O presidente da Academia Amapaense de Letras, Fernando Canto, doa à Biblioteca da Universidade Federal do Amapá um exemplar do romance JAMBU, de Ray Cunha. A Biblioteca Elcy Lacerda, de Macapá, também dispõe de livros de Ray Cunha, sócio correspondente da AAL em Brasília |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 21 DE DEZEMBRO DE 2024 – A identidade da literatura amapaense tem a ver com a história e a geografia do Amapá, que foi desmembrado do estado do Pará, em 13 de setembro de 1943, data que marca o início da migração de escritores paraenses para Macapá, a capital do Amapá, e, portanto, o início da nossa literatura, que começou paraense e, aos poucos, vai se tornando amapaense.
Macapá, em 1943, era uma cidade ribeirinha marcada pelo seu principal cartão de visita: a Fortaleza de São José de Macapá, o maior forte colonial português no Brasil. Localizada no meio do mundo, seccionada pela Linha Imaginária do Equador, debruçada sobre o maior rio do planeta, o Amazonas, na margem esquerda do Canal do Norte, quando o gigante se posiciona para verter 200 mil metros cúbicos de água por segundo no Atlântico, Macapá é cercada pelo Mar Doce e a Hileia.
Nas madrugadas caniculares de Macapá os jasmineiros choram perfume e merengue chega docemente aos ouvidos do coração, misturado a sons de mambo, vindos do Caribe, a Via Láctea parece uma projeção de planetário na noite azul-escuro e o álcool nos deixa mais sentimental ainda. Tudo isso acaba nos influenciando. E quando pegamos a estrada e demoramos a voltar à cidade natal, ela vai se tornando uma lembrança com vida própria.
Cada escritor a vê as cidades que recria com os olhos do coraçã. O importante é que as veja honestamente. Assim, os livros que serão escritos, ensaios ou ficção, serão verdadeiros.
Nós, do Amapá, somos muito jovens para entrar no cânone da literatura brasileira. Não temos sequer cânone amapaense. E, hoje, há o embate entre progressistas e conservadores. A academia, as instituições culturais e a mídia são dominadas pela Esquerda. Assim, resta aos conservadores a internet. Eu, por exemplo, sou ignorado pelo establishment de Macapá, mas sou lido em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos, porque, além do meu blog (raycunha.com.br), tenho livros publicados no Clube de Autores, na amazon.com.br e na amazon.com
Já temos Academia Amapaense de Letras (AAL), romancistas, contistas, cronistas, poetas e, recentemente, foi produzido o primeiro livro sobre literatura amapaense, a tese de doutorado, A Literatura do Amapá (Araraquara/SP, 2022, 534 páginas), do professor de Literatura da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), Francesco Marino, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara/SP.
Na sua tese, Francesco Marino analisa a produção de alguns escritores amapaenses que integram a construção da literatura do Setentrião. Trata-se de um livro indispensável a todos quanto estudam a literatura da Amazônia e, em particular, gostariam de saber mais sobre o estado do Amapá, banhado pelo Rio Amazonas e pelo Oceano Atlântico e detentor da Margem Equatorial, uma das maiores reservas de petróleo do planeta.
No seu trabalho, Francesco Marino destaca um conto, LATITUDE ZERO, e um romance, A CASA AMARELA, meus. Naquele, para contrastar com a visão de Macapá idílica, e este, para exibir Macapá, e o Amapá, em toda a sua nudez.
A Literatura do Amapá pode ser encontrada na internet em PDF, por isso recomendo aos meus pares na
Academia Amapaense de Letras apoio para que o ensaio de Francesco Mariano seja
impresso e distribuído às bibliotecas públicas do Amapá e das faculdades de
Letras em todo o Brasil.
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