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Capa de JAMBU na edição do Clube de Autores: Amapá mais perto dos mercados dos Estados Unidos, Europa e China, via Canal do Panamá |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 27 DE JANEIRO DE 2025 – No meu romance ensaístico JAMBU há um breve estudo geopolítico do Amapá. Criado com terras desmembradas do Pará, em 13 de setembro de 1943, o Território Federal do Amapá, elevado a estado em 1 de janeiro de 1991, emerge do Platô das Guianas com seus 142.828.521 quilômetros quadrados, limitado a oeste e sul pelo Pará; ao norte pela Guiana Francesa; a noroeste pelo Suriname; a nordeste pelo Oceano Atlântico; e a leste pela foz do Rio Amazonas.
Em tupi, “amapá” significa “o lugar da chuva”, ou “terra que acaba”; em nheengatu, “ilha”; em aruaque, pode se referir a “amapá” (Hancornia amapa), árvore típica da região, pertencente à família das apocináceas.
O amapazeiro produz um fruto roxo, em formato de maçã, comestível, e a seiva do caule, conhecida como leite de amapá, é utilizada na medicina popular como fortificante e no tratamento de doenças respiratórias, anemia e gastrite; é também cicatrizante e fortificante para debilidades em geral. Árvore de até 35 metros de altura, rende madeira branca, utilizada no fabrico de caixotes.
Os primeiros habitantes da região eram índios waiãpi, palikur, maracá-cunani e tucuju, dos troncos linguísticos aruaque e caribe. Vestígios de ocupação pré-colombiana foram registrados nos sítios arqueológicos de cerâmicas maracá-cunani e no Parque Arqueológico do Solstício, no município de Calçoene, e que data de pelo menos 2 mil anos.
Há duas rodovias federais no Amapá: a BR-210 e a BR-156. A BR-210 é, na verdade, um embrião; conhecida como Perimetral Norte, tem pouco mais que 471 quilômetros. Começa em Macapá e vai até Serra do Navio, terminando na divisa com o Pará. Mas a rodovia que realmente tem importância para o estado é a BR-156, que começou a ser pensada em 1932. Até 1945, somente nove quilômetros foram construídos.
Ela começa no município de Laranjal do Jari, vai até a capital do estado, Macapá, e termina no município de Oiapoque, no extremo norte. São 595 quilômetros entre Macapá e Oiapoque, e 369 quilômetros entre Macapá e Laranjal do Jari, totalizando 964 quilômetros. Jamais foi concluída, mas é trafegada, desde sempre.
Nos tempos heroicos, durante os seis meses de estiagem, transformava-se em um poeiral sufocante, e nos seis meses de chuva, em um inferno de lama. Em 2011, foi construída uma ponte binacional sobre o rio Oiapoque, ligando Macapá a Caiena, a capital da Guiana Francesa.
Com 84 mil quilômetros quadrados, a Guiana Francesa é limitada ao norte pelo Oceano Atlântico, a leste e a sul pelo Amapá e a oeste pelo Suriname. Foi colônia francesa até 1947, quando passou a departamento ultramarino francês, com representação no Senado e na Assembleia Nacional da França, e seus cidadãos participam das eleições para presidente da França. Como integrante da União Europeia, a moeda local é o euro. O Centro Espacial de Kourou serve à Agência Espacial Europeia desde 1968. Ou seja, a Guiana Francesa é o principal território da União Europeia na América do Sul.
Vizinho da Guiana Francesa e fazendo fronteira com um pedacinho do Amapá, fica o Suriname, antiga Guiana Holandesa, e que tem como capital Paramaribo. Com pouco menos de 165 mil quilômetros quadrados, é o menor país da América do Sul. Em 25 de novembro de 1975, deixou o Reino dos Países Baixos para se tornar um estado independente.
Limitado a norte pelo oceano Atlântico, a leste pela Guiana Francesa, ao sul pelo Brasil, é vizinha da Guiana, antiga Guiana Inglesa, a oeste, que, por sua vez, se limita com o Brasil ao sul e sudoeste, com a Venezuela a oeste, e com o Oceano Atlântico ao norte. A Guiana, capital Georgetown, conquistou sua independência do Reino Unido em 26 de maio de 1966, constituindo-se o único estado-membro da Commonwealth na América do Sul.
Macapá é cortada pela Linha Imaginária do Equador e banhada pelo Canal do Norte do Rio Amazonas. Enquanto o Equador é só uma linha imaginária, o Rio Amazonas é a substância da cidade. Com descarga hídrica tão gigantesca que reduz a salinidade superficial do mar, pois despeja em média 180 mil metros cúbicos de água por segundo no Atlântico, dos quais 65% via Canal do Norte – 16% da água doce vazada para os oceanos do mundo.
Assim, o rio invade o mar com 8,6 baías de Guanabara e espantosos 3 milhões de toneladas de sedimento a cada 24 horas, ou 1,095 bilhão de toneladas por ano. O resultado disso é que a costa do Amapá continua crescendo.
A boca do Canal do Norte, escancarando-se do arquipélago do Marajó, no Pará, até a costa do Amapá, mede em torno de 240 quilômetros, onde o Amazonas penetra cerca de 320 quilômetros no mar, atingindo o Caribe nas cheias, e, juntamente com outros gigantes do Pará e Amapá, e extensos manguezais, contribui para que a Amazônia Azul setentrional seja a costa mais rica do planeta em todo tipo de criaturas marinhas.
Além de ser naturalmente a porta sul-americana para a Europa, via Guiana Francesa, o Amapá tem um dos mais estratégicos portos brasileiros, o Porto de Santana, na região metropolitana de Macapá. Porém o governo brasileiro, os governadores da Amazônia e a bancada amazônica no Congresso Nacional jamais observaram a importância do Porto de Santana.
Começa que o porto é municipal, quando deveria ser federal. Trata-se de um porto com calado para qualquer tipo de navio e mais próximo dos mercados dos Estados Unidos, Europa e China. No caso da Ásia, os navios cortam caminho pelo Canal do Panamá. Mas levar o que do Amapá? O Porto de Santana pode escoar commodity e produtos industrializados de toda a Amazônia e da Região Centro-Oeste.
Macapá possui também o aeroporto internacional brasileiro simultaneamente mais próximo dos Estados Unidos e da Europa.
A Margem Equatorial é um campo petrolífero de 500 mil quilômetros quadrados, do litoral do Rio Grande do Norte até o Amapá, com cerca de 16 bilhões de barris de petróleo no subsolo. A exploração desse petróleo no Amapá ampliará seu PIB em 10,7 bilhões de reais, (61,2%) e gerará 53.916 postos de trabalho, de acordo com estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Assim, o Amapá continua sendo um território federal, pois ainda está nas mãos do governo federal. Atualmente, o presidente Lula da Silva (PT) vem atolando o país em um merdeiro econômico maior do que a Margem Equatorial, ou da Amazônia, e tudo o que Lula diz seu porta-voz no Senado, um senador conterrâneo de Lula, Randolfe Rodrigues (PT), também de Garanhuns/PE, mas que migrou para Macapá e lá foi eleito senador pelos tucujus, mata a bola no peito e chuta para o gol.
O senador Lucas Barreto, do PSD, de Gilberto Kassab (Centrão/SP), é, dos três senadores pelo Amapá, o que mais entende de geopolítica do estado, e vem defendendo, em Brasília, a imediata exploração do petróleo do Setentrião. Juntamente com Randolfe Rodrigues, o mandato do senador Lucas Barreto (PSD) vai até 2027.
O terceiro senador, Davi Alcolumbre (União Brasil), com mandato até 2031, ex-presidente do Senado, pretende voltar, agora, para a presidência da casa, substituindo o infame Rodrigo Pacheco (PSD/MG). Alcolumbre sentou-se em cima de 35 pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), 17 deles contra Alexandre de Moraes, que dá sustentação ao regime de Lula da Silva.
Rodrigo Pacheco elevou a subserviência do Senado ao Supremo a ponto de praticamente torná-lo em apenas um clube de príncipes com rabo preso. O mesmo se dá na Câmara, com Arthur Lira (PP/AL), que permitiu a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL/RJ) e também se senta em cima de pedidos de impeachment contra Lula.
O que esperar de Davi Alcolumbre se ele voltar à presidência
do Senado? De Lula da Silva não se espera mais nada. Lira deverá sofrer pressão
insuportável para aceitar impeachment contra Lula, acusado de pedalada fiscal.
Politicamente, a impopularidade de Lula é histórica entre todos os presidentes
brasileiros, além de ser visto como um duende diplomático por apoiar ditadores
e terroristas em todo o planeta e ter chamado Donald Trump, presidente dos
Estados Unidos, de fascista.
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