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Feira do Ver-O-Peso, em Belém do Pará: a Amazônia em escala reduzida (Foto: Janaína Arielo/Ascom – Belemtur) |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 15 DE FEVEREIRO DE 2025 – Em evento, quinta-feira 13, em Belém do Pará, o presidente Lula da Silva declarou que para a realização da trigésima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que acontecerá de segunda-feira 10 de novembro a sexta-feira 21 de novembro, em Belém, não vai “enfeitar” a cidade, não tirará moradores de rua das ruas, será “do jeito que for”. E, se não houver hotel suficiente, que as delegações durmam sob as estrelas. Segundo ele, Belém será mostrada como é.
Disso o presidente americano, Donald Trump, está livre. Ele não irá à COP 30, pois os Estados Unidos se retiraram do Acordo de Paris.
Lula escolheu Belém para o evento durante a COP 27, no Cairo. Segundo ele, a COP 30 em Belém permitirá que os participantes tenham uma experiência na floresta tropical e colocará Belém e o Brasil em destaque no cenário internacional.
“Vista de madrugada, a bordo de um jato prestes a pousar no Aeroporto de Val-de-Cães, Belém emerge da baía de Guajará como uma península de luzes, cada vez mais tangível à medida que o avião se aproxima do chão, até tocá-lo, num choque no concreto, amortecido pela borracha maciça dos gigantescos pneus da aeronave. Aparentemente a cidade dorme, mas seu ventre ferve na madrugada, e escorre, cedo, na manhã, espalhando sua podridão no meio-fio das ruas e quedando-se, morto, à medida que o sol surge e os belenenses começam a se mover e a expelir dejetos.
“Almas penadas, andarilhos da madrugada, vendedores ambulantes, mendigos, caminhantes, comerciários, povoam o Ver-O-Peso, o calçadão da Praça da República, o Terminal Rodoviário Hildegardo da Silva Nunes, a Praça do Operário, o Mercado de São Brás, a Praça Batista Campos, a Doca de Souza Franco, todos os pontos preferidos dos exilados na noite, porque, de uma forma ou de outra, esses locais lhes proporcionam luz, segurança e esperança. A periferia se move como piolho no caldeirão da manhã, a caminho do centro da cidade, nas avenidas atulhadas de carros, sob a fumaceira dos ônibus, que empesta o ar.
“Ambulantes vendem de tudo nas suas bicicletas de padeiro, estacionadas em esquinas e calçadões estratégicos. Uma índia velha, obesa, seminua, dorme, bêbeda, sobre um banco decrépito, protegida pelas mangueiras gigantescas que pontilham a Praça da República, e pela indiferença da manhã ao triunfo do sol. O odor mefítico se espalha pela cidade, adocicado, de cavalo morto exposto ao sol e à chuva, anestesiando o olfato. Os dias amanhecem calorentos e, à tarde, chove sempre. É outubro” – assim começa o romance A CONFRARIA CABANAGEM, deste escriba.
Belém tem bairros inteiros dentro de pântanos, trânsito infernal, é arborizada somente nos bairros centrais, seu sistema de esgoto está em colapso e suas ruas estão coalhadas de mendigos. Quem manda no Pará é a família Barbalho, que governa o Estado, a capital, tem ministro e representantes no Congresso Nacional e no Tribunal de Contas, e é dona do maior grupo de comunicação social do Estado.
Violenta como qualquer capital do país, em 2018, Belém foi a capital brasileira com mais assassinatos do país: 77 casos para cada 100 mil habitantes.
Fundada em 12 de janeiro de 1616, Belém já foi conhecida como capital da Amazônia, pela sua posição geográfica estratégica e economia, mas foi ultrapassada por Manaus/AM. Com um milhão e meio de habitantes, já foi chamada, no fausto da borracha, de Paris Tropical, e foi a mais urbanizada cidade brasileira. Mas, hoje, é um fantasma, se comparada ao que foi.
Mesmo assim é uma metrópole com influência em toda a Amazônia Oriental, sobretudo em Macapá/AP, outra cidade importante da região. Também, por sediar órgãos com influência em toda a Amazônia, não perdeu o status de capital do Trópico Úmido.
Abriga dois ícones amazônicos: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a maior festa católica do planeta, e o Ver-O-Peso, a maior feira livre da Ibero-América, uma representação reduzida da Hileia. Quanto ao Estado do Pará, é o mais devastado da Amazônia.
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro vinha estancando os incêndios na Amazônia, valorizando o trabalho das Forças Armadas no Calha Norte e varrendo as ONGs que vinham mamando recursos para a região. Mas Lula, que foi tirado da prisão e posto novamente no comando do país pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tirou o Calha Norte das mãos das Forças Armadas e deu sinal verde novamente para as ONGs. A Amazônia queima. E isso os doutores da COP 30 não vão ver. Pelo contrário, comerão muito camarão pitu, pirarucu, filhote ao molho de castanha-do-pará e outras iguarias que só o Pará tem.
Dos 216 milhões de habitantes do país, 30 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada e 109 milhões não têm acesso a instalações sanitárias domésticas. Levantamento do Instituto Trata Brasil mostrou que, em 2019, mais de 2,3 mil pessoas morreram por não terem acesso à água tratada. O Brasil despeja em a natureza 5.700 piscinas olímpicas de esgoto in natura por dia. Em Belém, Manaus e Macapá, por exemplo, há favelas em cima da merda. Macapá não tem rede de esgoto. A região Norte tem a menor cobertura de esgotamento sanitário do país.
Todos os anos, no Brasil, descartam-se 30 milhões de toneladas de lixo a céu aberto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 15 mil pessoas morram e 350 mil sejam internadas todos os anos no Brasil devido a doenças causadas pela precariedade do saneamento básico.
Com toda essa desgraça Lula escolheu Belém para seu circo. É verdade que o homem vem poluindo tudo, mas qualquer cientista medíocre sabe que mudança climática é natural e cíclica. Aí, a questão não é reunir todos esses doutores para comer camarão pitu, mas que os países se reúnam para amarrar um acordo jurídico-policial para pressionar gente como Lula, que não está nem aí para a Amazônia, ou para saneamento básico; está mais preocupado em fazer turismo com a primeira-dama, Janja, e em bajular ditadores e países terroristas, como o Irã.
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