segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Senador serve desafetos vivos a jacarés-açus na Barra da Tijuca, Rio. Bolsonaro está no cardápio

Donald Trump e Jair Messias Bolsonaro estão no OLHO DO TOURO

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 3 DE FEVEREIRO DE 2025 O OLHO DO TOURO, segundo volume da trilogia que começou com O CLUBE DOS ONIPOTENTES, dá continuidade à saga que mistura ficção com os acontecimentos políticos recentes no Brasil, a luta entre comunistas e conservadores, com o fim de liquidarem o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e sua família. Segue-se capítulo com jacarés-açus em ação, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. 

O SENADOR HENRIQUE DA VINCI sentia-se excitado. Toda vez que se preparava para ver seus quatro jacarés-açus, de até seis metros de comprimento e meia tonelada de peso, devorando alguém, sentia-se bastante excitado. Os monstros despedaçavam a pessoa em segundos e engoliam os pedaços. Uma vez, sentiu prazer triplo. Serviu aos jacarés a mulher, grávida, de um desafeto, com o desgraçado vendo tudo, sentado em uma cadeira, amarrado e amordaçado. 

A coisa acontecia na Lagoinha, isolada por uma comporta, em uma área coberta e cercada. A vítima era solta na beira da lagoa, nua, com a boca costurada, para não gritar, e a comporta, que dava para uma lagoa maior, era aberta. Antes desses “rituais de sacrifício”, como lhes chamavam o senador, os jacarés ficavam sem comer o máximo de tempo possível. 

Quando os monstros se aproximavam da vítima ela procurava escapar, correndo, chapinhando pela borda da lagoa, até que um jacaré conseguia pegá-la por uma das pernas e a puxava para dentro da água. Aí, os demais caíam em cima dela como hienas e iam arrancando os pedaços. Podia acontecer de a vítima romper os pontos na boca e gritar, mas eram gritos curtos e abafados. 

Naquela manhã, serviriam aos répteis um influenciador digital, uma celebridade da Direita brasileira, um sujeito que faria a festa dos quatro dinossauros. Mr. Dilmo Janjo, 2 metros de altura e 200 quilos de peso, fora sequestrado há três dias, os quais passara na companhia do senador Henrique da Vinci, comendo e bebendo do bom e do melhor. Mr. DJ atendera a um chamado telefônico, no apartamento dele, em Copacabana, onde morava sozinho, e embarcou espontaneamente no sedã preto à frente do seu prédio. 

– Bom dia! – disse-lhe Henrique da Vinci. 

– Senador, eu já estou farto dessa prisão de luxo, e estou perdendo milhões de reais. Afinal, o que é que o senhor pretende? Já disse que eu inventei essa história de código-fonte e imagens, para bombar no meu programa no YouTube, essa é a verdade. – DJ respondeu, exasperado. – Nessas alturas a Polícia Federal está toda investigando o meu sumiço. 

– Sim, grande, ela está, mas não encontrou nada. Ninguém sequer sonha que você está aqui, ao meu lado. Hoje, você vai entrevistar quatro nazistas. Só que você não poderá mais abrir a boca! 

– Por quê? 

– Porque sua boca será costurada; você já falou muita merda, de modo que a entrevista será em silêncio. O máximo que conseguirá falar será um gritinho, pois a costura é com linha comum, de modo que com o jorro de adrenalina que você receberá acabará rompendo a costura e gritando um pouquinho. 

– Que porra é essa de boca costurada? 

O senador sacou uma pistola do bolso do roupão, apontou para o peito do influenciador, ele recuou. 

– Que porra é essa – falou de novo. 

O senador disparou. Quando Mr. DJ acordou, pouco depois, estava sentado, amarrado, nu, em uma cadeira de rodas, com a boca costurada. À sua frente, o senador sentara-se confortavelmente em uma poltrona, fumando um Cohiba. 

– Olá, meu amigo. Você esteve dormindo alguns minutos. Hoje, termina sua carreira de influenciador. Você andou falando muito mal da gente. Até aí, tudo bem. O problema é que você descobriu, e ia pôr a boca no trombone, que existe um documento com o passo a passo do verdadeiro resultado das eleições de 2022, para presidente da República, e também cópia das imagens do dia 8 de Janeiro no interior do Ministério da Justiça. Você só não chegou a descobrir com quem estão esse documento e essas imagens, mas sabe que existem e ia pôr a boca no trombone. Nesses três dias, tentei chegar a um acordo com você, numa boa, mas você é irredutível, não se corrompe, de jeito algum. Ora, o mundo é dos corruptos, é do sistema. Assim, você será servido aos meus pets: quatro jacarés-açus, quase duas toneladas reptilianas, famintas. 

O influenciador, que estava suando nas têmporas, se agitou e emitiu um grito abafado. 

– Você está querendo me dizer alguma coisa, não é, meu amigo? Mas é tarde demais; eu cansei de tentar convencê-lo de que o melhor que poderia fazer era passar para o nosso lado. Por mais que a Direita tente, não conseguirá evitar o destino: o Brasil, o planeta, será dominado por uma elite. O mundo será dominado por nós. O povo será escravizado. Ou melhor: continuará escravizado. Já tem muita gente no mundo: 8 bilhões de pessoas. O povo é uma gentalha, ignara; só serve para trabalhar até morrer. De qualquer modo, confessando seus pecados ou não, mesmo que você jurasse que a partir de agora seria um soldado nosso, mesmo que você me entregasse o documento e as imagens, você seria servido aos meus pets. Eles amanheceram rondando a comporta. Sabem que hoje é dia de boia. Sabe por quê? Música. Quando tem boia coloco solos de Jimi Hendrix para eles ouvirem. Eles reconhecem uma música que precede o inferno. 

Deu tapinhas na coxa do influenciador, que já estava inchando, pois teve o ânus e a uretra colados. 

– Conduza nosso convidado aos meus garotos – Henrique da Vinci ordenou a José, seu segurança pessoal, chefe da sua guarda pretoriana, um psicopata fiel como um cachorro e capaz de torturar até bebê. 

O convidado suava cada vez mais. O senador colocou o terceiro movimento da Sonata Número 2 para Piano em Si Bemol Menor, de Frédéric François Chopin, enquanto a cadeira de rodas era conduzida para a Lagoinha. O influenciador foi desamarrado e despejado na borda da lagoa. José saiu e fechou o portão. DJ estava em estado de choque e ficou parado, em pé. O senador foi ao computador e ouviu-se o trecho da trilha sonora, de Bernard Herrmann, da sequência do banheiro do filme Psicose, de Alfred Hitchcock. 

A comporta foi aberta. Satã, o jacaré de meia tonelada, nadou diretamente para DJ, segurou-o pela perna direita e o puxou para o meio da lagoa. Os outros três jacarés vieram a seguir e logo a água foi tingida de vermelho. Quando o senador viu Satã engolindo a cabeça do influenciador soltou uma espécie relincho.

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