lage estavam endividados com o Banco do Brasil; assim, parte da propriedade foi repassada ao banco como pagamento e parte foi vendida para empresários, entre os quais Roberto Marinho, que pretendia construir no local a sede da TV Globo. Depois, Roberto Marinho tentou construir um condomínio de edifícios, vetado pelo governador Carlos Lacerda, pois o Parque Lage fora desapropriado, convertido em parque público, tombado como patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ambiental e cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), em 1957. Em 1965, o Parque Lage é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), com o empenho de Carlos Lacerda. 

Em 1957, a Secretaria de Cultura do Estado da Guanabara cria o Instituto de Belas Artes (IBA), que passa a funcionar no Parque Lage a partir de 1966. Desmantelado durante a Ditadura dos Generais (1964-1985), é ressuscitado em 1975, agora como Escola de Artes Visuais (EAV). Em 1967, Glauber Rocha filma Terra em Transe no palacete, como sede do governo da cidade de Alecrim, no fictício país de Eldorado, com os atores Paulo Autran, José Lewgoy, Glauce Rocha e Jardel Filho. 

Hoje, o palacete do Parque Lage é endereçado na Rua Jardim Botânico 414, em área de 52 hectares, ou campos de futebol, no Parque Nacional da Tijuca. 

Julieta Besanzoni sentia-se em casa nas aulas de Charles Watson, pintor escocês que se tornou professor e coordenador do Departamento de Pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, desde 1979. Nunca mais quis saber de outra cidade para viver. Criou o curso O Processo Criativo. Watson também constrói veleiros. 

Otelo aspirava ser como Henrique Lage, carioca, nascido em 14 de março de 1881 e falecido em 2 de julho de 1941. Industrial, dono de uma empresa de mineração e uma companhia de navegação, Henrique Lage criou ainda, em 1935, a Companhia Nacional de Navegação Aérea, primeira fábrica de aviões no Brasil. 

Mas Otelo queria ser apenas magnata, e já tinha os meios para isso. Tornara-se especialista em Di Cavalcanti. Podia produzir Di Cavalcanti de olhos fechados. Sabia tudo de Di. Ninguém poderia dizer que uma reprodução sua não era um legítimo Di Cavalcanti. Julieta era também especialista na obra do pintor carioca. Inclusive Navio Negreiro passara pelo seu crivo na mostra da tela, de 13 a 17 de fevereiro de 2023.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Geopolítica do Amapá. A Margem Equatorial. Davi Alcolumbre, Rodrigo Pacheco, Arthur Lira ou Randolfe Rodrigues, quem faz mais estragos?

Capa de JAMBU na edição do Clube de Autores: Amapá mais perto dos mercados dos Estados Unidos, Europa e China, via Canal do Panamá

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 27 DE JANEIRO DE 2025 – No meu romance ensaístico JAMBU há um breve estudo geopolítico do Amapá. Criado com terras desmembradas do Pará, em 13 de setembro de 1943, o Território Federal do Amapá, elevado a estado em 1 de janeiro de 1991, emerge do Platô das Guianas com seus 142.828.521 quilômetros quadrados, limitado a oeste e sul pelo Pará; ao norte pela Guiana Francesa; a noroeste pelo Suriname; a nordeste pelo Oceano Atlântico; e a leste pela foz do Rio Amazonas. 

Em tupi, “amapá” significa “o lugar da chuva”, ou “terra que acaba”; em nheengatu, “ilha”; em aruaque, pode se referir a “amapá” (Hancornia amapa), árvore típica da região, pertencente à família das apocináceas. 

O amapazeiro produz um fruto roxo, em formato de maçã, comestível, e a seiva do caule, conhecida como leite de amapá, é utilizada na medicina popular como fortificante e no tratamento de doenças respiratórias, anemia e gastrite; é também cicatrizante e fortificante para debilidades em geral. Árvore de até 35 metros de altura, rende madeira branca, utilizada no fabrico de caixotes. 

Os primeiros habitantes da região eram índios waiãpi, palikur, maracá-cunani e tucuju, dos troncos linguísticos aruaque e caribe. Vestígios de ocupação pré-colombiana foram registrados nos sítios arqueológicos de cerâmicas maracá-cunani e no Parque Arqueológico do Solstício, no município de Calçoene, e que data de pelo menos 2 mil anos. 

Há duas rodovias federais no Amapá: a BR-210 e a BR-156. A BR-210 é, na verdade, um embrião; conhecida como Perimetral Norte, tem pouco mais que 471 quilômetros. Começa em Macapá e vai até Serra do Navio, terminando na divisa com o Pará. Mas a rodovia que realmente tem importância para o estado é a BR-156, que começou a ser pensada em 1932. Até 1945, somente nove quilômetros foram construídos. 

Ela começa no município de Laranjal do Jari, vai até a capital do estado, Macapá, e termina no município de Oiapoque, no extremo norte. São 595 quilômetros entre Macapá e Oiapoque, e 369 quilômetros entre Macapá e Laranjal do Jari, totalizando 964 quilômetros. Jamais foi concluída, mas é trafegada, desde sempre. 

Nos tempos heroicos, durante os seis meses de estiagem, transformava-se em um poeiral sufocante, e nos seis meses de chuva, em um inferno de lama. Em 2011, foi construída uma ponte binacional sobre o rio Oiapoque, ligando Macapá a Caiena, a capital da Guiana Francesa. 

Com 84 mil quilômetros quadrados, a Guiana Francesa é limitada ao norte pelo Oceano Atlântico, a leste e a sul pelo Amapá e a oeste pelo Suriname. Foi colônia francesa até 1947, quando passou a departamento ultramarino francês, com representação no Senado e na Assembleia Nacional da França, e seus cidadãos participam das eleições para presidente da França. Como integrante da União Europeia, a moeda local é o euro. O Centro Espacial de Kourou serve à Agência Espacial Europeia desde 1968. Ou seja, a Guiana Francesa é o principal território da União Europeia na América do Sul. 

Vizinho da Guiana Francesa e fazendo fronteira com um pedacinho do Amapá, fica o Suriname, antiga Guiana Holandesa, e que tem como capital Paramaribo. Com pouco menos de 165 mil quilômetros quadrados, é o menor país da América do Sul. Em 25 de novembro de 1975, deixou o Reino dos Países Baixos para se tornar um estado independente. 

Limitado a norte pelo oceano Atlântico, a leste pela Guiana Francesa, ao sul pelo Brasil, é vizinha da Guiana, antiga Guiana Inglesa, a oeste, que, por sua vez, se limita com o Brasil ao sul e sudoeste, com a Venezuela a oeste, e com o Oceano Atlântico ao norte. A Guiana, capital Georgetown, conquistou sua independência do Reino Unido em 26 de maio de 1966, constituindo-se o único estado-membro da Commonwealth na América do Sul. 

Macapá é cortada pela Linha Imaginária do Equador e banhada pelo Canal do Norte do Rio Amazonas. Enquanto o Equador é só uma linha imaginária, o Rio Amazonas é a substância da cidade. Com descarga hídrica tão gigantesca que reduz a salinidade superficial do mar, pois despeja em média 180 mil metros cúbicos de água por segundo no Atlântico, dos quais 65% via Canal do Norte – 16% da água doce vazada para os oceanos do mundo. 

Assim, o rio invade o mar com 8,6 baías de Guanabara e espantosos 3 milhões de toneladas de sedimento a cada 24 horas, ou 1,095 bilhão de toneladas por ano. O resultado disso é que a costa do Amapá continua crescendo. 

A boca do Canal do Norte, escancarando-se do arquipélago do Marajó, no Pará, até a costa do Amapá, mede em torno de 240 quilômetros, onde o Amazonas penetra cerca de 320 quilômetros no mar, atingindo o Caribe nas cheias, e, juntamente com outros gigantes do Pará e Amapá, e extensos manguezais, contribui para que a Amazônia Azul setentrional seja a costa mais rica do planeta em todo tipo de criaturas marinhas. 

Além de ser naturalmente a porta sul-americana para a Europa, via Guiana Francesa, o Amapá tem um dos mais estratégicos portos brasileiros, o Porto de Santana, na região metropolitana de Macapá. Porém o governo brasileiro, os governadores da Amazônia e a bancada amazônica no Congresso Nacional jamais observaram a importância do Porto de Santana. 

Começa que o porto é municipal, quando deveria ser federal. Trata-se de um porto com calado para qualquer tipo de navio e mais próximo dos mercados dos Estados Unidos, Europa e China. No caso da Ásia, os navios cortam caminho pelo Canal do Panamá. Mas levar o que do Amapá? O Porto de Santana pode escoar commodity e produtos industrializados de toda a Amazônia e da Região Centro-Oeste. 

Macapá possui também o aeroporto internacional brasileiro simultaneamente mais próximo dos Estados Unidos e da Europa. 

A Margem Equatorial é um campo petrolífero de 500 mil quilômetros quadrados, do litoral do Rio Grande do Norte até o Amapá, com cerca de 16 bilhões de barris de petróleo no subsolo. A exploração desse petróleo no Amapá ampliará seu PIB em 10,7 bilhões de reais, (61,2%) e gerará 53.916 postos de trabalho, de acordo com estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

Assim, o Amapá continua sendo um território federal, pois ainda está nas mãos do governo federal. Atualmente, o presidente Lula da Silva (PT) vem atolando o país em um merdeiro econômico maior do que a Margem Equatorial, ou da Amazônia, e tudo o que Lula diz seu porta-voz no Senado, um senador conterrâneo de Lula, Randolfe Rodrigues (PT), também de Garanhuns/PE, mas que migrou para Macapá e lá foi eleito senador pelos tucujus, mata a bola no peito e chuta para o gol. 

O senador Lucas Barreto, do PSD, de Gilberto Kassab (Centrão/SP), é, dos três senadores pelo Amapá, o que mais entende de geopolítica do estado, e vem defendendo, em Brasília, a imediata exploração do petróleo do Setentrião. Juntamente com Randolfe Rodrigues, o mandato do senador Lucas Barreto (PSD) vai até 2027. 

O terceiro senador, Davi Alcolumbre (União Brasil), com mandato até 2031, ex-presidente do Senado, pretende voltar, agora, para a presidência da casa, substituindo o infame Rodrigo Pacheco (PSD/MG). Alcolumbre sentou-se em cima de 35 pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), 17 deles contra Alexandre de Moraes, que dá sustentação ao regime de Lula da Silva. 

Rodrigo Pacheco elevou a subserviência do Senado ao Supremo a ponto de praticamente torná-lo em apenas um clube de príncipes com rabo preso. O mesmo se dá na Câmara, com Arthur Lira (PP/AL), que permitiu a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL/RJ) e também se senta em cima de pedidos de impeachment contra Lula. 

O que esperar de Davi Alcolumbre se ele voltar à presidência do Senado? De Lula da Silva não se espera mais nada. Lira deverá sofrer pressão insuportável para aceitar impeachment contra Lula, acusado de pedalada fiscal. Politicamente, a impopularidade de Lula é histórica entre todos os presidentes brasileiros, além de ser visto como um duende diplomático por apoiar ditadores e terroristas em todo o planeta e ter chamado Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de fascista.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Cenário político no Brasil esguicha sangue. Leia O OLHO DO TOURO, sequência da trilogia que começou com O CLUBE DOS ONIPOTENTES

O OLHO DO TOURO: prisão e assassinato de Jair Bolsonaro

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 24 DE JANEIRO DE 2025 O OLHO DO TOURO, segundo volume da trilogia que começou com O CLUBE DOS ONIPOTENTES e que será encerrada em 2026, mapeia o cenário político brasileiro desde as eleições de 2022 até a posse de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro. 

Assim, O OLHO DO TOURO é a sequência de O CLUBE DOS ONIPOTENTES. Misturando uma trama de ficção com acontecimentos reais, personagens fictícios com pessoas de carne e osso, vivas ou mortas, o fio da meada que une os três livros, o último ainda em gestação, é a perseguição ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que ousou enfrentar Lula da Silva, o PT (Partido dos Trabalhadores) e a máfia comunista que tomou de assalto o Brasil. 

Paira sobre Bolsonaro ameaça de prisão e sua morte dentro da prisão, como denunciou o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do líder da Direita brasileira. Bolsonaro é acusado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de liderar um golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, embora se encontrasse nos Estados Unidos nessa data e nenhum tiro tenha sido disparado contra nenhuma autoridade, nem contra ninguém. 

Segue trecho encharcado de sangue de O OLHO DO TOURO: 

SERIA O MESMO mago negro, que influenciou Lenin e Fidel, o encosto que influenciava a trilha de assassinatos no Brasil? 

Celso Daniel, 50 anos, foi prefeito de Santo André/SP três vezes, pelo Partido dos Trabalhadores, até 18 de janeiro de 2002, quando foi sequestrado ao sair de uma churrascaria na região dos Jardins, em São Paulo, a bordo de um Mitsubishi Pajero blindado, na companhia do empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. O carro teria sido perseguido por um Santana, um Tempra e uma Blazer, até a Rua Antônio Bezerra, nas imediações do número 393, no bairro da Vila Vera, Distrito do Sacomã, Zona Sul de São Paulo, quando fecharam o Mitsubishi e dispararam contra os pneus e vidros traseiro e dianteiro do carro. Segundo Sombra, que dirigia a Pajero, a trava e o câmbio do carro estranhamente deixaram de funcionar. Celso Daniel foi arrancado do carro e levado embora. Não fizeram nada com o Sombra nem com o motorista. 

Manhã de 20 de janeiro de 2002, um domingo, o corpo de Celso Daniel é encontrado com oito tiros, na Estrada das Cachoeiras, bairro do Carmo, na altura do quilômetro 328 da Rodovia Régis Bittencourt, a BR-116, em Juquitiba/SP. Em 1 de abril de 2002, o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil do Estado de São Paulo concluiu o inquérito sobre a morte de Celso Daniel, dando conta de que seis pessoas de uma quadrilha da favela Pantanal, na Zona Sul de São Paulo, cometeram o crime. Segundo o relatório, o autor dos disparos foi um menor de idade. Celso Daniel teria sido sequestrado por acaso, pois teriam perdido de vista o verdadeiro alvo, um empresário, que não teve sua identidade revelada. 

Um dos promotores do caso mostrou uma foto do prefeito ao menor que afirmou ter atirado em Celso Daniel e o rapaz não conseguiu reconhecer a pessoa na foto. 

– Nem roteiro de produção cinematográfica sem dinheiro seria tão ridículo quanto essa história – disse Alex. 

Uma análise pericial feita na Pajero concluiu que o carro não tinha nenhum defeito elétrico ou mecânico na hora do ataque. 

A seguir à morte de Celso Daniel sete outras pessoas ligadas ao caso foram assassinadas: 

1 – Dionísio Aquino Severo, líder da quadrilha da Favela Pantanal, presumido sequestrador de Celso Daniel, foi encontrado morto em abril de 2002, no Presídio do Belém, em São Paulo. 

2 – Manuel Sérgio Estevam, o Sérgio Orelha, que escondeu Dionísio em casa após o sequestro, foi fuzilado em setembro de 2002. 

3 – Otávio Mercier, investigador da Polícia Civil, que telefonou para Dionísio na véspera da morte do prefeito, foi morto a tiros na sua casa, em julho de 2003. 

4 – Antônio Palácio de Oliveira, garçom do restaurante Rubaiyat, que serviu Celso Daniel e Sombra na noite do crime pouco antes do sequestro, foi morto em fevereiro de 2003, ao chocar-se de moto contra um poste ao ser perseguido por dois homens. Conduzia documentos falsos, seus, com um novo nome. Familiares seus afirmaram que haviam depositado 60 mil reais na sua conta bancária. O suposto acidente foi testemunhado por Paulo Henrique Brito, morto no mês seguinte. 

5 – Paulo Henrique Brito foi fuzilado vinte dias depois de ter presenciado a morte do garçom, e no mesmo lugar, com um tiro nas costas. 

6 – Iran Moraes Rédua, agente funerário que reconheceu o corpo do prefeito na estrada e que chamou a polícia em Juquitiba, morreu com dois tiros, em 23 de dezembro de 2003. 

7 – Carlos Delmonte Printes, legista que emitiu o laudo identificando sinais de tortura no corpo do prefeito, foi encontrado morto no seu escritório, em São Paulo, em 12 de outubro de 2005. Segundo a polícia, o médico se suicidou ingerindo um coquetel de medicamentos, frustrado com o fim do seu casamento. 

Em 2005, os promotores Roberto Wider Filho e Amaro José Tomé, do Ministério Público de Santo André, pediram a reabertura das investigações policiais. Cinco anos depois, em agosto de 2010, a promotora Eliana Vendramini, responsável pela investigação, sofreu um acidente automobilístico em uma via expressa de São Paulo. O veículo blindado conduzido pela promotora foi repetidamente atingido por outro automóvel e capotou três vezes. 

O irmão de Celso Daniel, o oftalmologista João Francisco Daniel, afirma que o prefeito guardava um dossiê sobre desvio de dinheiro na prefeitura de Santo André para o Partido dos Trabalhadores. Empresários de ônibus do ABC Paulista confirmaram que Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, coletava mensalmente propina das empresas em troca de privilégios na prefeitura. Algumas pessoas do esquema começaram a desviar dinheiro para suas contas pessoais. Celso Daniel descobriu isso e teria preparado o suposto dossiê, que, de qualquer modo, sumiu. 

Em 2012, Marcos Valério, operador do Mensalão, esquema de compra de senadores e deputados pelo Poder Executivo, no caso o PT, afirmou que Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Gilberto Carvalho estariam sendo extorquidos por um dos envolvidos no esquema de cobrança de propina em Santo André. 

Em 27 de setembro de 2016, Sombra morre de câncer, em São Paulo. 

– Quem mandou matar Celso Daniel? E Teori Zavascki? 

Teori Albino Zavascki, gaúcho de Faxinal dos Guedes/SC, nascido em 15 de agosto de 1948, morreu em Paraty/RJ, em 19 de janeiro de 2017. Advogado, professor, jurista e magistrado, foi ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado pela presidente Dilma Rousseff. Foi relator da Operação Lava Jato no Supremo. Em 6 de março de 2015, autorizou a abertura de inquérito para investigar 47 políticos suspeitos de corrupção e, em 25 de novembro, determinou à Polícia Federal o cumprimento de quatro mandados de prisão, entre os quais o de um senador, Delcídio do Amaral, por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Em 15 de março do ano seguinte, Teori homologou delação premiada de Delcídio do Amaral, e, em 22 de março, determinou que todas as investigações da Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal que envolvessem o ex-presidente Lula e políticos com foro privilegiado, como a então presidente Dilma Rousseff, fossem remetidas ao Supremo. Em 11 de maio, nega o pedido do governo para anular o processo de impeachment de Dilma Rousseff, e, em 13 de junho, determina que a investigação envolvendo Lula fosse devolvida ao juiz Sergio Moro. 

No início de 2017, começaria o julgamento dos acordos de corrupção entre a empreiteira Odebrecht e membros do governo. Teori Zavascki iria retirar o sigilo de 900 depoimentos e homologar as 77 delações da Odebrecht. Isso envolvia nomes de peso. 

A Operação Lava Jato tinha provas de que a Petrobras abrigava um inacreditável esquema de corrupção montado no governo Lula e herdado pelo governo Dilma. O dinheiro da roubalheira financiava campanhas eleitorais, abastecia contas secretas no exterior e bancava uma vida de playboy para mais de uma centena de políticos. O foco da roubalheira era na Petrobras, mas ocorria também em outros grandes grupos empresariais; todos os partidos políticos sabiam disso e queriam sua fatia. 

Um dia antes do julgamento, 19 de janeiro de 2017, uma quinta-feira, Teori Zavascki resolveu ir a Paraty/RJ. O avião, prefixo PR-SOM, um bimotor turboélice modelo Hawker Beechcraft King Air C90, com quatro passageiros a bordo, mais o piloto, saiu do aeroporto Campo de Marte, em São Paulo/SP, às 13 horas, horário de Brasília, com destino à Paraty. 

Segundo relatório oficial do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), o avião estava com a manutenção em dia e o piloto, Osmar Rodrigues, 56 anos, tinha trinta anos de experiência, 7.464 horas de voo, 2.924 das quais em aeronaves tipo o avião em que Teori embarcou. Inclusive, em 2016, Osmar realizou 33 voos utilizando o aeródromo de Paraty, exatamente no jatinho em que Teori embarcou. Ao decolarem do Campo de Marte, em São Paulo/SP, Osmar sentia-se sem nenhum problema físico que pudesse pôr o voo em risco. Quando chegaram a Paraty, chovia, mas ainda dava para fazer voo visual. Osmar tentou a aproximação, mas não deu para pousar, aí, tentou novamente. O avião estava a 82 metros de altura, numa velocidade de 222 quilômetros por hora e a dois quilômetros do Aeroporto de Paraty. Osmar fez uma curva bastante inclinada e acabou batendo na água. O avião caiu próximo à Ilha Rasa, meia hora depois de ter decolado, e ficou parcialmente submerso. 

O delegado da Polícia Federal, Adriano Soares, que investigava o acidente, foi assassinado, baleado em Florianópolis, em um prostíbulo. 

A viagem de Teori Zavascki a Paraty é um mistério. Ele saiu de São Paulo com destino a um resort em uma praia privada, o Hotel Emiliano, considerado um prostíbulo de luxo e frequentado por empresários e políticos investigados na Lava Jato, artistas e endinheirados que pagam pela discrição. O dono do hotel, Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, 69 anos, tinha demandas no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo. 

Uma das empresas de Filgueiras, Forte Mar Empreendimentos e Participação, tinha 90% do seu capital social em um fundo de investimento da BTG Pactual, maior banco privado de investimentos do país. O ex-presidente do BTG, André Esteves, foi preso na Lava Jato, em 25 de novembro de 2015, sob suspeita de tentar obstruir a operação. Zavascki revogou a prisão preventiva de Esteves, em dezembro, e em abril do ano seguinte liberou o banqueiro. O BTG Pactual pretendia construir para a Petrobras 29 navios-sonda. 

Amigo de Zavascki, Filgueiras estava a bordo do jato, que era seu, juntamente com a massoterapeuta Maira Lidiane Panas Helatczuk, 23 anos, e a mãe dela, a professora Maria Ilda Panas, 55 anos. Maira prestava serviço a Filgueiras, e como a mãe dela tinha ido de Juína/MT para visitá-la em São Paulo, Filgueiras as convidou para o fim de semana em Paraty. 

Não houve sobrevivente. 

– E quem mandou matar Jair Messias Bolsonaro? 

Juiz de Fora/MG, 6 de setembro de 2018. O deputado federal Jair Messias Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL/RJ), participa de um comício em campanha eleitoral para a presidência da República. Como vinha acontecendo nas suas aparições públicas, o capitão reformado do Exército atraía centenas de milhares de apoiadores, pois representava a esperança de que o Brasil, finalmente, se livraria das garras da corrupção, que o exauria, como um gigante minado por microrganismos. Invariavelmente, a multidão acabava por carregá-lo nessas aparições. Em Juiz de Fora, enquanto era carregado, no meio daquele mar de pessoas, Bolsonaro sentiu uma espécie de soco, muito potente, no baixo ventre, e instantânea falta de ar. Porém não fora um soco, mas um golpe de peixeira, que quase o transfixa. Adélio Bispo de Oliveira, o autor do golpe mortal, foi preso em flagrante por agentes da Polícia Federal que acompanhavam Bolsonaro. 

Prevendo uma ocorrência como essa, os agentes já vinham planejando rotas para hospitais a cada encontro do candidato com as multidões, de modo que Bolsonaro foi transportado rapidamente para a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. Ao chegar à sala de cirurgia, Bolsonaro já perdera metade do seu sangue. A facada atingiu a veia mesentérica superior e os intestinos grosso e delgado. No dia seguinte, foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em estado desesperador. Após várias cirurgias, 23 dias depois do atentado, em 29 de setembro, Bolsonaro voltou para casa. 

Junho de 2019. Após dez meses de investigações, a Polícia Federal concluiu seu relatório: Adélio Bispo agiu sozinho. Não houve mandante. No dia 14 daquele mês, o juiz federal Bruno Savino converteu a prisão preventiva de Adélio em internação por tempo indeterminado na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. 

Bolsonaro ganhou as eleições, mas passou quatro anos sendo perseguido, dia e noite, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pela imprensa de balcão de negócios, capitaneada pela TV Globo, pelos comunistas instalados no Congresso Nacional e por generais-melancia. 

E Adélio Bispo? Nasceu em Montes Claros/MG, em 6 de maio de 1978; tinha, portanto, 40 anos, em 2018. Por que eviscerou Bolsonaro? 

– A mando de Deus – foi sua resposta. 

Mas seu perfil, no Facebook, à época, mostrava que Adélio Bispo, que respondia a um processo por lesão corporal, não era religioso, e sim que estava envolvido até o pescoço com política. Chegara, inclusive, a ser filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol), da esquerda radical, entre 2007 e 2014. 

Em 5 de julho de 2018, Adélio esteve no Clube de Tiro 38, em São José, na Grande Florianópolis/PR, xeretando dois filhos de Bolsonaro, que frequentavam o local. Aproveitou, em Florianópolis, para adquirir a peixeira com a qual eliminaria o candidato. O telefone celular de Adélio continha a agenda de Bolsonaro, com fotos dos locais onde ele estaria, em Juiz de Fora, como, por exemplo, o hotel onde almoçaria com empresários, bem como a Câmara Municipal de Juiz de Fora. 

No dia do atentado, segundo testemunhas, Adélio foi se chegando a Bolsonaro, em meio à multidão, como quem pretendia fotografá-lo, até se posicionar para golpeá-lo e puxar a peixeira de volta, mas alguém que acompanhou o ato conseguiu pegar a faca e a entregou a um vendedor de frutas nas proximidades. O vendedor colocou a faca em uma sacola plástica e a entregou à Polícia Federal. A perícia confirmaria que o sangue encontrado na lâmina era mesmo de Bolsonaro. 

Nos minutos seguintes à tentativa de assassinato, quatro advogados, dos mais bem-pagos do país, se apresentaram para defender Adélio Bispo, mas jamais disseram por que, nem quem os estava pagando. 

Desde 1985, o país começa a descarrilar para um precipício. Ao longo de 29 anos, os comunistas se organizaram para tomar o poder, ao qual chegam em 1 de janeiro de 2003, e nele se instalam durante uma década e meia, quando realizariam o maior assalto aos cofres públicos de que se tem notícia na história da humanidade. Em 2018, depois de estudar minuciosamente o país, já imerso em inacreditável corrupção, Bolsonaro se lançou candidato à Presidência da República, contando, basicamente, com a nova tecnologia da comunicação, a internet, especialmente as redes sociais, por meio de um telefone celular, sob o lema: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. 

A principal promessa de campanha de Bolsonaro era não ceder nem um milímetro a fisiologismo de partido. Isso, e a percepção que a população começava a sentir de que o país estava escorregando para o ventre da besta, foram fatores decisivos que levaram à vitória de Bolsonaro. No primeiro turno, em 7 de outubro de 2018, obteve 49.276.990 votos, 46,03% dos votos válidos; no segundo turno, em 28 de outubro, obteve 57.797.847 votos, 55,13% dos votos válidos, contra Fernando Haddad, do PT, um professor universitário mais conhecido como poste de Lula, que, por sua vez, estava preso e impedido de participar das eleições. 

Aí, o jogo ficou realmente bruto. A Lava Jato teve o mesmo destino da operação italiana Mãos Limpas, Mani Pulite, na qual juízes caçaram políticos corruptos inutilmente. O Supremo Tribunal Federal (STF) absolveu Lula e toda a quadrilha que assaltou trilhões de reais da burra, e o reabilitou politicamente. 

O plano estava dando certo.

Compre O OLHO DO TOURO na Amazon e no Clube de Autores

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Bolsonaro assassinado na prisão? Amazon e Clube de Autores publicam O OLHO DO TOURO

O OLHO DO TOURO na amazon.com.br: Bolsonaro será preso?

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 22 DE JANEIRO DE 2025 – Se o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) for preso pela Polícia Federal, a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o líder conservador poderá ser assassinado na prisão – afirmou, em vídeo publicado, hoje, no YouTube, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, advogado, policial federal e deputado federal por São Paulo pelo PL. 

Bolsonaro é acusado por Alexandre de Moraes de liderar um golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, embora não tenham encontrado a mais remota prova disso. Já tiraram os direitos políticos de Bolsonaro, que é mantido em prisão doméstica, pois seu passaporte foi apreendido por Moraes, que não deixou Bolsonaro ir à posse de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos, segunda-feira 20. 

É precisamente essa a trama da trilogia política que começou com O CLUBE DOS ONIPOTENTES, em 2022, e, desde ontem, com O OLHO DO TOURO. O último volume será publicado em 2026. Nos três romances, misturo ficção com o momento político no Brasil e personagens fictícias com pessoas reais, vivas ou mortas. 

Ao investigar tráfico de crianças em Brasília jornalista descobre plano sinistro para impedir, a qualquer custo, que o presidente Jair Messias Bolsonaro seja reconduzido ao cargo, em tentativa permanente de o assassinarem e destruírem seu núcleo familiar. Esse é o argumento de O CLUBE DOS ONIPOTENTES, que é também uma advertência de que o comunismo é um plano diabólico de magos negros que se materializam em um monstro com corpo de 11 urubus e cabeça de hiena com nove tentáculos. 

Para escrever o primeiro volume da trilogia eu me baseei em dois livros de Jorge Bessa, espião brasileiro baseado na Embaixada do Brasil em Moscou durante a Guerra Fria: Grigori Raspútin: As Forças Destrutivas do Mal e Marxismo O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos. 

Quanto ao O OLHO DO TOURO, a trama começa com uma jornalista observando o tríptico Navio Negreiro, de Di Cavalcanti, exposto no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. O olho do touro de Navio Negreiro, ou de Guernica, de Pablo Picasso, remete para o Primeiro Comando da Capital (PCC), que estaria alimentando jacaré-açu na Barra da Tijuca com bolsonaristas, e Jair Messias Bolsonaro integrava o cardápio. 

Se você quer saber dos bastidores da guerra encarniçada que se desenrola entre o Foro de São Paulo e a Direita do Brasil e da Ibero-América adquira imediatamente O CLUBE DOS ONIPOTENTES no Clube de Autores ou na amazon.com.br, e O OLHO DO TOURO também no Clube de Autores, na amazon.com.br ou na amazon.com 

Segue-se trecho de O OLHO DO TOURO: 

ALEX BEBEU o sobejo do saboroso blend preparado por Joy, que misturava café do tipo arábica, bem torrado e moído, ao gourmet do sul de Minas Gerais. O resultado era um expresso com aroma forte, encorpado e aveludado. 

– O trabalho sujo é realizado pelo PCC, que não mata mais em micro-ondas; livra-se das suas vítimas servindo-as vivas a jacarés-açus, que chegam a seis metros de comprimento e pesam uma tonelada. 

– E onde é que eles criam isso? – Alex perguntou. 

– Em algum lugar da Zona Oeste, provavelmente na Barra da Tijuca. Estamos trabalhando nisso. Bolsonaro não será servido a jacaré-açu, pois no caso dele terão que agir com discrição; o plano é prendê-lo, sob uma acusação qualquer, mesmo que seja falsa, para matá-lo envenenado. Você lembra o caso do espião russo fugitivo de Putin, Alexander Valterovich Litvinenko, em 2006, em Londres? Ele agonizou durante três semanas, envenenado com chá contendo polônio-210, em 1 de novembro de 2006, no luxuoso Millennium Hotel, no distrito londrino de Mayfair. A agonia dele começou com dores no estômago. Nos dias seguintes, perdeu todo o cabelo e, em 23 de novembro, aos 43 anos de idade, morreu por falência múltipla de órgãos, no University College Hospital, em Londres. As investigações concluíram que o autor do assassinato de Litvinenko foi o ex-espião russo Andrei Lugovoy, a mando do governo russo. 

Sim, Alex se lembrava. Litvinenko dissera à polícia que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenara pessoalmente sua morte. Litvinenko teria provas de ligações do Kremlin com a máfia russa. Ex-oficial russo naturalizado britânico, especializado no combate ao crime organizado, autor da frase “Estado mafioso”, em novembro de 1998, Litvinenko e vários outros oficiais do Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (SFS), órgão de contraespionagem, contraterrorismo, controle aduaneiro, segurança interna, combate ao crime organizado e espionagem em países estrangeiros, acusaram superiores seus de ordenar o assassinato do oligarca russo Boris Berezovsky. Litvinenko foi preso, mas conseguiu fugir com sua família para Londres, onde recebeu asilo político e começou a trabalhar como jornalista, escritor e consultor do MI6. Escreveu dois livros: Blowing Up Russia: Terror from Within e Lubyanka Criminal Group, nos quais denuncia atos de terrorismo e assassinatos para levar Vladimir Putin ao poder. 

– O establishment está completamente corrompido – disse Alex. 

– A Nova Ordem Mundial, a organização secreta que estaria conspirando para a instalação de um governo mundial totalitário, ainda é somente uma ideia – disse Bond. – Começou na Rússia, em 1917. Atualmente, a Rússia de Putin orquestra esse poder com a China, por meio do Brics. No fim das contas, quem manda, mesmo, é quem desenvolveu a tecnologia mais sofisticada. Aliás, é esse o interesse da China sobre Taiwan. O resto é imaginação literária e de Hollywood, e alienação popular. – Bond fez uma pausa. – Quanto à questão de que tudo, atualmente, é vigiado, isso é a mais pura verdade, pois o planeta está cercado de satélites e em toda parte há câmeras. Além do mais, todo mundo tem telefone celular, sem falar nos documentos pessoais, como certidão de nascimento, carteira de identidade e CPF, e sem falar nas impressões digitais, olhos e rosto. Porém, lembre-se que, hoje, os donos do mundo não são mais os países, mas grupos empresariais. Quanto a nós, temos a Intelligentsia, que já se firmou como uma empresa de tecnologia militar, o que nos proporciona saber de muita coisa. E temos o Terceiro Olho. Até os jumentos sabem que o 8 de janeiro foi uma farsa para enjaular Bolsonaro e família e acabar com eles, lentamente, como fizeram com Litvinenko. Só não sabem do Plano B.